Sombras da noite, de Tim Burton
Por Pedro Fernandes O filme valerá por duas razões que enumero logo no princípio deste texto: 1. Tim Burton continua insubstituível em fazer do cinema a arte da paródia; 2. Johnny Depp continua insuperável na sua capacidade de travestir-se nas personagens que lhes designam ser. Sombras da noite judia de várias coisas, mas duas hão de chamar logo a atenção do espectador. Uma, o anacronismo temporal. Somos situados numa espécie de prólogo narrado em primeira pessoa a fim de que entendamos a rixa secular e semieterna entre o vampiro Barnabas e a bruxa má de porcelana Angelique (Percebem o trocadilho? Anjo / bruxa). Aqui, é o início da própria nação estadunidense construída pela tradição inglesa lá pelos idos 1700. Antes de ser Barnabas, era ele um moço rico, filho de uma tradicional família que se mudara para o novo mundo e fizera fortuna com a pesca. Angelique, a empregada na mansão que nutre uma paixão maior que tudo por ele, que vê nela somente aquilo que é, uma bela