Uma sombra de César Vallejo
Por Pedro Fernandes
1. A primeira vez que li sobre César Vallejo foi ainda na Graduação em Letras quando editor juntamente com um grupo de amigos do jornal Trabuco. Recebemos de um aluno do curso de Letras/ Língua Espanhola para publicação a tradução de três ou quatro poemas do poeta peruano. Do bloco, vieram a lume "Piedra negra sobre una piedra blanca" e "Capitulación". Foi no segundo número. O material era impresso, mas depois de algum tempo, lançávamos na web através de um blog e talvez você ainda possa encontrar esse material por aqui.
1. A primeira vez que li sobre César Vallejo foi ainda na Graduação em Letras quando editor juntamente com um grupo de amigos do jornal Trabuco. Recebemos de um aluno do curso de Letras/ Língua Espanhola para publicação a tradução de três ou quatro poemas do poeta peruano. Do bloco, vieram a lume "Piedra negra sobre una piedra blanca" e "Capitulación". Foi no segundo número. O material era impresso, mas depois de algum tempo, lançávamos na web através de um blog e talvez você ainda possa encontrar esse material por aqui.
Mais tarde, tive a grata surpresa de, no Mestrado, encontrar com uma pesquisadora que à época estava prestes a defender sua dissertação com leitura sobre a obra de César Vallejo. E foi a primeira vez que ouvi alguém do Peru lendo os versos do seu poeta maior, o poeta de Los heraldos negros, de Trilce e de Poemas humanos.
César Vallejo nasceu em 1892, em
Santiago de Chuco, região andina localizada ao norte do Peru. Estudou na
Universidade de Trujillo, cidade onde descobriu a boemia influenciado por
jornalistas, escritores e políticos rebeldes. Nesta cidade, lança seu primeiro
livro em 1919.
Um ano depois regressa à cidade natal e acaba
se envolvendo num sangrento conflito político que o leva à prisão por cerca de
quatro meses; essa experiência teve uma profunda influência em sua vida e em sua
obra, refletindo diretamente em vários poemas de seu segundo livro, Trilce (1922).
Considerada como uma obra fundamental pela renovação da linguagem poética
hispano-americana, pois aqui, Vallejo se afasta dos modelos
tradicionais que até então havia seguido, adotando uma aproximação com as vanguardas, fazendo-se um poeta modernista no seu país.
Poemas humanos foi publicado postumamente. Reúne poemas escritos ao longo da década depois de Trilce e é considerado sua obra mais importante na poesia. O livro só foi publicado postumamente. Além de poesia, Vallejo escreveu e publicou prosa (romance, conto, crônica, ensaio), trabalho que se desenvolve fora do seu país. Ele se muda para Paris onde vive até sua morte, em 1938.
2. Encontros e encontros. Agora acho um raro vídeo no qual se vê em três momentos - rapidamente, que somados não alcançam sequer 6s de filmagem - o próprio Vallejo. Na primeira cena, temos um grupo de pessoas descendo de um ônibus e o destaque é para um homem que segura seu paletó no braço; na segunda tomada de cena, as mesmas pessoas estão agora sentadas no que parece ser um almoço e o homem do paletó reaparece com camisa de mangas curtas olhando com certo ar curioso para a câmera; e, por fim, todos estão reunidos no que parece ser um auditório. O achado trata-se da única gravação existente de César Vallejo - uma gravação descoberta pela Televisão Nacional do Peru.
As filmagens datam de julho de 1937, durante o II Congresso de Escritores Antifascistas, realizado na cidade de Valencia, Espanha. O achado tem sua graciosidade porque data de uma época em que as câmeras não eram comuns, tampouco estavam interessadas em escritores. Talvez aí justifique esse olhar desconfiado e curioso do poeta na cena 2. Evidente que, de lá para cá, as coisas deram um boom nesse território. Vivemos hoje tempos em que o triunfo é espetacularizado na web - está aí o próprio encontro desse achado do poeta peruano, como prova. De todo modo é um achado.
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