Ilustrar o Dom Quixote
Por Pedro Fernandes
Gustave Doré, um dos mais conhecidos ilustradores para o Dom Quixote. Imagem: BNP |
A edição do Dom Quixote que li foi a publicada pela Editora Nova Aguilar; tradução retrógrada, dizem os entendidos da arte de traduzir. Eu cá não tenho lá muitos méritos para sair julgando traduções. Depois, bem recente, saíram versões elogiadas em termos de tradução, pela Editora 34, inclusive em volumes de bolso.
Mas, não estou aqui para tratar de traduções e nem de edições melhores ou piores. É que a edição da Nova Aguilar vinha com ilustrações do multiartista da imagem, Gustave Doré, também reproduzidas nos dois volumes editados pela 34. O nome do francês não é incomum aos nossos ouvidos porque dificilmente terá existido algum clássico que ele não tenha ilustrado. A Bíblia deve ter sido o maior deles. Compôs ilustrações ainda para a obra de Rabelais, Taine, Dante, Victor Hugo, Charles Perrault, entre outros. Dos ilustradores do Dom Quixote talvez seja ele o mais conhecido.
Mas, o esforço não foi apenas de Doré. Existiram muitos outros ilustradores. E isso deve se atribuir a três méritos: a plasticidade da própria obra, a necessidade de aproximar ainda mais o leitor do universo narrativo e, fruto desse segundo mérito, Dom Quixote é, entre os clássicos, a obra que mais deve ter adaptações para o universo infanto-juvenil.
E mais: a personagem de Cervantes é uma figura em si, apesar de típica, multifacetada e cada artista adquire dela uma característica que lhe é mais saliente. Mas, propor um catálogo que dê conta de todos os ilustradores da obra, pode parecer puro sonho ou mesmo aventura quixotesca. Bom, não para os curadores de "Os ilustradores de Quixote".
E mais: a personagem de Cervantes é uma figura em si, apesar de típica, multifacetada e cada artista adquire dela uma característica que lhe é mais saliente. Mas, propor um catálogo que dê conta de todos os ilustradores da obra, pode parecer puro sonho ou mesmo aventura quixotesca. Bom, não para os curadores de "Os ilustradores de Quixote".
Quando há sete anos, a obra fechou quatro séculos de vida, a Biblioteca Nacional de Portugal conduziu uma amostra dessa possibilidade com uma exposição do tipo: propor uma plurileitura visual de uma das figuras mais cobiçadas no imaginário das artes plásticas. O resultado do acontecido de 2005 pode ser visitado on-line pelo mundo inteiro porque a BNP criou então pela época uma rica página eletrônica com informações e imagens das expostas em "Os ilustradores de Quixote".
O livro de Cervantes foi publicado em 1605 e, desde então, foi editado por trinta vezes no século XVII, quarenta no século seguinte, duzentas no século XIX e manteve-se numa média de pelo menos três edições por ano durante o século XX. Números de fazer inveja a qualquer desses Best-Sellers que se vangloriam das tiragens e das semanas em que permanecem na lista dos mais vendidos. Dom Quixote é a prova de que o clássico não morre.
A exposição de 2005 trouxe desenhos de Manuel Macedo, Francisco Pastor, Alfredo Morais, Eduardo Teixeira Coelho, Lima de Freitas e Júlio Pomar, todos portugueses, e mais uma série de 25 gravuras de outros artistas, como o próprio Gustave Doré, Louis de Surugue e Salvador Dalí.
Para ir ver a ideia, basta ir aqui.
Ligações a esta post:
>>> Sobre a leitura do Dom Quixote aqui
>>> O projeto de digitalização do Dom Quixote, aqui;
>>> A proposta de leitura integral da obra de Cervantes para o YouTube, aqui.
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