Sylvia Plath
Num texto para o The
New York Times, publicado no último dia 8 de fevereiro, Adam Kirsch comenta
que é difícil acreditar que, se Sylvia Plath não tivesse tirado sua própria
vida em 1963, com 30 anos de idade, possivelmente ela ainda estaria viva hoje. No
mesmo instante, ele se pergunta como poderia Plath viver até ter cabelos
grisalhos. O suicídio não foi algo que simplesmente aconteceu por acontecer. Em
sua obra, a autora de Ariel nos faz
ver o tempo todo a sua morte como um destino planejado e um ponto culminante da
existência: “Morrer é uma arte, como
qualquer outra coisa/ e eu sei fazer excepcionalmente bem,/ tão bem, que parece um inferno,/ tão bem, que parece de verdade./Suponho que caberia falar de vocação.”
Num livro ainda
sem tradução no Brasil, American Isis,
mais uma das muitas biografias sobre a poeta estadunidense, e livro mal-quisto
entre os da crítica estadunidense, os autores Rollyson e Wilson buscam qual o
início do processo de mitificação de Plath. É bem verdade que o mito da artista
suicida tenha servido a ela como contribuição para o reconhecimento da sua
obra; e essa observação, evidentemente, não poderá ser vista como uma redução.
A crítica, entretanto, já definiu muito bem que a importância de Plath para a
poesia inglesa reside na qualidade técnica e no poder cognitivo e emocional de
sua poesia. Talvez porque Plath, enquanto poeta, deu à palavra uma dimensão que
se confunde com a existência e isso é, além da técnica, algo que ultrapassa o
poder da poesia e se liga diretamente aos afetos entre o material verbal e o
material espiritual.
Plath nasceu e passou a sua infância em Massachusetts; foi
criada, a bem dizer, pela mãe, já que seu pai, morreu quando ainda Plath tinha
oito anos de idade, depois de complicações numa cirurgia para amputação de uma
das pernas. Seu pai tinha diabetes. Foi aluna exemplar no Smith College: no
terceiro ano foi convidada a trabalhar como editora na revista Mademoiselle e chegou a morar por um mês
em Nova Iorque, experiência que não rendeu as suas expectativas. É depois dessa
estadia na revista que Plath simula sua primeira tentativa de suicídio com uma
overdose de narcóticos. Já então havia escrito seu último romance, A redoma de vidro, com fortes incursões pelos
acontecimentos decorrentes de sua ida a Nova Iorque. Depois, disso esteve
internada para tratamento psiquiátrico.
Sylvia Plath , Ted Hughes e o primeiro filho do casal, Frieda. |
Já a poesia fazia parte de sua vida desde os oito anos de
idade quando Sylvia publicou seu primeiro poema na sessão infantil do Boston Herald; nos tempos de faculdade
escrevia ocasionalmente para o Varsity,
um jornaleco organizado por estudantes e foi no meio literário, num lançamento
da revisa St. Botolph em Cambridge,
que conheceu o poeta Ted Hughes, com casou-se no mesmo ano, apenas quatro meses
depois de ter se apaixonado à primeira vista. Hughes também terá sido um dos
elementos para explosão da sua escrita, foi ao seu lado que ela produziu sua
obra-prima em poesia, Ariel. Depois
disso, sua segunda tentativa de suicídio; agora bem sucedida – com gás, em seu
apartamento em Londres.
Criada num ambiente de repressões à mulher e depois imersa
noutra ambiente de extremo puritanismo, como é o ambiente inglês, Plath, mulher
à frente da hipocrisia social e impossível de não ceder aos apelos do corpo
separou-se de Ted numa situação que tanto anos depois ainda tem dado o que
falar entre os da fofoca literária: os seguidores de Plath fizeram questão de
reforçar esse entendimento de mulher pulsante, mas solitária e traída por Ted –
é pública a história entre Ted e Assia Wevill; os seguidores do poeta inglês,
vão pela via oposta e Plath, sim, era impulsiva. Lances à parte, o fato é que,
é nesse conturbado período, e já depois de frequentar cursos de aperfeiçoamento
da escrita poética com nomes como Robert Lowell, Plath escreve seus mais
significativos trabalhos.
Deixou dois filhos, um dos quais, Nicholas Hughes, também
cometeu suicídio em março de 2009. Deixou também, além do romance A redoma de vidro e dos livros de
poesia, deixou contos e vários diários que escrevia desde os 11 anos até seu
suicídio em 1963.
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