Miacontear - Os machos lacrimosos
Por Pedro Fernandes Aproveitando a máxima de que homem não chora, tão em vigor nos cenários sociais onde a figura masculina deve se portar como um autêntico da espécime, Mia Couto subverte o ditado com este conto “Os machos lacrimosos”. Também subverte a ordem de que o sorriso muda o mundo. Em tempos de espalhados risos - em sua grande maioria falsos-risos - o autor de O fio das missangas vem lembrar que o que essa humanidade carece não é dentes à mostra, mas sim, de lágrimas. O cenário é o Bar de Makatuane, onde, periodicamente, se reúne um grupo de amigos para distribuir entre eles prosa e riso. Até que um deles, Luizinho Kapa-Kapa, “o grande animador dos encontros”, muda o cardápio da prosa por uma notícia tristonha. Que história é essa não sabemos, mas sabemos que seu tom leva toda a macharada às lágrimas. O inusitado é que depois do secreto episódio, a prosa de lágrimas passar a ser lugar-comum e, nos encontros seguintes nenhum dos participantes quer saber dos gracejos