As aventuras de Tintim, de Steven Spielberg
Por Pedro Fernandes
As aventuras de Tintim chega
às telas do cinema para ressuscitar o feitio das animações, que, diga-se, de
passagem não tem andado bem das pernas. A série de histórias de título francês
foi criada ainda em 1929 pelo belga Georges Remi ou, como chegou até nós, Hergé.
E Tintim é um jovem e aventureiro jornalista que, ao lado de seu cão Milu (nome
dado por Hergé em homenagem a uma sua namorada) vive as mais divertidas
histórias ao redor do mundo. Depois, uma série de outras personagens, à medida
que as histórias vão se expandido, vão entrando para a história principal.
Publicada
inicialmente como folhetim nos semanários, os quadrinhos foram depois adaptados
para outros suportes como o livro – totalizando 23 volumes – para revista, para
o teatro e, não demorou muito, também para o cinema, com sua primeira adaptação
em 1961, em Tintim e o
Mistério do Tostão de Ouro. Também se tornou em série para a televisão e em
jogos de videogame. As séries viraram fenômeno mundial para as histórias em
quadrinhos, sendo na Europa, uma das mais populares do século XX.
Com Tintim,
Hergé criou um estilo próprio para o quadrinho, seja pela dinamicidade, seja
pelo enredo bem elaborado, seja pela simplicidade no traço dos desenhos
reunindo numa só história gêneros que nascem na fantasia, passam pelo mistério,
espionagem e culminam na ficção científica.
Agora, em 2012,
sai a primeira de uma trilogia para o cinema. Spielberg comprou os direitos dos
quadrinhos pouco antes da morte de Hergé, em 1983, mas só em 2002, com a compra
pela Dreamworks para o cinema é que o projeto dá sinais de que viria para as
grandes telas. O primeiro filme – Tintim e o Segredo de Lincorne – foi lançado
como quadrinhos ainda em 1943 e vem junto com O tesouro de Rackham, o terrível
e Tintim no país do Ouro Negro. Por isso, Spielberg consegue reunir num
só longa já personagens como o capitão Hadoque, os atrapalhados Dupond e Dupont
e a diva de ópera Castafiore.
Para a crítica
essa fusão de histórias foi bem sucedida porque deu equilíbrio ao filme ao
mesmo tempo que não reuniu os diversos tons da narrativa de Hergé. Na trama,
Tintim adquire numa feira livre a réplica de um barco que parece está à cata de
muita gente, e gente perigosa. É quando – através do seu faro jornalístico –
Tintim descobre que a réplica integra a trilogia de um segredo para um tesouro
pirata escondido nalgum lugar do mundo. Daí
são aventuras e trapalhadas. A aparição do capitão Hadoque e de seu vício pelo
uísque darão um tom de humor ao filme, capaz de arrancar do telespectador boas
gargalhadas.
Seja por isso,
seja pela beleza do traço da animação, esse filme recupera não apenas a beleza
de se fazer animação, mas, sobretudo, recupera um tempo em que a infância tinha
boas histórias, com rico e elevado enredo para ler, elementos hoje totalmente
cauterizados por uma bestialidade que vê no senso infantil também uma
bestialidade.
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