Os 60 anos de 10 dias de uma viagem que deu novos rumos à Literatura Brasileira (Parte 2)
Por Pedro Fernandes Ouvir as histórias dos dois vaqueiros, Manuelzão e Zito, é ouvir a toada da própria narrativa de Guimarães Rosa. Entendam aí a razão que alguns trabalhos oriundos de outros têm a importância que têm. Em termos de ritmo narrativo, sabemos todos que, cada escritor compõe o seu e, às vezes basta ouvi-lo ou ouvir um intérprete para darmos conta disso. O próprio Saramago conta nos seus Cadernos de Lanzarote da experiência que teve quando veio ao Brasil e foi convidado a assistir junto a um pequeno público num restrito espaço teatral uma adaptação para o seu O conto da ilha desconhecida . O conto com a interpretação de um texto que, segundo o escritor, jamais havia sido pensado para o teatro, levou-o a conclusão de que a sua narrativa encarnava o poder da oralidade com tamanha particularidade que reconheceu que sua escrita para ser melhor compreendida havia que ser lida em voz alta. Não que o escritor já não acreditasse nisso, mas contato com a expressão oral do