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Mostrando postagens de fevereiro, 2012

Jorge Lucio de Campos

O poeta Jorge Lucio de Campos teve poemas seus incluídos na 3ª edição do caderno-revista 7faces , publicada em finais de 2011. Agora, está lançando pela Bookess e pela Clube de Autores, em versão impressa e em e-book, três coletâneas Os nomes nômades , Paisagem de noites e A realidade da pedra . Trata-se de uma versão revisada de suas cinco primeiras coletâneas, já esgotadas, Arcangelo (EdUERJ, 1991), Speculum (EdUERJ, 1993) , Belveder (Diadorim/UNESA, 1994) , A dor da linguagem (Sette Letras, 1996) e À maneira negra (Sette Letras, 1997) , agora reunidas nestas três.  Jorge Lucio de Campos é do Rio de Janeiro. Graduado em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) onde cursou ainda o Mestrado em Filosofia, o Doutorado e um Pós-Doutorado em Comunicação e Cultura. Atualmente exerce a profissão de Professor em Análise da Informação, Introdução à Arte Contemporânea, Pensamento e Visualidade e Questões de Estética e de Teoria do Design na Escola Superior de Des

O novo trabalho de Mariano Tavares

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Capa de "Sem parar". Fotografia Renato de Melo Medeiros Tendo iniciado sua carreira em 1994, fez o mesmo percurso que a maioria dos iniciantes fazem: tocou e cantou em bares e espaços culturais de Assu e Mossoró - onde é professor de Literaturas Norte-americana e Inglesa na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) – fazendo releituras personalíssimas da obra de artistas como Bob Dylan, Gilberto Gil, Lou Reed, Caetano Veloso, Alceu Valença, Morrissey, Adriana Calcanhoto, Leonard Cohen, Jards Macalé, entre outros. Ao mesmo tempo em que se aprimorava como intérprete, ele também foi compondo suas próprias canções, marcadas por uma musicalidade e uma poesia altamente sofisticadas, de uma beleza e requinte que ultrapassam as fronteiras da música pop. Fronteiras que também não existem em suas influências, que vão desde medalhões do cancioneiro popular brasileiro da primeira metade do século passado – como Lupicínio Rodrigues, Ary Barroso, Nelson Gon

Oscar 2012, sem surpresas

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Não fiquei esperando - como no ano passado - a saída das premiações principais. Mas, dando uma corrida de olhos pela lista dos vencedores não encontrei nenhuma surpresa. No ano em que o cinema encontrou-se consigo próprio e firmou-se metalinguístico - com filmes como O artista e As invenções de Hugo Cabret , dois favoritos ao prêmio de melhor produção, os ganhadores já estavam todos previstos.  O artista firmou-se o melhor de todos e levou a estatueta do Melhor Filme, seguido de As invenções que arremata Efeitos Visuais, Fotografia, entre outras categorias.  Meia-noite em Paris , Roteiro; Os homens que não amavam as mulheres , Edição; Meryl Streep, Melhor Atriz e  Dama de ferro  arremata ainda, Maquiagem.  Destaque é para o curta de animação The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore que levou o prêmio de melhor nessa categoria.

Millenium - Os homens que não amavam as mulheres, de David Fincher

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Por Pedro Fernandes Quando saía do cinema ouvi uma pergunta-comentário de alguém que também saía: "Afinal, por que Os homens que não amavam as mulheres se o filme inteiro não se constata isso?" Perguntaria a essa telespectadora se ela realmente viu o filme de uma ponta a outra. É evidente que foco ou o centro do filme não se firma nas sessões de violência contra as mulheres, mas isso constitui a camada sobre a qual está sobreposta toda sua trama. E, por falar em trama, é ela a que faz desse um filme brilhante. Diria que, para o padrão dos filmes atuais, é mesmo sofisticada.  Sem perder de vista, claro, também o padrão fotográfico da película de Fincher. Frio. E capaz de somente ele nos provocar a sensação de claustrofobia que, de certo modo, está aí presente. O cenário de tudo é a Suécia. O que um país de primeiro mundo, com índices sociais, de educação, saúde, democracia etc. no topo daquilo que os ranques classificam por índice de desenvolvimento humano tem a

Diálogo das Letras

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Outro dia, redigi uma nota para minha página pessoal no Facebook sobre uma ideia posta on line a não muito tempo, mas que vinha sendo gestada desde minha estadia como aluno no mestrado em Letras na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Campus Avançado Professora Maria Elisa de Albuquerque Maia, em Pau dos Ferros. Trata-se da revista eletrônica Diálogo das Letras . A ideia é uma iniciativa do Grupo de Pesquisa em Produção e Ensino do Texto, do Departamento de Letras, daquele campus universitário. Nasce com a proposta de tiragem semestral e com o intuito de publicar textos originais e inéditos (que não tenham sido publicados em outros periódicos ou em livros) resultantes de pesquisa e de trabalhos acadêmicos , teóricos ou empíricos, qualitativos e/ou quantitativos, vinculados à temática da produção e ensino do texto. A especialidade da revista, como todo veículo acadêmico são as produções escritas de artigos e resenhas. Para os primeiros textos aceitam-se, inc

Románico Digital

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Vista frontal da Igreja de Santa Coloma, em Andorra. É este o nome de uma plataforma eletrônica posta online por esses dias.  Románico digital pretende ser o maior portal na web especializado em arte europeia do século XI ao XIII. Aberto gratuitamente para os usuários da internet, o espaço enciclopédico abarca até agora um total de mais de 60 mil fotografias e informações sobre mais de 4 mil monumentos da Península Ibérica. As informações dão contas da história, detalhes, localizações e mapas.  A ideia é fruto de um projeto chamado Centro de Documentação de Arte Românica, criado pela fundação espanhola Santa María Real e seu objetivo é o de fomentar o estudo da arte e das formas de vida no período e cumpre ainda a missão (grandiosa) de alertar para o perigo de degradação desses monumentos.  A Fundação Santa María Real é, conforme a sua carta de intenções datada junho de 1994, uma instituição sem fins lucrativos com sede no monastério de Santa Maria Real de Aguilar de Campoo, p

Onde iremos parar

Por Pedro Fernandes Finalmente chegamos a 2012. E o ano letivo nas escolas públicas do estado do Rio Grande do Norte está prestes a se iniciar com mais uma greve de professores. A de número não-sei-quanto. Que a educação nunca foi meta de nenhum governo neste país, sabemos. Mas, no Rio Grande do Norte, aquilo que marca o mínimo esforço do estado para com ela não é cumprido. E não é de hoje. A crise por aqui se instala ainda há doze ou dez anos e vem se arrastando desde então. Diria que o caos é mesmo insolúvel. O atual governo assumindo uma proposta mirabolante de reconstrução da máquina administrativa, o que tem feito, somente, é poupar dinheiro para empregar não sei onde. E as duas desculpas esfarrapadas que se espalha aos quatro ventos são de que: não tem dinheiro suficiente para n coisas ou que o estado ainda cambaleia para cumprir os rombos deixados pela antiga administração. Disparate! No plano do sistema educacional, o que se alardeia é informatizá-lo. É um passo

A invenção de Hugo Cabret, de Martin Scorsese

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Por Pedro Fernandes Cena de A invenção de Hugo Cabret . Hugo (Asa Butterfield) e seu pai (Jude Law, em ponta para o filme) Quando assisti ao trailer para  A invenção de Hugo Cabret  não entendi qual a razão de ser este um dos filmes mais cotados ao Oscar de 2012. Mas um nome na direção me intrigou: Martin Scorsese. Raros foram os filmes do cineasta que me decepcionaram; para falar verdade, nenhum. Alguns do início de carreira são um tanto monótonos, mas o enredo, por exemplo, é sempre muito bem arquitetado. Quando nasce-se para ser grande, é grande eternamente. Essa afirmativa que dou sobre Scorsese poderia ser estendida como tema central do filme aqui em questão. E, logo, entenderemos o porquê. Voltemos ao trailer. Parece ser efeito do gênero: antes de guiar o telespectador na escolha do filme o de não dizer muito (na grande maioria dos casos) sobre o que será exibido. Tenho visto trailers muito bons e que me deparo com o filme, é uma decepção só. Nesse caso, o efeito foi ju

Jorge, amado Jorge

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Comissão de frente da Imperatriz Leopoldinense. Foto: G1.com Este foi o título dado ao enredo da escola de samba carioca Imperatriz Leopoldinense que viu no centenário de Jorge Amado, celebrado neste ano de 2012, e no colorido da obra do escritor baiano, a inspiração para montar um desfile.  Vendo um retrospecto dos desfiles e algumas imagens, me parece ter sido um das mais luxuosas das escolas postas no domingo na avenida do samba, muito embora tenha havido alguns problemas na evolução. Chamava atenção desde a comissão de frente inspirado num dos romances mais conhecidos do escritor baiano, Capitães da areia , composta por trapezistas coreografando formas de carrossel humano. Na obra de 1937, um grupo de meninos de rua sobrevive às custas de pequenos furtos na Salvador em constante evolução e o carrossel aí representa um instante de iluminação poética para a mudança de vida dos meninos, algo que a narrativa de Jorge Amado acompanha. Resta lembrar que este romance já merece

Van Gogh interativo

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Starry Night , de Vicent Van Gogh. O quadro hoje se encontra no Museu de Arte Moderna de Nova Yorque Entre 1889 e 1890, Van Gogh esteve internado num asilo em Saint Rémy Provance. Durante esse período dedicou-se a pintar todas as paisagens da região. O período é rico na sua carreira porque agora está desvinculado do impressionismo e se desenvolve um estilo muito próprio. Foi então que concebeu A noite estrelada , obra pintada de memória e não através de uma visualização da paisagem a ser retratada.   Agora, o artista grego Petros Vrellis criou uma visualização interativa através de um sintetizador que dá "vida" ao famoso quadro de Van Gogh . A simulação é simples, porém elegante, composta de fluidos que se formam suavemente quando o espectador to ca na tela. Se o sentido de movimento antes era deduzido pela forma de disposição das cores, agora o mover-se faz-se real pela capacidade de deformação da imagem que pode ser alterada na movimentação do flux

James Joyce para crianças (sem traumas)

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Uma das versões para a capa de The cats of Copenhagen , o inédito de James Joyce editado na Irlanda pela ITHYS PRESS Se James Joyce é complexo para os adultos (convenção questionável), resta lê-lo na "versão infantil" para saber se essa característica se revigora ou muda. Vou confessar que sou admirador do escritor por causa desse mito da leitura complexa - devo ter algum tipo de masoquismo por leituras do tipo - mas desconheço sua obra, tanto a "adulta" quanto a "infantil". A ITHYS PRESS, uma pequena editora da Irlanda anunciou, recentemente, a primeira aparição de uma versão impressa de um conto do autor de Ulisses. The cats of Copenhagen (Os gatos de Copenhague - tradução literal) é o nome da obra em questão. A edição que agora sai publicada é uma tiragem rara e especial de somente 200 exemplares. A modo de O gato e o diabo  (já editado no Brasil pela Cosac Naify), outro exemplo e parece que único apenas conhecido do Joyce "infan

90 anos de uma jovem rebelde

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Por Pedro Fernandes Por sequência: Capas do Programa e catálogo, por Di Cavalcanti; Capa do livro Paulicea desvairada , de Mario de Andrade, atribuída a Guilherme de Almeida; Capa da 1ª edição da revista Klaxon.  Fonte: Tumblr da Cosac Naify Ainda no ensino básico, nas afortunadas escolas que contam com lampejos de ensino de Literatura, há um período literário brasileiro que se demonstra como um divisor de águas no gosto dos adolescentes: o Modernismo. Digo divisor, porque existirão os que gostam da irreverência do movimento e o tratamento dado agora ao literário e os que terão mais um motivo para caracterizar a literatura como coisa-de-quem-não-tem-o-que-fazer ou coisa-chata.  O movimento - e aqui posso fechar o sentido do termo, porque a atitude dos que se envolveram direta ou indiretamente foi o de uma mobilização em torno de ressignificação de vários campos da arte - sempre é apresentado tendo a Semana de Arte Moderna como abre-alas definitivo para os rumos da literatur

Há literatura nas canções de amor

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Por Pedro Fernandes E como há. O mote para essas notas são na verdade dois: um, celebra-se hoje a data internacional conhecida por Dia de São Valentim; outro, é que o tema vira assunto nas páginas do blog Papeles perdidos. Num texto intitulado "Literatura en las canciones de amor inolvidables", Winston Sabogal, parte do entendimento comum de que há letras de canções de amor que nos agradam por razões diversas, seja por nos revelar (antecipar) algum segredo no rumo desse trilha da vida, seja pelo tom profético assumido por umas, seja ainda por outras ter a capacidade de reproduzir ou iluminar nossas experiências amorosas. Algumas entram em nossas vidas muitas antes de descobrirmos, experimentarmos e compreendermos o que lá se diz e outras parecem ter sido inspiradas pela nossa própria história, concorda o autor. O fato é que nos diversos casos essas músicas parecem ter sido escritas para nós, porque muito de nós aí se diz. Não importa se os críticos vão considerá-las c

Alguns recursos para celebrar o bicentenário de Charles Dickens

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A sede de leitura não é suficiente para se aproximar de determinados escritores ou das escritas suas. Suficiente é o tempo. Esse, que já noutra ocasião andei a falar mal dele. Mas, mesmo falando mal é insuficiente porque ele não nos dá trégua. Como por aqui não é um espaço apenas para aquilo que leio, mas também para aquilo que anseio ler, está aí notas sobre um escritor inglês que fecha este ano seu bicentenário de nascimento: Charles Dickens. ** Autor de clássicos como Oliver Twist (ido já por várias vezes para as telas do cinema) e David Copperfield , Dickens figura, nas palavras do príncipe Charles, por ocasião dos cerimoniais de comemoração ao bicentenário do escritor, como o que há de melhor na literatura de Inglaterra. Não será exagero a afirmação de Charles. O autor - para além da fama Best-Seller de seus romances e contos ainda durante o tempo em que viveu até os dias de hoje - é responsável por uma nova de fazer literatura na ficção inglesa, uma vez que, é

A casa de Molière

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Por Mario Vargas Llosa No final dos anos cinquenta, quando fui morar em Paris, embora fosse alguém paupérrimo, podia me dar ao luxo supremo de um bom teatro pelo menos uma vez por semana. A Comédie Française tinha as matinês escolares, não lembro se nas terças ou nas quintas, e nessas se representava as obras clássicas de seu repertório. As sessões ficavam repletas de crianças com seus professores e as entradas que sobravam eram vendidas ao público muito baratas, eram para o extremo do palco – de um lugar a partir do qual só se avistavam as cabeças dos atores – custavam apenas 100 francos (poucos centavos de um euro de hoje). As encenações podiam ser tradicionais e convencionais, mas era um grande prazer escutar o cadencioso francês de Corneille, Racie e Molière (sobretudo o deste último), e, também, muito divertido, nos intervalos, escutar os comentários e discussões dos estudantes sobre as obras que estavam vendo. Desde então me acostumei a ver regularmente a Comédi

carnaval

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Há uma linha tênue que separa as artes plásticas da poesia. E, em alguns casos, não poucos, uma se interpenetra na outra sendo impossível de, a olho nu, o leitor precisar o instante de princípio daquela e o instante de fim desta. Com esse propósito foi que convidei, ano passado, uma equipe de artistas a compor materiais a partir da obra literária de José Saramago a serem publicados numa edição especial lançada naquele ano sob o título de Variações de um mesmo tom: diálogos em torno da poesia de José Saramago (Selo Letras in.verso e re.verso). No rol dos convidados, uma artista plástica de Minas Gerais que coordena um já respaldado projeto de leitura por através da pintura de aspectos poéticos de obras diversas de poetas contemporâneos: Iara Abreu. A artista não só contribuiu com a edição em questão como colocou-me a par de outros artistas que igualmente contribuíram uns com material. Tenho, logo, um apreço com esses diálogos. Acho frutíferos. E a fim de mantê-los ininterruptamente,