Tatiana Salem Levy




Tatiana Salem Levy nasceu em Portugal em 1979 por pura obra do destino e não do acaso, entendendo que entre uma coisa e outra haja alguma linha que os delimite. É que pela época, seus pais estavam exilados em Lisboa, por razões da Ditadura Militar. Nove meses depois do seu nascimento, a família beneficiada pela Lei de Anistia, permitiu o retorno dos Salem para o Brasil, onde vivem até hoje.

Tatiana integra o grupo de escritores acadêmicos, designação que utilizamos aqui para dizer dos nomes – e são muitos hoje – que fazem uma carreira na Academia e paralelamente se dão a aventura maior de escrever ficção ou poesia. Fez sua graduação em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro seguido de mestrado e de doutorado cursados na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Neste último estágio fez estudos na França e nos Estados Unidos.

Academicamente, Levy define-se pela reflexão sobre o não lugar, o não pertencimento, a busca pela identidade. Apesar de considerar-se brasileira, há um triângulo de lugares que lhe circunda: o da família, o do exílio e o da pátria adotada. Marcas que se alargariam na experiência que foi estar fora do Brasil quando cursava seu doutorado. A tentativa de encontrar-se terá sido o mote, para o seu romance de estreia, A chave de casa, livro em que a narradora brasileira, descendente de judeus turcos que foram expulsos de Portugal pela Inquisição busca entender a separação da sua identidade individual, do grupo familiar e da própria nação. Foi este romance, aliás, que ela entregou como tese de doutorado. A obra ganhou o Prêmio São Paulo de Literatura na categoria Estreante e chegou a ser finalista do Jabuti de 2008.

Antes, sua dissertação de mestrado foi publicada em 2003 sob o título de A experiência do fora e foi seu primeiro trabalho em livro, mas texto acadêmico costurado no diálogo entre o pensamento dos franceses Maurice Blanchot, Foucault e Gilles Deleuze.

No gênero romance, depois de A chave de casa publica Em silêncio e Dois rios. Na narrativa breve, eleita um dos vinte melhores jovens escritores pela Granta, Levy  tem predileção pelos contos e já publicou nas coletâneas Paralelos, organizado pela Editora Agir, 25 mulheres que estão fazendo a nova Literatura Brasileira, este com produção inédita de 25 autoras que começaram a publicar prosa de ficção a partir de 1990 e organizado pelo escritor Luiz Rufatto, Recontando Machado, antologia organizada por Luiz Antonio Aguiar e que tem nomes como os de Cristovão Tezza, Cintia Moscovich e Miguel Sanches Neto, e Dicionário amoroso da língua portuguesa, edição coordenada por Marcelo Moutinho e Jorge Reis-Sá. No gênero ainda é organizadora de Primos, livro que reúne trabalhos de autores brasileiros que como Tatiana são descendentes de árabes e de judeus. 

Assim, Tatiana vai compondo um perfil, do que se pode ter como referência para uma geração já batizada por novíssimos - autores que, conforme assinala Beatriz Resende, trazem em seus textos a marca de uma literatura exigente, que se apoia em uma leitura atenta, além de pressupor uma bagagem cultural, necessária à apreensão de suas referências.




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