Da arte da escrita para a da pintura

José Saramago tem um romance intitulado Manual de pintura e caligrafia. Ao redor desse texto já se contaram algumas anedotas, uma até pelo próprio escritor português, quando disse ter tomado conhecimento de um professor de artes plásticas da África que não hesitou em comprar uma leva significativa de livros para trabalhar junto com sua turma de pintura por se deixar levar de primeira pelo o que o título dizia. O mesmo já aconteceu, por exemplo, com O Evangelho segundo Jesus Cristo. Alguém terá comprado o livro por acreditar que ali estivesse mais um evangelho perdido que fora só agora encontrado ou mesmo que ali estivesse um livro de autoajuda.

Mas, minha ideia de recuperar esse texto primeiro do Prêmio Nobel de Literatura é para recuperar o enredo ali presente: um pintor de quadros, um dos últimos da sua espécie decide se aventurar pelo trajeto da escrita. E, agora, quando acontece o contrário? Quando escritores famosos decidem trocar o lápis pelo pincel? Que resultado terá? O blog Melville House foi atrás da questão e respondeu com um belo post com exemplos de artes plásticas produzidas por gênios do texto. Abaixo, uma amostra do rico trabalho. Tem artes do fim do século XVIII até meados do século XX, de Goethe, passando Victor Hugo, Marcel Proust, Hermann Hesse, E. E. Cummings, Zelda Fitzgerald, Jack Kerouac, Flannery O'Connor e Henry Miller. Boa exposição! Para ver as imagens maiores basta clicar sobre elas.

Viajantes numa paisagem. Goethe (1787)

Cidade ao lado de um lago. Victor Hugo (1850)

Desenho feito com lápis e tinta. Marcel Proust (1910)

Sem título. Herman Hesse (1917)

Maria Nys Huxley na sesta. Aldous Huxley (1920)

Mt. Chocorua. E.E. Cummings (1938)

Times Square, 1944. Zelda Fitzgerald (1945)

Dr. Sax. Jack Kerouac (1952)

Autorretrato. Flannery O’Connor (1953)

Chin Chin da série Insônia. Henry Miller (1965)

Trout’s Tomb. Kurt Vonnegut (2005)



Fonte. Melville House. Kevin Murphy.

 

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