Fecha-se um diário

Por Pedro Fernandes


Pintura de José Santa-Bárbara para Memorial do convento


A coluna chamou-se Diário de bordo. O propósito dela não sei se chegou a ser atingido. Descobri com ela que sou - não pouco, mas muito - displicente com essa história de escrever sob encomenda e sobretudo sob obrigação. Posso mesmo afirmar com todas as letras que não sirvo para isso e que sou totalmente irresponsável. Talvez se algum dia vier a ter alguma coluna num jornal eu aprenda a lidar com isso. Mas, desde já, que fique claro: sofrerei um tanto.

O nome diário acabou sendo aqui totalmente violado porque não foi uma escrita diária (e eu bem que alertei já no primeiro post da série) o que se fez durante o período em que estava escrevendo minha dissertação de mestrado. O resultado, entretanto, está pronto e, dentro em breve, espero que ele renda ainda mais. Defendido no último dia 16 de março, o texto, ora intitulado Retratos para a construção da identidade feminina na prosa de José Saramago se constitui num trabalho de muita riqueza pessoal adquirida da leitura de uma obra em si também de extrema riqueza.

Sou grato a José Saramago por tudo. Pelo escritor que é, pela pessoa que foi. Com ele, não meço palavras, aprendi, e muito, a ter um olhar afiado para a realidade que ocupo. Com ele tenho crescido crítica e intelectualmente, seja pela obra-prima que deixou, seja pela personalidade que teve. Agora que o trabalho foi defendido e está sob análise para possível publicação, dou por fechada essa coluna.

Abaixo, reproduzo o texto que deveria ter sido lido no encerramento da sessão de defesa, mas que o tempo não me permitiu. Esse texto trago a este espaço porque se constitui num apanhado emotivo e pessoal sobre o trabalho que foi a escrita dessa dissertação. Trata-se de um texto muito particular. As situações e os nomes nele apresentados dizem respeito unicamente a mim, entretanto, acho por bem compartilhá-lo.


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