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Mostrando postagens de dezembro, 2012

Os 10+ de 2012

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Por Pedro Fernandes Agora vem, em definitivo o final de ano. Um ano bastante intenso para eu que coordeno além deste blog e suas ramificações (Twitter, Facebook, Google+ e Tumblr), um periódico (o caderno-revista 7faces ), o projeto Um caderno para Saramago e ainda tenho de prestar contas no andamento de um doutorado em Literatura Comparada com todas as implicâncias que a carreira acadêmica suscita, as publicações em revistas, os congressos etc. e etc. Além de tudo, foi este um ano decisivo para a publicação de meu livro, que vinha sob os auspícios de releituras, de cortes, de acréscimos, num estica-encolhe de pelo menos um ano depois da data em que o finalizei, março de 2011. Depois disso, o corre-corre pelos lançamentos, pela divulgação, para as entrevistas etc. e etc. Como se dá conta de tudo isto? Simples: posição de militar (nem sempre, é verdade, mas na maioria das vezes). Mas, foi este um ano perfeito. Afora as leituras acadêmicas e todas essas responsabilidades listadas,

Cinco notas sobre Fado alexandrino, de António Lobo Antunes

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Por Pedro Fernandes Uma coisa é certa: essas notas aqui dispostas sobre este romance de António Lobo Antunes são falhas. Elas não conseguirão dizer, no total, o que é este livro; elas não conseguirão fazer entendê-lo. A razão disso é simples, há que lê-lo para ter essa totalidade; há que relê-lo para se fazer entender. E as notas são recolhas para uma primeira impressão sobre o romance. 1. Este é na linha horizontal da obra do escritor português o seu quinto romance; vem depois da trilogia Memória de elefante , Os cusde Judas e Conhecimento do inferno e de A explicação dos pássaros . Se sobre o último romance arrisquei-me dizer que estava diante de novo lugar temático na literatura de Lobo Antunes, reafirmo esta visão, agora ainda mais acesa, diante do quinto romance. Estamos aqui situados no tempo imperfeito – não no sentido do modo verbal e sim na já característica superposição dos tempos que nos romances antunianos compõe uma amálgama de acontecimentos reinventando um es

Cosmópolis, de David Cronenberg

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Por Pedro Fernandes O mundo numa limusine. Em Cosmópolis  o carro é a figura de uma ilha itinerante que se confunde com a própria personagem vivida por Robert Pattinson (foto). Há vários critérios para enquadrar um filme ou livro na sessão Cult. O melhor deles, e vou listar aqui um que certamente não está entre os da ficha da crítica especializada, não com esta definição, parece ser o soco mental. São as produções que desafiam o telespectador ou o leitor, as que o levam a pensar, as que melhor se enquadram nesse critério. Cosmópolis está entre esses títulos. Faço um curto parêntesis para tocar no título A árvore da vida , filme de 2011, que assisti uma vez em casa aos trancos e barrancos entre o estágio de sonolência e o televisor e ficou para uma revisitação que até hoje não fiz. Não é que para ser Cult tenha de ser maçante. Mas é para apenas recortar o estágio comum que pude verificar entre uma plateia inquieta e desprevenida para o filme David Cronenberg: no início d

Uma nova face de Alexandre Dumas

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Dumas, já todos sabemos, está entre clássicos como Dante, Cervantes, Shakespeare, Balzac. Destaca-se entre os citados como um dos pilares do gênero romance de aventuras. Produziu vários artigos para revistas e peças de teatro. O que terá lhe dado a celebridade, pelo que já enunciamos, não foi portanto, essas publicações, mas grandes trabalhos com Os três mosqueteiros , já adaptado ao cinema inúmeras vezes, O conde de Monte Cristo , também já encenado nas grandes telas, O quebra-nozes , que mais tarde foi adaptado para o balé por Tchaikovsky, entre outros. Mestre do folhetim – teve sorte de seu trabalho profissional se situar justamente no tempo áureo do gênero – Dumas, assim como Balzac, foi sempre um dos mais requisitados autores. Foi um escritor de vida intensa, mas não é sobre a sua vida que iremos tratar neste texto. O motivo é para falar de uma face, diríamos, até desconhecida de leitores assíduos da obra do francês. É certo que um escritor de folhetins, assim tão requis

Oscar Wilde em 20 frases

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Oscar Wilde está entre os escritores mais (bem ou mal) citados na web . Os aforismos do escritor inglês ganham cada vez mais força e forma diversa. Mas, será que o que aí circula é mesmo do escritor? Há sempre os que escrevem e atribuem a um nome famoso, há ainda quem pegue a frase de outro escritor e diga que é Wilde, ou de uma obra literária fazendo sua a expressão de um personagem.  O nem sempre fácil na era da pressa é ler e sempre consultar a literatura do escritor, porque se existe uma coisa antiética no universo da literatura, é que dizer que um escritor não disse. Talvez pensando nisso, tenham surgido obras em que os recortes são o conteúdo. Aqui está um exemplo: recolhemos algumas frases do autor de O retrato de Dorian Gray que estão reunidas num livreto recém-publicado pela Editora Sextante chamado  Oscar Wilde para inquietos .     * Às vezes, podemos passar anos sem viver em absoluto, e de repente toda a nossa vida se concentra num só instante. Viver é a co

A vela de cera - inédito de Hans Christian Andersen

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O manuscrito descoberto depois de dois meses de estudo é mesmo de Hans Christian Andersen. O texto agora é o primeiro escrito do autor. Deve ter sido produzido quando ele tinha ainda 18 anos. No passado dia 16 de dezembro de 12 divulgamos na fan page do Letras no Facebook da possível descoberta de um inédito de Hans Christian Andersen. Então, ontem, 23/12, em matéria no caderno Ilustrada do jornal Folha de São Paulo , a confirmação: é sim um inédito do autor. A descoberta foi feita pelo historiador dinamarquês Esben Brage, um dos mais importantes especialistas na obra de Andersen, quando fazia uma pesquisa no arquivo público de Funen, em Odense, Dinamarca, terra natal do escritor. Depois de 15kg de papéis dos arquivos da família Plum, no fundo de uma caixa, um documento amarelado; dois meses de estudos depois, os especialistas deram a confirmação. O texto passa a ser agora o primeiro conto do autor de tantas histórias famosas que fizeram a infância de muita gente,

Dos melhores de 2012

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As listas são símbolos do fim de ano. Há quem passe muito bem sem elas, e é caso nosso; mas, há os que não, seja porque a memória anda curta para enfileirar fatos, seja porque as próprias listas são inúmeras – a das benfeitoras, a dos erros, a das metas cumpridas, a das que ficaram por cumprir, a dos melhores momentos no trabalho, nos estudos, na diversão, os livros melhores do ano, os filmes de igual designação, os piores livros e filmes, e assim como a das boas músicas, a também das piores e, bem, haja lista.  Como se toda essa contabilidade fosse insuficiente vêm ainda as listas para lembrancinhas, para os presentes, os pessoais e os dos mais achegados, dos amigos secretos, um em casa, um no trabalho, outro não sei onde. É por esta razão última que aqui estamos, em pleno sábado, já atrasados como sempre, afinal, também nessa época do ano é costume tanto quanto o das listas deixar as coisas para próximo do fim.  Não é para marcar o que foi de melhor em 2012, mas par

Alexandre O’Neill

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Há muitos poetas portugueses que precisam ser descobertos no Brasil. Como há muitos poetas brasileiros, certamente, que também precisam ser descobertos em Portugal. Não é o fato de interdependência literária; é o fato de intercâmbio literário. Porque, e disso muitos sabem, já apartamo-nos de determinados moldes europeus, inclusive o molde português, há algum tempo e temos um rico sistema literário, principalmente quando nos referimos à poesia. Mas, somos leitores de uma mesma língua e é inútil ampliar certo  apartheid  que parece vigorar entre os dois lados do Atlântico desde há algum tempo.    No passado 19 de dezembro, na página do Letras no Facebook, lembramos do aniversário de Alexandre O’Neill, nascido em 1924. Foi quando, pesquisando sobre sua biobibliografia, encontramo-nos com um poeta com vida integralmente dedicada ao fazer literário, ultrapassando, por todos os ângulos dos limites o gênero no qual mais destacou e no qual se iniciou, ainda em 1942. Mas, curiosam

James Franco, ator escritor

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Por Pedro Fernandes Recentemente no Brasil tivemos algumas experiências de atores que foram do dia para outro (modo de dizer) aparecendo como autores. Não é fato novo, é verdade, cá já tivemos casos à parte, como Mario Lago, quem, além de ator em telenovelas e filmes, compositor de vários temas musicais que ganharam o gosto popular deixou vários títulos de natureza memorialística.   Mas, quando digo dos recentes, estou pensando em figuras como Vera Fischer, que despertou para o romance. Depois dela, vieram os versos de Juliano Cazarré. Tivemos acesso à caprichada edição de Pelas janelas  publicada pela casa gaúcha Dublinense e parece que tem alguma coisa ali que vale uma leitura. Agora, de fora, chegam outros versos: os do hollywoodiano James Franco. De lá, saiu coisas recentes de Marilyn Monroe, coletânea que só tem destaque para o bom acabamento editorial (sim, dela pode se salvar o símbolo sexual leitora - quem não terá visto variadas vezes a pose da atriz lendo James Joyce o

Pelos 96 anos de Manoel de Barros

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Hoje, 19/12, Manoel de Barros completa exatos 96 anos. Já desde o começo da manhã estivemos publicando fragmentos de O livro das ignorãças  na nossa fan page no Facebook. Justa homenagem, é verdade. Mas, ao revirar alguns livros na estante, no instante de procura por este livro, encontramo-nos com um pequeno livro, quase um opúsculo, do escritor Ondjaki, há prendisajens com o xão (o segredo húmido da lesma e outras descoisas ), livro que, olhado de relance, tem uma proximidade medonha com o tom poético do poeta brasileiro. Evidente que dedo de Ondjaki está já aí nesse reinventar de palavras. Pois então, recortamos desta edição o poema de abertura, dedicado a Manoel de Barros e uma nota do autor sobre o encontro seu (de certo modo foi um encontro) com o próprio autor d' O livro das ignorãças . Chão palavras para manoel de barros apetece-me des-ser-me; reatribuir-me a átomo. cuspir castanhos grãos mas gargantadentro; isto seja: engolir-me para mim poucochinho a cada ve

As várias faces de "Alice no país das maravilhas" - Parte 7

Foi revirando nosso caderno de notas de ideias para publicações no Letras que encontramos “Alice por Arthur Rackam”; quem não nos acompanha diariamente ou mesmo quem a isso se dispõe lembramos que fizemos durante seis semanas seguidas uma espécie de homenagem ao clássico de Lewis Carroll, Alice no país das maravilhas , que neste ano de 2012 fecha exatos 150 anos. Visitamos os traços e as formas de John Tenniel, Salvador Dalí, Peter Newell, entre outros. E, então, agora, encontramo-nos com esta anotação que seria a continuidade da série. Como não há problemas nisso de continuidade, do contrário, saímos é ganhando com descobertas assim aleatórias, vamos aos desenhos feitos por Arthur Rackam, não sem antes saber mais quem é esta personagem e sobre o processo de recriação pelo universo imagético de Lewis Carroll. Arthur Rackam foi um inglês ilustrador que deixou muitos trabalhos reconhecidos para obras igualmente reconhecidas. Fez artes na Escola Lambeth ainda quando

Argo, de Ben Affleck

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Por Pedro Fernandes A lista de filmes protagonizados ou que apenas tiveram participação de Ben Affleck ultrapassa, com certeza, umas três dezenas; como sempre com todo ator, muitos chegaram até nós pelo cinema, como Pearl Harbor ou Armagedon , outros nunca nem sequer ouvimos o título, The Third Wheel ou Daddy and Them . E, para dar uma opinião muito sincera, apesar do bom porte do ator e seu ar de galã anos 1950, prefiro vê-lo por trás das câmeras. Até agora, as três produções que o ator pousou de diretor, Medo da verdade , Atração perigosa e o último Argo , foram, a meu ver, matéria de grata surpresa. Abro espaço para falar da produção mais recente, assumindo o débito de depois comentar acerca das outras duas. É que Argo esteve até outro dia nas grandes telas e deve chegar em breve às locadoras e lojas no formato de DVD. Óbvia escolha, portanto. Quando afirmo que as produções de Affleck têm me rendido grata surpresa, estou já indo na direção contrária do que sondou a

O depois da hora de Clarice. Papéis para composição de A hora da estrela

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Desde 2010, que além de ser uma ocasião celebrativa, que é uma data quando se apresentam novas curiosidades e possibilidades de aproximação de uma das obras mais importantes da nossa literatura. Organizadas pelo Instituto Moreira Salles, as celebrações da Hora de Clarice revelaram este ano um conjunto de notas que deram forma a um dos romances sempre lembrados quando se escuta o nome da escritora brasileira. Sim, os papéis, notas ou inspirações para   A hora da estrela . Agora, IMS dispôs tudo online . O material integra parte do arquivo de Clarice Lispector entregue em 2004 para administração do IMS; e, como sublinha Fábio Frohwein, são "documentos importantes não apenas pela raridade, mas também por registrarem a maneira como Clarice trabalhava seus textos. Desde as primeiras obras, a escritora adotara o método da anotação imediata. Assim, segundo Nádia Battella Gotlib, sua biógrafa, 'passa a carregar um caderninho, onde vai fazendo as suas anotações. São as notas, sol

Novidades em torno de James Joyce

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Dois inéditos de James Joyce Aos leitores brasileiros de James Joyce, além de reedições e até de uma nova tradução para a sua obra-prima, Ulisses , o ano vigoroso de 2012 para o escritor irlandês, fecha-se com duas novidades: uma, um conjunto de correspondências entre o escritor e sua mulher, Nora, sob organização e tradução de Sérgio Medeiros e Dirce Waltrick do Amarante (já este ano, esses organizadores estiveram à frente da edição de De santos e sábios , outro de James Joyce inédito por aqui); outra, “Epifanias”, uma reunião de 40 textos curtos organizados por Piero Eyben. Toda essa efervescência em torno do escritor, dá-se ainda porque foi, neste ano, que parte de sua obra entrou em domínio público e as editoras ficaram mais ‘soltinhas’ em editá-lo. Até a Biblioteca Nacional da Irlanda andou disponibilizando para consulta virtual parte de seus manuscritos, como falamos por aqui . Sobre o volume Cartas a Nora , até apresentamos, há cerca de um mês, na fan page do Let

Torquato Neto

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A obra do poeta Torquato Neto recebeu novo fôlego em 2012; foram acrescidos mais dois volumes à sua bibliografia: O fato e a coisa e Juvenílias , com   trabalhos inéditos que ele escreveu a partir de 1961, quando tinha somente 16 anos e saiu de Teresina para estudar no Colégio Maristas, em Salvador. A obra que chega agora, passados exatos 40 anos do suicídio do escritor, acrescenta, certamente, novas perspectivas e itinerários em torno de sua produção literária. Torquato Neto teve uma vida curta, mas muito fecunda, conforme atestam alguns estudiosos. Talvez pelo período que vivenciou – quase ele integralmente consumido no seu espaço de vida, os agitados tempos de liberdade, criatividade e de sonho interceptados pelo cruel regime da ditadura militar. Torquato nasceu em 1944 e se suicidou em 1972 e sua obra é sintomática da cultura alternativa e rebelde dos anos 1960 e 1970. Seu trabalho é um dos mais significativos para a Tropicália, movimento que fechou seu primeiro cinquen