Dois irmãos, de Milton Hatoum
Por Pedro Fernandes Este não é o primeiro romance do escritor Milton Hatoum. O primeiro é Relato de um certo Oriente , publicado em 1989 e logo vencedor do Prêmio Jabuti de Melhor Romance daquele ano. Dois irmãos é o segundo e é tão premiado quanto o primeiro: mereceu outro Jabuti e já figura até o presente em mais de oito diferentes idiomas. É este romance minha porta de entrada pela literatura do autor. Já havia lido – numa das tantas idas às livrarias – alguns contos esparsos da antologia A cidade ilhada (Companhia das Letras, 2009) e, claro, como já notifiquei noutras ocasiões, alguns ensaios escritos pelo Hatoum para a extinta revista EntreLivros . Não precisa dizer – mas vou mesmo assim fazer isso – que este romance me fisgou ponta a ponta. E há algumas razões que devo citar nestas notas. Primeiro, e isso deve ser uma observação corriqueira entre os críticos, é que Hatoum não é, à princípio, influenciado por dois modismos literários contemporâneos: as narr