RECONHECIMENTO
Por Pedro Fernandes
Ontem, 15 de outubro, foi dia dos professores. Alguém já terá dito que uma coisa que tem dia para ser lembrada é porque esta coisa não é tão bem quista quanto deveria. Prefiro ir nesta direção, mas prefiro também dilatar essa visão. Quando se há um dia para lembrar de alguém ou alguma coisa e estes não são bem quistos, este dia, serve-nos não apenas para exaltações afetivas, que será uma forma de imprimir destaque ao não-quisto, mas aponta para a necessidade de se repensar o sentido do alguém ou do alguma coisa lembrados.
Então, ainda no território das preferências, eu prefiro ir pela ideia de repensar. E foi isto o que propus quando redigi uma mensagem resposta aos vários comentários e às várias fotomensagens que companheiros de profissão e alunos decidiram, cada qual do seu jeito carinhoso de ser, homenagear. A mensagem foi publicada na minha página no Facebook e é o teor dela que quero repetir por aqui, porque como reza as diretrizes deste espaço, ele me é também de utilidade para mensagens do tipo. A efemeridade das times lines não fará a mensagem ficar visível por tanto tempo e, no blog, ainda se tem certa solidez com o fluxo das postagens. Por isso, a repetição.
A permanente lembrança do papel
professoral é um exercício que nos faz ver o quanto representamos na formação e o quanto
essa representação é necessária; isso todos estamos de acordo. Falta apenas aos
do escalão estatal a vergonha de saber que um país rico se faz, sim, com valorização
profissional de uma categoria que, como todos também acordam, é a base de todas
as bases. Esse reconhecimento que parece custar tão caro porque sustaria um
estado bruto e alheio ao poder dominante está ainda perdido na fantasia de que
somos espécies maternas capazes de abrigar na bolsa marsupial da boa vontade
tudo e todos e fazer, como fadas, de giz em punho, o milagre da
transubstanciação da ignorância em pilares de avanço em todos os setores
sociais. Não. Essa beleza, é uma pena, só existe no brilho das palavras de
afeto dos colegas e companheiros que cientes da canoa furada em que estamos
sabe bem utilizá-las para confortarmo-nos uns aos outros. Quando na verdade o
que nos resta é um grito incontido pedindo uma simples coisa: RECONHECIMENTO.
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