10 livros para ler a partir do dia 31 de outubro
1 – O castelo de
Otranto, de Horace Walpole: simples novela datada de 1764 tem relevância aqui
porque é apresentada como a que inaugurou na literatura os gêneros de terror e
de sobrenatural, tendo sido basilar para escritores como Bram Stoker e Edgar
Allan Poe. Seu enredo se fixa em torno de uma maldição que percorre as gerações
da família do príncipe Manfredo de Otranto. O misterioso assassinato de
Conrado, seu único herdeiro homem, leva Manfredo à loucura, não sem antes ir à
procura dos verdadeiros culpados pela morte do filho e as bases que levaram o
surgimento da maldição sobre a família.
2 – Os mistérios de
Udolfo, de Ann Radcliffe: este é o quarto romance de Radcliffe, escritora
que terá inspirado autores como Jane Austen. O romance se constrói em torno da
personagem Emilie. Filha única, criada com todos os préstimos e mimos, ela de
perde os pais – primeiro, a mãe, vítima de uma doença súbita e misteriosa,
depois o pai durante uma viagem pelo sul da França e pela Itália. É nessa
viagem que conhece Valancourt, um jovem com o qual tem um romance, mas logo
desfeito, uma vez que, órfã, Emilie é designada à irmã mais velha Chéron que se
casa com Montoni, um italiano que se revelará ao longo da trama como um grande
vilão ao prender Emilie num círculo de medos e horrores no Castelo de Udolfo,
sua propriedade.
Cena de O monge, recente adaptação pelo cineasta francês Dominik Moll |
3 – O monge, de
Matthew Gregory Lewis: apesar de pouco comentado entre os brasileiros (terá
ganhado certo interesse a um público restrito pela recente adaptação conduzida
por Dominik Moll e sobre a qual comentamos por aqui), este romance é um
clássico da literatura gótica de matriz inglesa. Incentivado pelo romance de
Ann Radcliffe, Matthew escreveu O monge,
quando ainda tinha 19 anos. Quando publicado o romance, pela severa subversão
ao catolicismo e a violência explícita, com uma pesada cena de incesto, causou
verdadeira celeuma entre os críticos que levaram o autor ao tribunal e obrigado
a reescrever o seu trabalho com várias passagens censuradas. O romance se
divide em duas histórias que, à medida que vão sendo contadas, vão ganhando
proximidade até sua intersecção no desfecho. Ambrosio é um monge, símbolo de
virtude e moral entre os da sua ordem, até se ver envolvido com um misterioso
noviço que é entregue pelo pai a fim de ser feito monge. O noviço, na verdade,
uma misteriosa mulher, que levará Ambrosio a perder o limite entre a conduta e
os desejos do corpo. Não satisfeito sexualmente com Matilda, a misteriosa
mulher em questão, o monge usará de todos os artifícios para seduzir e saciar
seu desejo sexual por Antonia. É aqui que acompanhamos a outra história que
segue paralela à primeira: o amor entre Raymond e Agnes, uma jovem condenada a
um convento. Insatisfeito, Raymond se infiltra na ordem e passa a viver o caso
sexual com Agnes, até que ela engravida e é descoberta pela abadessa. O irmão de
Agnes, revoltado, ao saber dos castigos elaborados pela abadessa a fim de
coibir o pecado, elabora um plano para o seu sequestro e sua morte. É no
confronto que o irmão de Agnes, descobre o assassinato de Antonia, sua amada,
por Ambrosio.
4 – O corvo, de
Edgar Allan Poe: poema narrativo dos mais cobiçados entre vários escritores,
como Dostoiévski, Paul Valéry, Fernando Pessoa, Mallarmé e Machado de Assis –
alguns desses chegaram a compor suas próprias versões – O corvo narra a visita do pássaro a um homem melancólico pela perda
da esposa. A capacidade de Poe com este texto é a de engendrar um universo de
horror sem necessariamente apelar para a explicitação de elementos do tipo,
como é caso, por exemplo, nos três primeiros textos citados anteriormente.
Cena de Nosferatu, de F. W. Murnau. O filme toma como base o livro de Bram Stoker, embora muitas das situações e dos nomes no original foram refeitos. |
5 – Drácula, de
Bram Stoker: Drácula terá ficado
conhecido pelo Nosferatu, filme de
Friedrich W Murnau; evidente que no cinema, sua imagem foi integralmente
ressignificada, mas preservou-se a atmosfera horripilante desenhada por Bram
Stoker. Baseado no folclore da Transilvânia e num personagem real, o rei Vlad,
o Empalador, o relato redigido pelo escritor deverá ter atormentado muitas
noites de sono. O ‘efeito de realidade’ é dado pelo formato do livro todo
narrado por pontos de vista diferente como se cada capítulo fosse uma espécie
de diário que vai remontando a imagem de Conde Drácula.
6 – Frankenstein,
de Mary Shelley: sobre a criação dessa personagem já falamos outro dia por
aqui. Dr Henry Frankenstein é um obstinado cientista pela recriação de humanos.
Decidido a por em prática toda sua teoria sobre o caso, constrói um corpo com
várias partes diferentes de vários cadáveres. Criado pelo raio primordial a
criatura monstruosa tem fortes impulsos assassinos e é quando Frankenstein vai
se dá conta da natureza aterradora de seu trabalho.
7 – O caso de Charles
Dexter Wart, de H P Lovecroft: é um livro que mescla sua narrativa com uma
série de outros gêneros, como cartas, depoimentos, formulações teóricas a fim
de sondar a loucura de Charles Dexter, internado num hospício com uma aparência
mais velha que a real e uma série de sintomas que fazem do seu caso único na
patologia da loucura.
8 – Contos de
fantasmas, de Daniel Defoe: célebre pelo clássico Robinson Crusoé, Defoe escreveu esses contos porque tinha profundo
interesse pela reencarnação. E antes de ser um livro meramente de terror, é
claro, um divertimento do escritor diante de um assunto tão complexo que tem
várias motivações que é a vida pós-morte.
9 – Noite na taverna, de Álvares de Azevedo: Álvares de
Azevedo é o que de melhor a literatura brasileira produziu para o gênero gótico.
Signo da originalidade no romantismo e discípulo de sujeitos como Lord Byron,
Hoffmann e Mary Shelley, toda a produção sua vai pelo ideia da morbidez. Noite na taverna compõe-se de sete
contos que tem uma ligação entre si, como a história de Johann e de outras
personagens, e varia o tom entre violentação, corrupção, incesto, adultério,
necrofilia, traição, antropofagia, assassinatos de várias espécies.
Muito antes Murnau filmar Nosferatu, o cineasta John S Robertson fez uma adaptação do livro de R L Stevenson, em 1920, e obra entraria para a lista dos clássicos no gênero.
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10 – O médico e o
monstro, de R L Stevenson: romance da Era Vitoriana, O médico e o monstro conta, por meio de diferentes narradores, a
história do médico Dr. Jekyll e sua tentativa em querer separar o que seria o
lado bom e o mau da natureza. É quando desenvolve uma fórmula química no seu laboratório
que consegue dar vazão às suas tendências maléficas e perversas. Conseguirá manter-se
entre o seu personagem real e o que se forma a partir da fórmula, mas aos
poucos, o lado negro vai-lhe tomando conta, até o seu suicídio.
Boa parte desses livros estão disponíveis em sua versão integral na internet e outros como Drácula, Frankenstein, Contos de fantasmas, Noite na taverna, O médico e o monstro estão traduzidos e publicados pela L&PM.
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