Exposição Paisagem compartilhada, de Mauro Silper
Por Pedro Fernandes
Em agosto de 2011, era publicada a edição Variações de um mesmo tom: diálogos sobre a poesia de José Saramago, número especial do caderno-revista 7faces dedicado à poesia do escritor português. Nesta edição, vários artistas plásticos apresentaram suas leituras para trechos da obra saramaguiana. Um deles era o Mauro Silper, que enviou um conjunto de 10 telas organizadas numa exposição que eu chamei de “Variações em torno da obra de José Saramago”. Pois bem, o artista plástico mineiro está em parceria com Beatriz Abi-Acl, no período de 15 de dezembro até o fim desse mês, com a exposição Paisagem compartilhada. Isso no espaço cultural Otto Cirne Sede AMMG, Av João Pinheiro, 161, Centro, Belo Horizonte, Minas Gerais.
Para saber mais informações, basta ligar para (31) 32 91 21 01 ou mandar e-mail para o correio eletrônico galeriabeatrizabiacl@gmail.com.
Mauro Silper reside e
trabalha em Belo Horizonte. Sua trajetória artística é pautada por
participações em exposições individuais e coletivas além da conquista de
premiações, dentre as quais o “Prêmio APBA” de pintura da Associação
Paulista de Belas Artes em São Paulo. Suas obras pertencem a coleções
particulares e oficiais no país e no exterior, tais como France
Libertés, Fundation Danielle Mitterrand em Paris, França; Embaixadas do
Brasil na Espanha e na França; Museu Histórico Abílio Barreto, MG,
Brasil e Embaixadas no Brasil do Japão, Estados Unidos, Suíça, entre
outras.
A mostra Paisagem compartilhada reúne obras em aquarela e acrílica sobre cartão. Os artistas compartilham na
pintura o mesmo tema, a paisagem, e o mesmo suporte, o papel, entretanto a
gestualidade e a concepção são distintas, resultantes do olhar diferenciado de
cada um.
Beatriz
Abi-Acl tem a vivência nas montanhas e nas diversas viagens que realiza, transportando
para o papel a natureza estática das suas lembranças em natureza viva,
iluminada, declarativa. Com muita pesquisa e uma técnica apurada em aquarela,
ela apresenta duas séries, uma remetendo à paisagem mineira e outra à paisagem
europeia. Nelas se observam dois fortes elementos: a terra e o céu e, interligando-
os, sobressaem vigorosas montanhas: “Eu não pinto exatamente essa ou aquela
montanha, e sim a emoção que ela me causou.”
Silper
apresenta a série Vertentes produzida
utilizando tinta acrílica sobre papel cartão, na qual a paisagem natural é concebida
através dos fragmentos de lembranças, pinçados de algum lugar da memória
recente ou já distante no tempo. Sua pintura mescla realidade e suposição,
sendo dirigida ao espectador com voz particular, com intimidade poética. Com
leveza no traço e riqueza nos detalhes, o artista representa as várias vertentes
da paisagem montanhosa, ora incorporando elementos arquitetônicos, ora trazendo
elementos etéreos como a percepção do vento fluindo sobre o campo: “Desenvolvendo
esta série, busquei a fluência das cores se interpenetrando para provocar algo
que nunca tinha visto antes”.
Neste encontro
visual que deu origem às paisagens compartilhadas, Beatriz e Silper criam possibilidades
de interação entre aquarela e acrílica, urbanidade e natureza, leveza e vigor
culminando num vértice de recomposição da linguagem, que representa a verdadeira
confluência do pensamento plástico ancorado na simbologia das montanhas.
Aproveito a ocasião para agradecer publicamente o belíssimo cartão que o artista plástico me encaminhou ano passado e sobre o qual já havia comentado na minha página pessoal no Facebook.
Ligações a esta post
>>> Para ver o trabalho de Mauro Silper publicado na edição especial do caderno-revista 7faces, vá aqui.
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