Nei Leandro de Castro
Por Pedro Fernandes
Ontem, 17 de outubro de
2011, acompanhei o bate-papo do escritor Nei Leandro de Castro com alunos do
curso de Letras da Universidade Potiguar, evento que ocorreu dentro da
programação da Semana de Ação Potiguar de Incentivo à Leitura. Foi um
privilégio conhecer e ouvir o escritor potiguar, que morando no Rio de Janeiro,
vem poucas vezes ao Rio Grande do Norte.
Ouvi um Nei Leandro
extrovertido e comentando fatos peculiares sobre suas personagens e alguns de
seus trabalhos, seja como poeta, seja como cronista, seja como romancista.
Nei Leandro de Castro tem
já uma vasta obra e integra um seleto grupo de escritores brasileiros que têm
uma aceitabilidade quase que unânime pelo público comum. Isso se deu graças ao
lançamento nacional de O homem que desafiou o diabo, filme produzido com base
em As pelejas de Ojuara, mas também pelo conteúdo da sua obra e a sua escrita.
Nei é forte apaixonado pela literatura e o vocabulário popular que dão ao
escritor subsídios mais que suficiente para a produção de seus romances, por
exemplo. Esse interesse faz do escritor um dos poucos que não tem todas as suas
raízes no fatídico regionalismo ou nos romances urbanescos. E em muito deles o
que prevalece mesmo é uma espécie de realismo fantástico, como é notório, para
ficar no romance do qual falamos, no desfecho da personagem Ojuara em As
pelejas.
No âmbito da poesia,
Nei Leandro foi um dos precursores do Poema Processo, movimento desencadeado do
Concretismo, muito embora o escritor admita que teve uma pouca inserção nas
atividades do grupo. Nei faz-se romancista – mais tarde – pela poesia. Foi ainda
com 16 anos que o escritor escreveu seus primeiros versos, satirizados pelo pai
e a roda de amigos da família que viam no trabalho com verso uma atividade
maricas. Constrangeu, segundo o autor, mas não o fez desistir de escrever
poesia. E aos 19 anos ganha seu primeiro prêmio como poeta. Desde então
escreveu poemas eróticos – veio que se infiltra na sua prosa romanesca – que tiveram
boa recepção até pelo Carlos Drummond Andrade, poeta execrado pelos do
movimento do Poema Processo. Fato, aliás, que Nei faz questão de dizer não ter
tido sua colaboração. Da leva dos eróticos, destaque para os dois volumes Zona
Erógena e Era uma vez Eros.
Já o Nei romancista,
além de As pelejas de Ojuara publicou também As Dunas Vermelhas, romance
ambientado durante a insurreição comunista de 1935 na capital potiguar e que,
mistura fatos históricos e ficção literária. Seu mais recente trabalho foi A Fortaleza
dos vencidos, trama que segue itinerário semelhante ao d’As Dunas e reeditou O
dia das moscas, que foi de fato seu primeiro romance, publicado em 1983.
O Nei cronista aparece desde há vários anos nas páginas do diário Tribuna do norte. Parte delas, 71, aparecem publicas em Rua da Estrela, numa edição do Sebo Vermelho.
Nei Leandro é de Caicó.
Nasceu em 1940 e foi redator, diretor de criação, colaborador para O Pasquim,
Jornal do Brasil e O Globo.
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