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Mostrando postagens de novembro, 2012

O trabalho plástico dos escritores

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2012 marca o 75º aniversário da publicação de O Hobbit , recém adaptado (quer dizer a primeira parte já está em finalização) para o cinema. E, com essas duas empreitadas uma série de novidades tem sido apresentadas em torno do livro de J R R Tolkien. Primeiro, foram os seus desenhos feitos para o livro em questão, sobre os quais falamos aqui ;   mas, vejam só que outra novidade boa: o site Flavorwire saiu à cata de outros escritores que, como Tolkien, também gastaram seu tempo rabiscando coisas para seus trabalhos; a amostra tem dez nomes, que reproduzimos a seguir mais alguns outros elementos que se aventuram entre uma obra e outra a cometer seus trabalhos de artes plásticas. 1 – encabeça a lista o próprio Tolkien que compôs ilustrações e mapas, não apenas para O Hobbit , como para O senhor das anéis : 2 – depois, Kurt Vonnegut: seu primeiro trabalho de ilustração aparece em 1969 em Matadouro-5 , mas seus desenhos serão reconhecidos quatro anos depois em Café da manhã dos

10 filmes a partir da obra de Liev Tolstói

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Os leitores brasileiros, sobretudo depois do nascimento do que poderíamos chamar de escola da tradução para o português direta do russo inaugurada muito recentemente por aqui, têm construído uma saudável aproximação com uma das obras mais importantes da literatura universal, a de Liev Tolstói. Mas, a obra do escritor russo não é apenas isso; é também um terreno fértil para outras criações artísticas. Entre elas, o cinema. E é sabendo disso, no ano em que aparece uma nova releitura de Anna Kariênina para a grande tela, que preparamos esta listinha com algumas peças muito raras, mas indispensáveis ao leitor interessado em ver através da imagem o que encontrará através das letras. Anna Kariênina , 1967, de Aleksandr Zarkhi. Este talvez seja o romance de Tolstói mais adaptado. Antes da versão de agora por Joe Wright que traz Anna Kariênina vivida pela atriz Keira Nightly, teve o filme de 1935, quando saiu da primeira adaptação do romance com a personagem vivida por ninguém me

O Letras, 5 anos depois

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Por Pedro Fernandes Todos que frequentam o Letras ou que passarem por aqui e tiverem a curiosidade em acessar “Sobre este blog” já sabem como tudo começou e em que pé está a ideia. Mas, não custa lembrar. Era novembro de 2007 e eu ministraria um curso sobre a poeta Auta de Souza. Por causa disso, estava à procura de criar um espaço na web para divulgação do andamento das atividades e materiais do referido curso. E tudo foi tomando a proporção que tomou e hoje aqui estou: cinco anos depois. Um blog cujo interesse se centra em três eixos – literatura, artes e comportamento. Pelo alcance da internet, este projeto não quer ser apenas um espaço local, bairrista, para falar do que é a literatura e as artes no Rio Grande do Norte; nem quer também ser um mero espaço individual, onde o seu mantenedor é a figura em destaque. Não. A abertura de horizontes dada ao Letras nos dois últimos anos pela inserção em outros meios – Tumblr, YouTube, Facebook, Google+ etc. – fez com que o blog

Um dicionário de escritoras portuguesas

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Por Pedro Fernandes já que não podemos falar-lhes das vidas, por tantas serem, ao menos deixemos os nomes escritos José Saramago, Memorial do convento Não é necessário, dirão uns, partir da premissa-clichê de quando se fala das questões femininas (se é que há questões que se possam assim rotular-se) dizer que à mulher tem sido impetrada uma série de estratégias – físicas e simbólicas – para seu silenciamento. Mas é necessário, sim, só mais uma vez – mas, se necessário for, infinitas vezes – partir dessa premissa para entender a valia de determinados gestos e não somente, mas para compreender, sobretudo, o sentido de determinados gestos. O gesto da palavra – artefato para re-criação do real – é o que aqui devemos retomar. Da premissa de opressão, também nos é claro o suficiente que a mulher, desde a descoberta do gesto da palavra, já nasceu condenada à afasia, restando-lhe tão somente os secos gritos das dores do parto, sendo este fim uma das cláusulas verbais impostas

As várias faces de "Alice no país das maravilhas" - Parte 6

Fechamos seis semanas a contar com esta que, a cada terça-feira, publicamos um instante clássico da ilustração para Alice no país das maravilhas , de Lewis Carroll, obra que fecha seus primeiros 150 anos neste ano de 2012. A ideia em fazer esse tour pelas artes plásticas veio a partir do Blog Braing Pickins, que inicialmente conduz um trabalho de comentário dos principais trabalhos em diferentes partes do mundo cujo foco é a obra de Carroll; optamos, entretanto, por cumprir um percurso entre os mais famosos ilustradores: John Tenniel, Salvador Dalí, Peter Newell, Leonard Weisgard e Ralph Steadman. É verdade que há muitos outros trabalhos. E belos e inusitados trabalhos, como os do brasileiro Luiz Zerbeni ou os da japonesa Yayoi Kusama. Poderemos até o último instante deste ano e dos próximos voltar para apresentar alguns nomes que julgarmos interessantes de considerá-los. Hoje, apresentamos um conjunto de lâminas de vidro para exibição em lanternas mágicas. Os 24 slides datam de

O diário de uma página para o que foi o IV Festival Literário da Pipa

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Por Pedro Fernandes Ontem pelos meados da tarde quando retornei da Praia da Pipa soltei na minha página no Facebook o seguinte: “a Praia da Pipa me faz bem; aquilo tem toda a energia boa do mundo concentrada num só lugar. e quando se soma tudo isso com literatura não se precisam de muita coisa; ou melhor, serei extremista, não se precisa de mais nada. o IV Festival Literário da Pipa foi muito bom. o evento entra ano e sai ano amadurece e cresce e fica melhor. devo postar por essa semana no Letras in.verso e re.verso alguma coisa do que foi estar com Zuenir Ventura, Ana Miranda, Antonio Cicero, para citar apenas três instantes que chamo de pontos altos do evento.” Depois disso fui à comunidade também no Facebook do grupo de teatro Clowns de Shakespeare para dizer: “esse espetáculo, o ‘Sua incelença, Ricardo III’, é a coisa mais bela que já pude ver em vida em termos de teatro. os elogios que arranca, por onde passa, não são à toa. já fico aqui na espreita pelo ‘Hamlet’.” Ess

Ana Miranda

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Primeiro foi Boca do inferno , agora Desmundo , romances que li com a voragem de quem está degustando uma boa leitura. E já com o primeiro senti estar diante de uma grande escritora. Só me estranhou e ainda estranha que não seja tão comentada nos círculos literários, não apenas pela rica e extensa obra que vem construindo, mas pela potencialidade de ser uma das melhores escritoras depois que se foram nomes como os de Clarice Lispector, Rachel de Queiroz. Ana Miranda, apesar de ser traduzida para vários países; o dito Boca do inferno publicado em 1989 foi aclamado como um dos cem maiores romances em língua portuguesa do século XX e tem já edições, entre outros países, em Inglaterra, França, Estados Unidos, Alemanha, Espanha, Itália, Noruega, Holanda, Dinamarca, Argentina... além de ter sido, já que estamos falando de glórias, vencedor do Prêmio Jabuti. Ao que parece, ela é até bem quista entre os da academia, mas, volto ao meio literário e agora não sei não, sinto mais falt

Tatiana Salem Levy

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Tatiana Salem Levy nasceu em Portugal em 1979 por pura obra do destino e não do acaso, entendendo que entre uma coisa e outra haja alguma linha que os delimite. É que pela época, seus pais estavam exilados em Lisboa, por razões da Ditadura Militar. Nove meses depois do seu nascimento, a família beneficiada pela Lei de Anistia, permitiu o retorno dos Salem para o Brasil, onde vivem até hoje. Tatiana integra o grupo de escritores acadêmicos, designação que utilizamos aqui para dizer dos nomes – e são muitos hoje – que fazem uma carreira na Academia e paralelamente se dão a aventura maior de escrever ficção ou poesia. Fez sua graduação em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro seguido de mestrado e de doutorado cursados na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Neste último estágio fez estudos na França e nos Estados Unidos. Academicamente, Levy define-se pela reflexão sobre o não lugar, o não pertencimento, a busca pela identidade. Apes

Zuenir Ventura

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Zuenir Ventura. Foto de Tomás Rangel. Zuenir Ventura nasceu em de junho de 1931, em Além Paraíba, Minas Gerais. Nos primeiros anos da adolescência desempenhou várias funções, desde contínuo no Banco Barra do Piraí a faxineiro do Bar Eldorado e balconista da Camisaria Friburgo. Aos 23 anos mudou-se para o Rio de Janeiro, quando entrou para a Faculdade Nacional de Filosofia, atualmente, a Universidade Federal do Rio de Janeiro e cursou Letras Neolatinas. Sua aproximação com a escrita, portanto, se deu nesse curso, onde foi monitor do professor Celso Cunha na disciplina de Língua Portuguesa. Como é sabido, Celso foi um dos mais importantes filólogos e gramáticos do Brasil. Depois, tornou-se redator de uma coleção paradidática dirigida por Amaral Netto, que abordava os fatos históricos da linguagem jornalística, “A história em notícia”; mais adiante, arquivista na Tribuna da imprensa . Depois de ganhar uma bolsa de estudos do governo francês para estudar no Centro de Form

As várias faces de "Alice no país das maravilhas" - Parte 5

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O jovem Peter Newell O trabalho Peter Newell em ilustrar Alice no país das maravilhas , de Lewis Carroll, não é um dos mais conhecidos no Brasil. Por aqui, dentre outras publicações do ilustrador estadunidense, estão dois livros editados pela Cosac Naify, O livro inclinado e O livro do foguete . Mas, o trabalho para o clássico inglês editado pela primeira vez em 1901, está entre os que melhor ilustraram Alice . E, pela ocasião em que foi publicado casou certa controvérsia entre o público leitor, acostumado que estavam com as ilustrações de John Tenniel. Peter Newell nasceu em 1862, nos Estados Unidos; “filho da guerra civil” naquele país. Passou boa parte de sua vida em McDonough, Illions, e depois foi viver em Nova York, onde fez estudo de artes no Art Student League. Em 1884, abriu seu estúdio em Springfield. De lá saíram os seus trabalhos, ora inclinados para o tom humorístico, ora para o poético. Pela época em que estudava no Art, o mercado livreiro inglês, única referên

Um inédito de João Cabral de Melo Neto e outras novidades em torno do poeta

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O poeta João Cabral de Melo Neto em cena do filme Liames, o mundo espanhol de João Cabral de Melo Neto , em 1979. Foto: Instituto Moreira Salles. Já desde 2007 que a obra de João Cabral de Melo Neto começou a ser integralmente reeditada. De lá para cá, já se somam 12 títulos publicados. O destaque nesta reedição, até o presente é a publicação póstuma Ilustrações para fotografias de Dandara , livro que dá contas de um álbum criado pelo poeta para matar as saudades da neta, quando era embaixador do Brasil no Senegal. É o João Cabral despido do rigor estético, mas ainda da escrita breve, mas agora, coloquial. Na época, sempre eram remetidas correspondências com fotos de Dandara, as quais motivavam o avô a logo compor versos para a neta. Em 1975, já com um material reunido num caderno e considerável, João Cabral despacha para o Brasil com o título de “Ilustrações para fotografias de Dandara”. Guardado como relíquia de família pela mãe, Inez, foi a própria Dandara quem decid

O lance é leiloar

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Sabemos que é de desinteresse do Estado cuidar da memória do seu povo. Desde que o capital desenfreou-se para manutenção de outras ordens ou desde quando cresceu um interesse pelo novo, não sabemos precisar ao certo este lugar,  tem sido assim.  De modo que, há coisas que vão sendo vendidas pelos responsáveis no intuito de passar adiante, de preferência para as mãos de algum responsável que tome para si o interesse de preservação negado pelo poder público, ou não, talvez alguns só queiram mesmo, como se diz por aqui, fazer um pé-de-meia. Sim, o desinteresse não é apenas estatal. A vida no capitalismo também corrompeu os valores mais íntimos como o da memória.  Parece que é este um mercado sem crises. Recentemente, uma quantidade significativa de objetos pertencente a Oscar Niemeyer foi a leilão; algumas peças, como desenhos do arquiteto brasileiro, que chegaram facilmente às cifras dos R$ 200 mil. Poema de Fernando Pessoa escrito em língua inglesa e dirigido à afilhada, Signa

Pelo Dia do Desassossego, reler este “Memorial”

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Pedro Fernandes Ler o Memorial do convento , este monumento literário de José Saramago, escritor que chega aos 90 anos hoje, 16 de novembro, é ler a sua própria figura – assim me expressei hoje a tarde na minha página pessoal. A afirmativa não é vazia. Enquanto ia fazendo minha releitura do romance que fecha exatos 30 anos agora em 2012, e um dos mais célebres do Prêmio Nobel de Literatura (deixem que eu faça este breve parêntesis para dizer por aqui o que disse numa fala minha noutra ocasião, era uma comunicação no II Seminário Internacional de Artes e Literatura Barrocas, que se fosse elencar os principais romances de José Saramago, colocaria este Memorial , O ano da morte de Ricardo Reis , O evangelho segundo Jesus Cristo e Ensaio sobre a cegueira como os quatro momentos epifânicos de sua obra) vi notando pelas frases colhidas, aquelas de maior impacto à sensibilidade leitora, aqueles em que ficamos algum tempo parados pensando em como isso é possível ser dito por uma pes

Meio século do Boom literário latino-americano que mudou os rumos da literatura de língua espanhola

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Na foto, três protagonistas do Boom: Vargas Llosa (com sua mulher Patricia), José Donoso (e sua mulher Pilar Serrano) e Gabriel Garcia Márquez com sua mulher, Mercedes Barcha. Foto: El País. 1962 foi um ano prodigioso para a literatura de língua espanhola. Naquele ano, no Chile, era realizado o Congresso de Intelectuais de Concepción e pela ocasião foram publicados oito livros que se tornariam elementares para a literatura contemporânea na América Latina. Dentre eles, O século das luzes , de Alejo Carpentier, A morte de Artemio Cruz , de Carlos Fuentes, A cidade e os cachorros , de Mario Vargas Llosa. Fiquemos apenas com estes três romances porque representam a gênese de três grandes escritores que se tornaram universais. Um deles, Vargas Llosa, recebedor do mais importante prêmio literário, o Nobel. É por essa ocasião, vista como o ponto de partida para se criar, no mundo, um olhar mais acurado com o produzido nas letras da América Latina ou mesmo revelar nomes e de