Miacontear - O rio das Quatro Luzes
Por Pedro Fernandes Antes de tudo convém dizer que “O rio das Quatro Luzes” se situa na linha limítrofe do afeto e do desafeto, dos silenciamentos e do diálogos. Tomando como epígrafe um provérbio moçambicano é esta talvez a mais moçambicana das histórias de O fio das missangas . Nela se acomodam três distintas gerações - a um de velho que remonta os primórdios de África, cujos valores eram outros, a de um casal, filhos da geração desse velho, e um menino, a terceira geração, esta contemporânea, das infâncias cortadas. Chamei de “a mais moçambicana das histórias” pelo fato de os valores suscitados pela primeira geração irem de encontro aos valores da última geração - já de traços culturais totalmente ocidentalizados. “O rio das Quatro Luzes” possui o tom das lendas contadas para explicar o nascimento ou a existência de determinada coisa - no caso o nome para o rio que passa à frente da varanda da casa do narrador, rio este que não sei ser imaginário ou real, isto é, parte n