Os cus de Judas, de António Lobo Antunes
Por Pedro Fernandes Há livros que oferecem uma resistência natural antes mesmo de começarmos sua leitura. Em torno dessas resistências as questões são variadas. Quando se trata de um livro que marca o fim do trajeto literário de um escritor, por exemplo. Digo isso pensando no recém-lançado Claraboia , de José Saramago, que comecei e ainda não fui ao fim como se estivesse poupando-me daquele sentimento que me invade toda vez que entro numa livraria: a finitude porque sei que o escritor não está mais a escrever nenhum livro que noutras ocasiões me fazia ir a livraria para ficar cá à cata dos dias acompanhando a chegada da novidade, como quem que amamos, de longe, escreve cartas, para nos dar contas do que se passa por algures. Outro modo de resistência é o próprio texto quem nos oferece. Não quero citar pela milésima vez os livros que me obrigaram a vários recomeços até que eu estivesse totalmente certificado de que eu havia conseguido captar seu leitor. Sim, grandes liv