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Mostrando postagens de fevereiro 13, 2012

A casa de Molière

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Por Mario Vargas Llosa No final dos anos cinquenta, quando fui morar em Paris, embora fosse alguém paupérrimo, podia me dar ao luxo supremo de um bom teatro pelo menos uma vez por semana. A Comédie Française tinha as matinês escolares, não lembro se nas terças ou nas quintas, e nessas se representava as obras clássicas de seu repertório. As sessões ficavam repletas de crianças com seus professores e as entradas que sobravam eram vendidas ao público muito baratas, eram para o extremo do palco – de um lugar a partir do qual só se avistavam as cabeças dos atores – custavam apenas 100 francos (poucos centavos de um euro de hoje). As encenações podiam ser tradicionais e convencionais, mas era um grande prazer escutar o cadencioso francês de Corneille, Racie e Molière (sobretudo o deste último), e, também, muito divertido, nos intervalos, escutar os comentários e discussões dos estudantes sobre as obras que estavam vendo. Desde então me acostumei a ver regularmente a Comédi

carnaval

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Há uma linha tênue que separa as artes plásticas da poesia. E, em alguns casos, não poucos, uma se interpenetra na outra sendo impossível de, a olho nu, o leitor precisar o instante de princípio daquela e o instante de fim desta. Com esse propósito foi que convidei, ano passado, uma equipe de artistas a compor materiais a partir da obra literária de José Saramago a serem publicados numa edição especial lançada naquele ano sob o título de Variações de um mesmo tom: diálogos em torno da poesia de José Saramago (Selo Letras in.verso e re.verso). No rol dos convidados, uma artista plástica de Minas Gerais que coordena um já respaldado projeto de leitura por através da pintura de aspectos poéticos de obras diversas de poetas contemporâneos: Iara Abreu. A artista não só contribuiu com a edição em questão como colocou-me a par de outros artistas que igualmente contribuíram uns com material. Tenho, logo, um apreço com esses diálogos. Acho frutíferos. E a fim de mantê-los ininterruptamente,