Jorge Amado e Nelson Rodrigues para as telas (parte 1)

Jorge Amado e Cacá Diegues em filmagens de Tieta, em 1995.


Agosto é mês de ler Jorge Amado e Nelson Rodrigues. Não é que haja meses específicos para ler determinados autores. Não. É que agosto é o mês em que os dois escritores brasileiros estão aniversariando. E os dois fazem o seu primeiro centenário: Jorge, no próximo dia 10 e Nelson, no dia 23. Agora, é verdade que os dois produziram uma vasta obra. Se tirássemos o mês inteiro, e olhe que agosto tem um dia a mais porque é mês de 31 dias, com dias integrais para leitura, não esgotaríamos a totalidade de suas produções.

Mas, como os dois são os escritores mais adaptados para o cinema e a TV – segundo levantamento de José Geraldo Couto para o Blog do Instituto Moreira Salles são vinte longas adaptados a partir da obra de Nelson Rodrigues contra dezessete a partir da obra de Jorge Amado, até agora –, fomos, com base nos dados fornecidos, à cata de alguns deles para duas coisas: antecipar e dar um empurrãozinho nas nossas leituras. Alguns dos listados foram indicados pelo próprio Couto, outros foram acrescentados por conta própria.

Como a postagem ficaria muito extensa, fracionamos em duas. Hoje, os filmes a partir da obra de Jorge Amado.

1. Terra violenta, de Eddie Bernoudy (1948). É a primeira adaptação de uma obra de Jorge Amado para o cinema. Baseado em Terras do sem-fim, o filme traz no elenco Anselmo Duarte e a atriz Maria Fernanda, filha de Cecília Meireles. O problema é que este filme, de 1948, é coisa rara de se encontrar e a última vez de alguma notícia ao seu respeito é que se encontrava já bastante deteriorado, quando o professor Guido Araujo se dispôs a montar uma jornada com filmes a partir da obra do escritor baiano. Fica, então, como registro.

2. Dona flor e seus dois maridos, de Bruno Barreto (1976). Depois do sucesso como Gabriela para TV, é aqui que Sônia Braga incorpora outra das personagens de Jorge Amado, mas agora para o cinema. O romance virou minissérie para a Globo, em 1998. E será readaptado para o cinema em 2014.


Sônia Braga e a naturalidade de Gabriela. A atriz foi a personagem em duas ocasiões e ainda esteve como Dona Flor no filme de Bruno Barreto.


3. Gabriela, cravo e canela, de Bruno Barreto (1983). Transformado em telenovela e readaptado pela Globo em 2012, este é um dos romances de Jorge Amado mais traduzidos no exterior. Neste filme, a personagem retirante que sai do sertão baiano para as terras afortunadas de Ilhéus foi imortalizada na interpretação realista de Sônia Braga, que viveu Gabriela também para o folhetim de 1975.

4. Tieta do agreste, de Cacá Diegues (1996). Em 1989, o romance foi adaptado para novela e sete anos adiante, para o cinema. Com este filme, o mestre do Cinema Novo levou seu trabalho a representar o Brasil na lista de Melhor Filme Estrangeiro na premiação mais importante do cinema estadunidense, o Oscar. Logo na abertura da película é Jorge Amado quem lê o parágrafo introdutório do romance.

5. Capitães da areia, de Cecília Amado (2011). Em 1989, o livro já havia sido adaptado para uma minissérie na Rede Bandeirantes com direção de Walter Lima Jr. No ano passado, foi para o cinema como o primeiro longa da neta do autor de Jorge Amado. Este é o primeiro longa produzido no âmbito das comemorações do primeiro centenário do escritor baiano. Despindo-se acidentalmente do viés social do romance, Cecília quis manter-se o mais próximo possível do que ela entende como lado poético do enredo. Falamos do filme por aqui.

6. Quincas Berro d’água, de Sérgio Machado (2010). Destaque para Paulo José que leva o filme. O ator incorpora o funcionário Quincas que entediado com a vida que leva resolve se entregar, de vez, à vida de boemia. Também falamos do filme neste blog, aqui.


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