Rubem Fonseca, meus desencantos
Por Pedro Fernandes A primeira vez que li alguma coisa de Rubem Fonseca foi ainda na Graduação em Letras. Era o livro de contos Secreções, excreções e desatinos . Nada conseguiu me seduzir. A linguagem propositalmente coloca à serviço do escritor para o seu deleite com o que se torna fatalmente inverossímil. Uma radicalização, assim, na sua máxima potência. Disseram-se, já não vez, que essa minha porta foi a pior de se entrar na literatura do escritor mineiro. Talvez seja verdade. Não fui eu quem disse. Mas, talvez não. Sou humilde para pensar que, em matéria de arte, tudo se resume a certa imaturidade do leitor. Embora resida, ao que parece, no adolescente a força do encanto pelo que Rubem Fonseca escreve. Outra verdade é que entrar por um mau livro na vida literária de qualquer que seja o escritor pode ser uma faca de dois gumes: ou nos intrigamos e procuramos ver se outras ruindades literárias formam sua prática ou, no sentido oposto da intriga, abandonamos de vez porque de