40 anos depois, corpo de Pablo Neruda será exumado
A notícia corre a web
desde a última sexta-feira, 08 de fevereiro, como notifica o jornal espanhol El País: o corpo do poeta chileno Pablo
Neruda, morto em 23 de setembro de 1973, doze dias depois do golpe de estado de
Augusto Pinochet, será exumado nas próximas semanas, segundo determinação do
juiz Mario Carroza que em 2011 abriu uma investigação judicial para esclarecer
as circunstâncias da morte do poeta Prêmio Nobel de Literatura. Suspeita-se que Neruda, a modo de outros escritores como Albert Camus (comentamos aqui) e Federico García Lorca, tenha sido assassinado.
Segundo nota do El
País, a notícia apareceu pela primeira vez por El Mostrador, um periódico eletrônico e logo confirmada horas
depois pela Fundação Pablo Neruda através de comunicado: “A Fundação teve
expressado em todo momento sua vontade de colaborar com a investigação que leva
o ministro Carroza e confia plenamente no que a perícia levará a cabo com o
maior respeito e cuidado possível. Espera, desse modo, que o exame tanatológico
contribua para esclarecer as dúvidas que puderem existir a respeito da morte do
poeta.”
A história oficial indicou durante quase quatro décadas que
o intelectual comunista havia morrido de câncer de próstata, poucos dias depois
da queda do presidente Salvador Allende. Em maio de 2011, contudo, a revista
mexicana Processo entrevistou Manuel
Araya Osorio, motorista pessoal do poeta durante seus últimos meses de vida,
que denunciou suspeitar do assassinato de Neruda pela ditadura militar de Pinochet.
“Depois de 11 de setembro, o poeta ia exilar-se no México
com sua esposa Matilde. O plano era derrotar o tirano do estrangeiro em menos
de três meses. Ele iria pedir ajuda ao mundo para derrubar Pinochet. Mas antes
de tomar o avião, aproveitando que estava internado numa clínica, lhe deram uma
injeção letal no estômago”, disse Araya em dezembro de 2011 ao mesmo El País.
O Partido Comunista apresentou um pedido para esclarecer as
causas da morte de Neruda, a justiça acolheu e Carroza abriu as investigações.
Depois de vinte meses de interrogatórios e perícias, o juiz decidiu em janeiro
emitir uma ordem de exumação dos restos mortais que se encontra enterrado em
Isla Negra, onde tinha uma de suas residências.
A exumação será realizada em abril deste ano sob cuidados do
Serviço Médico Legal do Chile. Os peritos já são especialistas na identificação
de vítimas da ditadura e têm sido peças-chaves no esclarecimento de causas dos Direitos Humanos. Em maio de 2011, por exemplo, a mesma equipe exumou os
restos mortais do presidente Allende, com a colaboração do especialista
espanhol Francisco Etxeberría. A equipe era também liderada pelo juiz Carroza e a investigação finalmente apurou que Allende havia se suicidado em La Moneda.
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