As flores do mal online
Charles Baudelaire. Nadar, 1855. |
Como bem quis boa parte da crítica conceituada, As flores do mal, de Charles Baudelaire,
é considerada a obra-prima do poeta francês que possui pelo menos duas principais
versões: a primeira, de 1857, continha uma centena de poemas escritos entre
1840 e 1850; a segunda, de 1861, foi acrescida de 35 poemas, isto é, a sessão integral
de “Tableaux parisiens”, entretanto, os seis poemas censurados desde a primeira
edição ainda não foram aqui incluídos. Somente em 1866, quando já vivia em
Bruxelas, que Baudelaire e sua editora decidiram publicar uma pequena coleção que
incluiria esses seis poemas.
Em 1868, um ano depois da morte do poeta francês, dois de
seus amigos resolveram fazer uma reedição do clássico livro, versão que os
estudiosos de sua obra sempre ignoraram porque os amigos teriam feito algumas mudanças
no corpo da obra e por isso consideram até a edição de 1861 que teve supervisão
do próprio Baudelaire nas mudanças operacionalizadas na obra.
O fato é que desde 2004, um grupo intitulado Supervert tem
se dedicado a compilar para a web
todo As flores do mal nas três edições
mais o opúsculo com 26 fragmentos e os 6 poemas censurados da primeira edição e
não incluídos na segunda. Os poemas estão editados em francês e como se trata
de um projeto itinerante, os organizadores recebem de tradutores ou editores de
quaisquer partes do mundo, para versões do livro de Baudelaire. Não é garantia de que
as versões apresentadas sejam publicadas porque por critérios próprios os
organizadores têm o direito de recusar qualquer submissão sem explicação.
O trabalho de compilação do livro é, sim, uma tarefa considerável,
mesmo que antes, já o site Poésie
Française houvesse feito uma compilação da obra. Se nem mesmo o próprio
Baudelaire parece ter chegado a uma forma de seu livro, conseguir preservar as
nuances arquitetadas pelo próprio poeta, coisa que o site anterior não fez, é
de grande valia para os pesquisadores e/ou leitores que, por exemplo, não têm
acesso à sua obra integral ou necessitam de uma explicação mais acurada do
contexto de produção de Baudelaire.
Muito antes de ter publicado As flores do mal, em 1857, Baudelaire já havia escrito poemas para
jornais e outros nunca passaram de manuscritos que, segundo relato dos que estiveram
mais próximos do autor, chegaram a ser recitados em voz alta por ele próprio. Antes
da coleção de 1857, o poeta chegou anunciar, por várias vezes que iria editar
uma antologia de seus escritos e chegou a lhe atribuir títulos como Les Lesbiennes ou Les Limbes. O título definitivo só veio em 1855, quando Flores do mal foi sugerido por seu amigo
Hippolyte Babou; dois anos depois, o livro ganhou forma graças também a intervenção
de um amigo e editor, Auguste Poulet-Malassis.
Em junho do mesmo ano o livro foi para as livrarias de Paris
numa tiragem de 1100 exemplares mais 20 cópias hors commerce. Tão logo, o governo francês moveu uma ação contra o
poeta e a editora, acusando o livro de atentado à moralidade pública. Somente
em agosto o Tribunal reconheceu o valor literário do livro, mas para circulação
comercial, seis peças haveriam de ser excluídas. Mesmo com a perseguição do
governo e talvez justamente por isso, As
flores do mal teve todos os exemplares vendidos em um ano. Enquanto a obra
circulava, Baudelaire ainda produziu outras obras, como Le cygne e Le Voyage,
consideradas pela crítica também como obras-primas.
A segunda edição chegou às livrarias de Paris na primeira
semana de fevereiro de 1861, como 400 exemplares a mais que a primeira. Considerada
pelo próprio poeta como definitiva, a obra não veio com os seis poemas
censurados pelo governo, mas continha uma nova subdivisão com 35 novos poemas e
um novo retrato do autor feito por Felix Bracquemond.
No site agora publicado, além de rever essas novidades e
acompanhar a obra de Baudelaire é possível ainda ouvir leitores recitando
poemas do poeta em francês.
No Brasil, destacam-se o nome de dois tradutores de As flores do mal: um, é o do poeta
Guilherme de Almeida que verteu 21 dos poemas reunidos numa antologia
intitulada Flores das flores do mal;
o outro é do também poeta Ivan Junqueira que traduziu a obra completa para uma edição
bilíngue de 1985.
Para acessar As flores do mal vá aqui. A seguir preparamos um catálogo com alguns poemas do poeta em formato bilíngue (francês-português) com tradução dos dois poetas brasileiros. No catálogo também desenhos de Edouard Manet e Felix Bracquemond.
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