Ray Bradbury: um lugar entre outros mundos
Por Jacinto Antón Luto em Marte e em nossos corações. A morte de Ray Bradbury, na terça-feira (5) à noite, aos 91 anos, o mestre da ficção mais lírica, deixa órfãos eles, os marcianos de olhos amarelos em seus crepusculares canais de sonhos, mas também a todos os que aqui embaixo, seus filhos leitores, temos viajado com ele em astronaves às estrelas e bebido o licor de verão das infâncias perdidas sob os alpendres da mítica Green Town, Illinois. Bradbury, que dispõe já de uma cratera com seu nome em Marte e que pediu que suas cinzas sejam espalhadas no planeta vermelho, será lembrado por muitas coisas, pelas Crônicas marcianas , essa excepcional coleção de contos sobre a colonização do planeta Marte que mudou para sempre o gênero fantástico e entusiasmou nomes como o de Jorge Luis Borges; O vinho da alegria e O campanário das trevas , dois dos romances mais comovedores escritos sobre o delicado momento em que as crianças descobrem a existência do tempo, da morte e da res