Inéditos (sem fim) de Fernando Pessoa
Desde o dia 30 de janeiro foi apresentado em Portugal (ainda sem data de aportar em terras brasileiras) pela editora Ática Sebastianismo e Quinto Império um novo título para a obra de Fernando Pessoa. O trabalho está sob o professor colombiano Jerônimo Pizarro.
Em entrevista para o jornal Público Jorge Uribe diz que em D. Sebastião o leitor se encontra com Pessoa a falar de Portugal de maneira próxima a da tradição popular: “Acho
que um dos principais interesses de Pessoa pela figura de D. Sebastião
tem que ver com uma maneira de fazer frente a Camões: D. Sebastião é uma
personagem de Os Lusíadas, de Camões, todo o poema épico é dedicado a
D. Sebastião, mas o D. Sebastião que está por vir depois de Os
Lusíadas é uma oportunidade para Pessoa se defrontar com aquele que era
o seu precursor literário mais importante”. D. Sebastião seria para Fernando Pessoa uma figura histórica com potencial o suficiente para fazê-lo entrar na história de Portugal onde Camões a deixou.
Sobre o Quinto
Império, Jorge Uribe explica: “O Quinto Império é uma tradição profética muito
extensa, muito grande, que vem de uma leitura de um texto hebraico, do
Livro de Daniel, que está no Antigo Testamento, mas que começa na
tradição cristã desde muito cedo a tentar descobrir que Nação será esse
Quinto Império definitivo. Estamos a falar de alguns
intérpretes de profecias ou dos pais da Igreja, mesmo – como, por
exemplo, Tertuliano – que começaram a tentar fixar qual ia ser essa
Nação definitiva. Trata-se de uma
tradição profética que está à procura da compreensão da revelação
última, da Nação última, e isto faz com que Pessoa, procurando essa
interpretação para Portugal, esteja a aproximar-se de uma tradição de
quase mil anos – do lado cristão, porque do lado hebraico são mais. São
grandes tradições, de grandes livros, de grandes nomes, de grandes
leituras, dos quais Pessoa era um constante seguidor. Realmente, o que
nos interessou, neste livro, foi aproximarmo-nos de um Pessoa leitor, um
Pessoa que está em constante contacto com centenas de livros e cuja
escrita depois reflecte o que ele aprende nestes livros”.
Certamente, a obra entra para a extensa bibliografia do poeta que em vida publicou pouca coisa, mas que deixou um baú que já tem entrado para a história como um grande achado ou fenômeno de estudos dos mais diversos.
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