Liquidação, de Imre Kertész
Por Darío Villanueva Antes de B. que deu desde então nome a uma história macabra: sua mãe, uma judia húngara, havia conseguido a cumplicidade de blokova , a comandante polonesa da enfermaria hospitalar, para ser inscrita como a prisioneira eslovaca que acabava de morrer, o que incrementava as possibilidades de sobrevivência do filho que ia dar luz frente aos muito escassos judeus marcados com a letra A. Este episódio recorda o que narra Jorge Semprún em Viverei com seu nome, morrerá com o meu , e fala dessa evidência que o próprio Kertész relembrou em seu discurso de recepção do Prêmio Nobel: umas vezes como elogio, outras como censura, todo mundo diz que ele é um escritor monotemático, pois o Holocausto e suas experiências dos campos de concentração (Kertész também esteve em Buchenwald) marcam toda sua obra. Seu último romance ratifica esta sua condição de escritor obcecado pelo que chama “o mito de Auschwitz”, que entre outras coisas significa o reconhecimento de