José Régio
Por Pedro Fernandes
Já um tempo ouvi "Cântico negro" pela voz de Maria Betânia. O poema é de José Régio. Escritor co-fundador de uma revista batizada de presença, ainda em 1927. O periódico acabou por ser, não apenas o nome de uma revista, mas de uma fase do período modernista português que havia brotado com os seus precursores Álvaro de Campos (o poeta das Odes), Almada Negreiros e Mário de Sá-Carneiro, autores de Orpheu, outra revista literária de curta de vida e longa balbúrdia no meio intelectual lisboeta.
Nascido na Vila do Conde, distrito do Porto, José Régio, foi mais que poeta, de profissão regular, foi professor; ainda na escrita foi romancista, crítico literário, dramaturgo, ensaísta... e teve sua trajetória pelas artes plásticas... compondo-se "uma das mais lúcidas consciências literárias de seu tempo", definido por Isabel Cadete Novais, uma das coordenadoras do Centro de Estudos Regianos.
Indagado a definir seu estilo, o autor de Poemas de Deus e do Diabo - seu primeiro livro publicado (era 1925) e nunca ficado pronto - José Régio atribui a Flaubert e Tolstói suas maiores influências, seguido de Camilo Castelo Branco, Dostoiévski e João Deus, primeiro poeta que leu com a devida consciência e que ficou a amá-lo para sempre. E a lista se estende: António Nobre, Cesário Verde, Gomes Leal, Flaubert, Ibsen, Baudelaire, Stendhal, Eça de Queirós, Proust, Kafka, Musil...
O escritor morreu em 1969 e deixou uma extensa obra literária que podemos, depois de Poemas de Deus e do Diabo, citar na poesia O filho do homem (lido por José Saramago como o livro que o despertou a escrever poesia), no teatro Jacob e o anjo e El-rei Sebastião, no conto História de mulheres e no romance O jogo da cabra-cega.
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