Flannery O'Connor
Flannery O'Connor foi "apenas uma contadora de histórias", segundo suas próprias palavras. Mas ela não era apenas uma contadora de histórias. Em sua prosa, Flannery O'Connor encontrou, na verdade buscou, resgatar aos olhos de seus leitores, o estranhamento com que a Graça, o Mal e o Pecado Original, atuam neste vale de lágrimas. Esse estranhamento ocorre em nossas vidas quando o grotesco, a violência ou nossa incapacidade de reconhecermos que há uma inexpugnável diferença entre o que crermos ser o certo, e o que é certo perante os olhos de Deus. Este é o chamamento, o furor violento que Flannery usa tão bem em suas histórias para fazer-nos ver o bizarro que nos cerca, e assim, aceitarmos melhor nossa parcela nessa realidade criada para nós. Nascida no sul dos Estados Unidos (cujo imaginário coletivo remonta racismo, intolerância, lugar onde a odiosa América branca e conservadora cria e recria seus pecados ), filha de pais católicos, apaixonada por pás