A arte de fazer livros pela Arte & Letra
Por Pedro Fernandes
A chegada dos leitores digitais
para e-books e antes disso toda a febre tecnológica em torno dos tablets e
ainda antes a moda dos notebooks, tudo do lado eletrônico, aliás, sempre veio
precedida de outra febre, a causada pelo medo de que todo o aparato tecnológico
pudesse abocanhar o livro de papel e promover, de uma vez por todas o fim do
livro. Até a já desacreditada revista Veja
chegou a insinuar coisas do tipo com matéria de capa alardeando substituições de
modos de leitura da noite para o dia. Tudo alarde mesmo.
Naqueles países em que os e-readers e companhia se estabeleceram bem antes de nós, o livro de papel ainda vive muito bem e em alguns casos tem mesmo é se sofisticado, a ponto de, como vinil, se tornar produto de um trabalho da artesania artística. No Brasil, conforme este blog acompanha reiteradas vezes, já a Cosac Naify, há anos investe nos chamados livros-arte que extrapolam o conceito moderno de leitura aliando-se com a produção de um sentido de bem-estar visual e de apresentação na estante. Para muitos, isso poderá parecer besteira de consumista, que o importante mesmo é ler, seja de que forma for, mas é muito claro que, investir numa sofisticação do livro é, antes de tudo, renascer a cultura dos afetos pelo bem material de papel. Pelo objeto livro.
Naqueles países em que os e-readers e companhia se estabeleceram bem antes de nós, o livro de papel ainda vive muito bem e em alguns casos tem mesmo é se sofisticado, a ponto de, como vinil, se tornar produto de um trabalho da artesania artística. No Brasil, conforme este blog acompanha reiteradas vezes, já a Cosac Naify, há anos investe nos chamados livros-arte que extrapolam o conceito moderno de leitura aliando-se com a produção de um sentido de bem-estar visual e de apresentação na estante. Para muitos, isso poderá parecer besteira de consumista, que o importante mesmo é ler, seja de que forma for, mas é muito claro que, investir numa sofisticação do livro é, antes de tudo, renascer a cultura dos afetos pelo bem material de papel. Pelo objeto livro.
Pois bem, já desde janeiro,
a esse grupo de trabalhadores pelo livro-arte, juntou-se, de Curitiba (PR) – a cidade brasileira mais literária, ao que parece, porque são tantas as iniciativas vindas daquela parte do país que se pode falar
com toda propriedade que um novo eixo está há bom tempo em vigor que não o já
antigo eixo Rio de Janeiro-São Paulo – a Arte & Letra.
Começou com o lançamento de uma coleção de
livros feitos artesanalmente. Isso mesmo: qualidade levada a um coeficiente que
no Brasil se não é novidade, é coisa rara. E raridade das boas. Os
livros são trabalhados manualmente, impressos em tipografia, costurados à mão,
capas e desenhos à base de xilogravura. Como antigamente. E a coleção está um primor! Reúne textos clássicos: Um coração singelo de Gustave Flaubert, Assassinatos na Rue Morgue de Edgar
Allan Poe, e Luzes, de Anton Tchekhov.
Os livros têm tiragem numerada e limitada
– 200 exemplares de cada título. Montado página por página com linotipos também
em xilogravura. As ilustrações dos três textos da coleção são de Frederico
Tizzot, Santidio Pereira e Mariana Leme. Depois, um encadernador vai realizando
livro por livro a montagem dos exemplares. Um trabalho braçal e tanto, quando pensamos na digitalização e informatização de todo esse serviço.
Para o editor e ilustrador Frederico
Tizzot, a nova coleção reflete a proposta da editora, fundada em 2004:
“Queremos lançar não apenas bons livros, mas livros bem-feitos. Esta coleção
busca resgatar um processo de feitura do livro que se perdeu hoje em dia.
Levaremos ao leitor obras de três autores importantes indo um pouco além, com
um livro especial e exclusivo”.
Já em 2010, a Arte & Letra
lançou outra coleção que trazia títulos de Liev Tolstói, Robert Louis Stevenson, Émile Zola, Júlio Verne e Charles Dickens num design diferenciado.
Batizada de Coleção Em Conserva os livros vinham acondicionados em latas
exclusivas. Experiência material única para uma editora que tem só nove anos de presença mercado.
Ao menos, estão fazendo valer o objetivo de quando da sua criação, publicar
livros de qualidade que não encontravam espaço no nosso reduzido mercadinho. E tem
dado certo. Além dos autores clássicos já citados, estão em catálogo nomes como
Miguel de Cervantes, e escritores da cena
contemporânea brasileira e argentina como Carlos Machado e César Aira.
Outra novidade da editora
curitibana é uma revista de contos que leva também o nome de Arte e Letra - Estórias. De tiragem
trimestral já desde 2008, publicou textos de J. M. Coetzee, Paul Auster, Moacyr
Scliar, Ricardo Lísias e Antônio Xerxenesky, entre vários outros.
Em 2013, a Arte & Letra já programa
trazer a Coleção Osório com autores de Curitiba – Luiz Felipe Leprevost, Thiago
Tizzot e Irinêo B. Netto – que escrevem histórias ambientadas na capital
paranaense. Na lista, uma novela policial da escritora Teresa Urban, a reedição
da obra de Manoel Carlos Karam e novas edições da revista Arte e Letra – Estórias.
A seguir, um vídeo produzido pela Arte & Letra que apresenta a nova coleção e os interesses da editora com esse retorno bem-vindo de volta ao tempo dos livros-arte.
A seguir, um vídeo produzido pela Arte & Letra que apresenta a nova coleção e os interesses da editora com esse retorno bem-vindo de volta ao tempo dos livros-arte.
Comentários