A casa de Molière
Por Mario Vargas Llosa No final dos anos cinquenta, quando fui morar em Paris, embora fosse alguém paupérrimo, podia me dar ao luxo supremo de um bom teatro pelo menos uma vez por semana. A Comédie Française tinha as matinês escolares, não lembro se nas terças ou nas quintas, e nessas se representava as obras clássicas de seu repertório. As sessões ficavam repletas de crianças com seus professores e as entradas que sobravam eram vendidas ao público muito baratas, eram para o extremo do palco – de um lugar a partir do qual só se avistavam as cabeças dos atores – custavam apenas 100 francos (poucos centavos de um euro de hoje). As encenações podiam ser tradicionais e convencionais, mas era um grande prazer escutar o cadencioso francês de Corneille, Racie e Molière (sobretudo o deste último), e, também, muito divertido, nos intervalos, escutar os comentários e discussões dos estudantes sobre as obras que estavam vendo. Desde então me acostumei a ver regularmente a Comédi