Rubens Figueiredo




Ele foi o ganhador da última edição do Prêmio Portugal Telecom. E é hoje um dos escritores mais promissores da literatura brasileira atual. Mais conhecido como tradutor, um dos melhores do seleto grupo de brasileiros que têm povoado nossas livrarias com excelentes traduções diretas do russo para o português, tendo traduzido obras de referência como Infância Minhas universidades de Maksim Górki; O assassinato e outras histórias de Antón Tchekhov, Pais e filhos, de Ivan Turguêniev, Anna Karenina e Guerra e paz, de Tolstói - todos publicados pela Cosac Naify. 

Esse trabalho de tradução não se restringe aos russos. Da sua mão já saíram para o português autores como Paul Auster, Philip Roth, Martin Amis, Nathaniel Philbrick, Susan Sontag, Alberto Manguel, V. S. Naipaul, Cornell Woolrich, Saul Bellow, Colm Tóibín, Raymond Carver,  entre outros, constando uma versatilidade na língua inglesa e espanhola. 

Formado em Letras/ Russo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),  Rubens Figueiredo foi professor de tradução literária na Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio), e começou sua carreira como romancista publicando, em 1986, O mistério da samambaia bailarina, uma divertida narrativa que flerta com o modelo da literatura policial.  

No ano seguinte publicou Essa maldita farinha, em que novamente aposta no registro do humor e da intriga policialesca; o livro foi acrescentado, inclusive, a uma coleção de títulos do gênero, Coleção Negra, editada pela Record. Depois vieram A festa do milênio (1990) e O livro dos lobos (1994). Naquele, um arcebispo nadador assombrado pelo fantasma de Santo Agostinho e um governador amante de festas que espalha perplexidade com suas atitudes e seu discurso extravagante são algumas das figuras que organizam outra vez uma narrativa que prima pelo mistério. 

O livro seguinte foi integralmente reescrito para a edição mais recente, saída em 2009. É a investida de Rubens Figueiredo no conto. O livro dos lobos registra sete textos em que as personagens são figuras comuns marcadas pelo confronto diário com perguntas e enigmas dos quais são objetos e não autores.

Depois vieram As palavras secretas (1998), outro livro de contos e com o qual foi o vencedor do Prêmio Jabuti de Literatura e do Prêmio Artur Azevedo de contos pela Fundação Biblioteca Nacional; depois, Barco a seco (2001), com o qual ganha novamente o Prêmio Jabuti um ano à frente; ainda Contos de Pedro (2006). 

Sua publicação mais recentes foi Passageiro do fim do dia (2010), publicado ano passado e vencedor do Prêmio Portugal Telecom. Situado no plano interior de uma personagem enquanto transita de ônibus para o bairro do Tirol, onde vive, o romance é um registro pungente de um mundo em movimento, complexo, e possibilidade de dizer um tempo marcado por outras vias diversas de opressão. É, certamente o melhor trabalho ficcional de Rubens Figueiredo, um escritor para colocarmos na lista de atenção do que se produz na literatura brasileira em curso.


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