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Mostrando postagens de 2011

Feliz Ano Novo

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É sabido de todos que Carlos Drummond de Andrade escreveu um poema que a essa época do ano costuma circular às pampas e que se chama  “ Receita de Ano Novo ” . O Letras in.verso e re.verso mesmo no cartão de Ano Novo de 2010 se utilizou de alguns versos. Esse ano, entretanto, quis  fazer algo que diferisse desse lugar-comum, mas sem perder o autor de A rosa do povo de vista.  É aí que me deparo com  “ Poemas de Dezembro ” , publicado na página do escritor mineiro no Projeto Releituras. Em 1963 Lázaro Barreto mandou para  o poeta um exemplar de seu livro Contos do Apocalipse Clube , já que estava dando seus primeiros passos no mundo das letras. Tocado pela situação de Barreto, que à época residia em uma pequena cidade mineira, Marilândia, Drummond, bem ao seu estilo, lhe escreve comentando a obra e começa uma troca de correspondências com o iniciante que durou mais de 20 anos. Os dois jamais se encontraram pessoalmente

Feliz Ano Velho, de Thiago Tonussi

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O ano de 2011 já finda. Mas não é 2012,  nem qualquer outro antes ou futuramente, um ano totalmente novo porque sabemos, dia 1.º tudo continuará como antes. Pensando por este trajeto é que o poeta Thiago Tonussi, autor publicado na 1.ª edição do caderno-revista 7faces , compõe, o poema “Feliz Ano Velho”; leia-o aqui . Uma bela forma de saudar os leitores do periódico pela data que se aproxima.  Para ler o poeta e outros autores publicados na 1ª edição do caderno-revista 7faces , acessa aqui .

O silêncio da água, de José Saramago

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Por Pedro Fernandes Como aquele  A maior flor do mundo , que foi, inicialmente uma crônica e depois virou um conto infantil, organiza-se, agora  O silêncio da água , um conto infantil oriundo de um fragmento do romance  As pequenas memórias . Antecipo, entretanto, que essa caracterização de “infantil” é um tanto quanto discutível por natureza, mas mais ainda em José Saramago, que considera algumas separações um tanto quanto caducas e pensa nas crianças como sujeitos com capacidades tanto quanto de adultas para lerem sobre determinados assuntos e determinadas histórias em determinados formatos. E mais: que os adultos padecem de uma necessidade de ler tais histórias, para, lendo-as, possam se reencontrar com a criança que um dia foram e, nesse movimento, se redescobrirem, inclusive, enquanto adultos. E  O silêncio da água  está aí como prova disso. Nasce de um romance em que o exercício da escrita – nesse caso, memorialístico – é o de uma volta à infância para reenco

Guerra e Paz, de Tolstói

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Vista lateral de Guerra e paz publicado pela Cosac Naify em tradução direta do russo para o português feita por Rubens Figueiredo. A obra também traz um texto de apresentação do escritor. É sim um grande romance – em todos os sentidos. No tema, na forma e na dimensão do enredo, 2 536 páginas. É mais um objeto de desejo construído pela Cosac Naify e que chega ao Brasil, pela primeira vez, em tradução direta do russo para o português. O trabalho conduzido pelo escritor/tradutor Rubens Figueiredo levou três anos para concluí-lo. Agora, fazer o design de um livro nessas dimensões é coisa para poucos. Ou, coisa para a Cosac Naify. Em texto de Elaine Ramos, responsável pela arte da casa editorial, publicado no blog da Cosac, registra-se que a dificuldade foi fazer um livro desse porte se tornar um convite à leitura.  A inspiração veio olhando para as edições de bíblias – que conseguem condensar suas páginas em grandes volumes compactos e flexíveis; a partir daí, asas

José e Pilar, de Miguel Gonçalves Mendes

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Por Pedro Fernandes “Todos os tempos tiveram coisas boas; todos os tempos tiveram coisas más; mas como comunidade a espécie humana é um desastre. É um desastre. Então, é muito difícil dizer que todo o tempo passado foi melhor. Medo? Nada... Nada... Não... não... Não gosto nada, claro, evidentemente. E agora que, enfim, com a idade que tenho... Então, digamos, que já está claro que, que a porta de saída já está aí... Não, não tenho medo da... Medo, não. Há uma coisa de que, realmente, não gosto nada, que é quando se diz: Ah, estar vivo, morrer, e tudo isso... Para mim, a morte é... Não sei o que será depois... Ou, no momento em que estiver a morrer... como o entenderei... Mas, para mim, a morte, neste momento, é a diferença entre ter estado e já não estar. Isso é que... Isso, realmente, é o que me chateia muitíssimo...” É com este depoimento para uma emissora, que se abre o documentário José e Pilar – obra-prima, já me adianto, que põe o telespectador-leitor próximo

Feliz Natal

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Porque tivesse mais tempo ou porque estivesse mais propício a agradar meus leitores e transeuntes, ano passado comecei ainda no dia 20 de dezembro a destribuir nos correios eletrônicos de meus contatos um cartão elaborado para essa época do ano. Este ano as coisas não sucederam no mesmo rumo e limitei-me a postar o tradicional cartão de Natal por aqui*. Os votos de Bom Natal não irá diferir, isso eu aposto. * Para visualizar melhor basta clicar sobre a imagem; caso queira guardar como lembraça, depois de clicar sobre a imagem bastar salvar normalmente direto no seu computador.

Descobrir Pinóquio

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Amantes do livro-arte, a Cosac Naify publicou neste mês de dezembro uma obra digna de presente de fim de ano: As aventuras de Pinóquio . A proposta da editora em redescobrir a famosa história do boneco de madeira, vem numa caprichada edição com tiragem limitada a 3 500 exemplares impresso em papel importado GardaPat Kiara, capa dura e impressão em  hot stamping . Nessas horas correr é necessário.  A tradução do famoso texto ficou a cabo de Ivo Barroso, que manteve o mesmo ritmo de folhetim associado a uma linguagem refinada e límpida do original de quando o livro foi inicialmente publicado – sob o formato de folheto para jornal. Na luxuosa edição o leitor ainda se depara com um texto inédito no Brasil do escritor Italo Calvino em que comenta sobre o clássico.  Pinóquio é uma rica metáfora acerca do rito de passagem da infância para a adolescência. Como texto metafórico que o é, Ivo Barroso preserva o tom irônico e o jogo linguístico construído por Carlo Collodi. Para o

Almada Negreiros

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Auto-retrato num grupo . Óleo sobre tela, 1925. Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, Portugal. O painel foi realizado por Almada Negreiros para o café A Brasileira e com ele o autor participou do Salão de Outono de 1925. “A vocação de Almada foi a de dizer-se , de afirmar-se , de passar a vida a ser-se Almada. ” " —  Eduardo Lourenço “A Raça Portuguesa não precisa de reabilitar-se, como pretendem os tradicionalistas desprevenidos; precisa é de nascer pro século que vive a Terra.” —  Almada Negreiros Este é um poeta que a crítica o tem como a figura mais polêmica do Modernismo português e assim o foi nas mais diferentes manifestações artísticas – na prosa, no teatro, na poesia e nas artes plásticas. Mas, na definição de Carlos Queirós “em tudo, e sobretudo, poeta. Ele próprio, humanamente, poeta”. Sua inquietude ou rebeldia não são gratuitas. Almada, além do olhar aguçado do poeta forma-se poeta de um tempo também de inquietudes e de rebeldias.

Ensino, pesquisa e formação de professores de Língua Portuguesa e de Literatura

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Por Pedro Fernandes Em agosto de 2010, o Campus Avançado Professora Maria Elisa de Albuquerque Maia, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, em Pau dos  Ferros, sediava a sétima edição do Colóquio Nacional de Professores de Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa e de Literatura. Na pauta muitas discussões acerca do atual estágio do ensino dessas duas disciplinas no âmbito da graduação e da educação básica.  No calor das discussões que deram forma aos três dia do evento pensei em, depois daí, sistematizar essas discussões num suporte capaz de ser acessível por uma grande público - seja aquele que estando numa determinada roda de trabalhos não poderia está em outra, seja aquele que não teve contato com esses debates. É daí, pois, que nasce a ideia de organização de um livro eletrônico. O suporte ainda inovador atenderia essa demanda. Aprovada a ideia por parte das Edições UERN, editora que se dispôs a publicar o material - que no catálogo dessa instituição é ma

O novo livro de Marize Castro

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Marize Castro. Foto: jornal  Tribuna do norte A poeta Marize Castro regressa à poesia em livro. Habitar teu nome  publicado pela Una Editora é a surpresa (boa surpresa) deste fim de 2011. O novo livro chega dois anos depois de Lábios-espelho . Esta é a sexta obra da poeta que começou a publicar em 1984 com  Marrons crepons marfins .   Neste percurso, a poesia de Marize Castro se tornou uma das mais importantes da cena literária brasileira contemporânea. Nelson Patriota em nota reproduzida na orelha do novo livro chama atenção para uma poesia “que se alimenta de sua própria substância interior de onde extrai um inesgotável repertório de variações.”   E outra vez encontramos, uma poética que, infiltrada na reentrância do corpo, do corpo feito palavra, canta seus afluxos e derivas. Neste livro, todo anseio é por encontrar na reentrância da própria palavra, como se esta fosse a concha que habita a fotografia da capa, uma maneira outra de ser, jamais presa, sempre liberta.   Ap

Um texto de Clarice Lispector

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"O que ela amava acima de tudo era fazer bonecos de barro, o que ninguém lhe ensinara." (Clarice Lispector) Sempre se ressalta, entre leitores e não-leitores, que a obra de Clarice Lispector é de estranha dificuldade. Toda vez que se repete o argumento deveria se dizer para toda obra difícil há um preguiçoso leitor. Obviamente que existem obras que nos cobram mais, mas alcançada a chave de acesso ao texto, o que nela encontramos é a mais pura expressão do maravilhamento, ou para repetir um termo caro à literatura da escritora brasileira, pura epifania .  Quer dizer, só uma maneira de romper com o vício do difícil e esta é da leitura contínua. Este é o único trabalho que um escritor entrega ao leitor: ler. E o leitor deve sempre se por de guarda; um texto é um pequeno mundo que nos cobra a tarefa de atribuir sentido, assim como fazemos ante todas as circunstâncias diárias, incluindo aquelas com sentido oblíquo.  A própria Clarice Lispector se questionava sobre as acusações d

Hora de Clarice

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Num ano em que o Instituto Moreira Salles (IMS) deu pulsão ao Dia D para o celebrar o poeta Carlos Drummond de Andrade, a atual editora que detém os direitos autorais da obra de Clarice Lispector espelha-se no bom exemplo e dá vazão a uma programação não aquém da do IMS para a escritora brasileira.  Batizado de "Hora de Clarice" o evento vem reforçar aquilo que já sabemos: Clarice é moda e figura indelével no panteão da memória comum dos brasileiros, afinal, e isso eu comentava outro dia na minha página do Facebook, ela, juntamente com Oscar Wilde e Fernando Pessoa são os escritores de quem mais se fabricam frases feitas, umas realmente ditas por eles, mas outras mais inventadas pelo bestiário popular. "Hora de Clarice" se realiza amanhã, dia 10 de dezembro, data em que a autora de A paixão segundo G. H. faria, se viva fosse, 91 anos. O evento congrega leitores e admiradores de Clarice nos vários centros do país. E em todos eles haverá alguma programação

Elisa Lispector, Retratos antigos

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Da esquerda para a direita, as irmãs Tania, Elisa e Clarice Lispector em fotografia tirada na década de 1920. Fonte: Ilustríssima . Folha de São Paulo  (reprodução) Na semana quando se celebra o aniversário de Clarice Lispector, a  Ilustríssima , caderno de cultura do jornal Folha de São Paulo , revirou a memória da família para reencontrar com uma irmã da autora de  A hora da estrela , também escritora: Elisa Lispector. Não será por razões de fazer justiça a uma memória na sombra. Ou talvez seja. Mas é que agora a Editora da UFMG publica sob organização da professora Nádia Battella Gotlib, profunda conhecedora da obra da irmã, um texto de Elisa,  Retratos antigos , acompanhado de dois cadernos de fotos, na maioria inéditas, que dão contas da família Lispector, no início do século XX.   Retratos antigos   é um texto autobiográfico e foi escrito por Elisa para a dar contas do passado familiar a uma sobrinha depois de crescida. Segundo matéria da  Ilustríssima ,   a história

Emily Dickinson - A branca voz da solidão

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por José Lira * Emily Elizabeth Dickinson (1830-1886) nasceu, viveu e morreu em Amherst, pequena cidade perto de Boston, Massachusetts, nos Estados Unidos. Veio ao mundo no seio de uma família cujo patriarca era advogado e político influente. Excetuadas breves ausências, como os dois anos em que frequentou um internato para moças, em uma cidade próxima, morou a vida inteira numa mansão na rua principal de Amherst, hoje um museu em sua memória. Viveu, depois de adulta, em completa reclusão, tendo passado cerca de 25 anos sem sair de casa e evitando até mesmo ser vista pelas visitas. Não foi sequer ao enterro dos pais. Vestia-se de branco e tinha sempre à mão um buquê de flores. O único contato que mantinha com o mundo exterior eram as cartas que trocava com um grande número de amigos e familiares, às quais gostava de juntar os seus poemas. Morreu solteira, mas há quem ache que teve alguns amores fracassados, um dos quais poderia ter sido a causa de sua voluntária solidão. Entre e

Lúcio Cardoso

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“Escrevo para que me escutem — quem? Um ouvido anônimo e amigo perdido na distância do tempo e das idades. Para que me escutem se morrer agora. E depois, é inútil procurar razões. Sou feito com estes braços, estas mãos, estes olhos e assim sendo, todo cheio de vozes que só sabem se exprimir através das vias brancas do papel, só consigo vislumbrar a minha realidade através da informe projeção deste mundo confuso que me habita. E também porque escrevo porque me sinto sozinho. Se tudo isto não basta para justificar porque escrevo. o que basta então para justificar alguma coisa na vida? Prefiro as minhas pequenas às grandes razões, pois estas últimas quase sempre apenas justificam mistificações insustentáveis frente a um exame mais detalhado.” (Lúcio Cardoso)¹ Todos os anos certamente têm seus nomes importantes para serem celebrados. E se Carlos Drummond de Andrade e Jorge Amado são os autores dos mais conhecidos a compor a cara de 2012, outro nome não pode deixar de integrar esse curto

As cartas do amor insondável entre Kafka e Felice

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Franz Kafka e Felice Bauer, Budapeste, julho de 1917 Em 16 de junho de 1913, Franz Kafka confessou a Felice Bauer que não era grande coisa. “A verdade e que não sou nada, nada do que se diz”, lhe escreveu. Imediatamente depois lhe explicava que não conhecia nada tão desastroso nas relações humanas como ele, e que tinha a impressão de que “não havia vivido nada”. E a isso dizia: a) que era incapaz de pensar e b) que tampouco sabia escrever, “nem sequer nada”. Pouco antes, depois de informar que estava doente, havia perguntado: “Quererás refletir (...) e chegar a uma conclusão a respeito se queres ser minha mulher?” Tudo está em Cartas a Felice , um título que reúne a correspondência entre Kafka e sua sempre namorada – a sempre insondável e enigmática relação entre um escritor sempre atormentado com a escrita e uma mulher um tanto compreensiva (ou apaixonada demais?) com tudo isso. “Eu perderia minha solidão, que em sua maior parte é horrível, e te ganharia, a quem amo mais que nen