De pôneis malditos eles não têm nada


Por Pedro Fernandes


A propaganda pegou. Foi bem-quista pelo público. Mas o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (CONAR) não fechou os olhos para o joguete publicitário da Nissan. Falo, evidentemente, do caso de mais um processo investigativo aberto pelo conselho para com uma propaganda do gênero. E parece que o processo vingou. Apesar de os meios de notícia não ter divulgado nada se a propaganda foi ou não proibida (ficou de sair uma decisão no dia 8 último), o fato é que os telespectadores (pelo menos na TV) estão em jejum dos “pôneis malditos”.

Se a propaganda foi censurada não sei, o fato é que acho justa a atitude do CONAR. Desde a primeira vez quando vi a propaganda entendi o seu texto como depreciativo e preconceituoso. A propaganda – que não tem nada de criativo –  se utiliza da materialidade cultural do universo infantil para tratar de rivalidade adulta. Incita, desse modo, através do uso da imagem e do som uma co-participação da infância a uma atitude alheia a seu universo.

O termo “maldito” é o mentor discursivo que reforça esse caráter. Estão implícitos aí elementos de másculo, força, virilidade como melhores e superiores a seus antônimos. O colorido visual do trecho no qual aparecem os pôneis, pelos elementos que a propaganda suscita, incita atitudes de deboche e preconceito até para com o universo GLS. É claro que uma análise mais acurada da tessitura verbal do filme, bem como da sua semiótica, haverá de encontrar ainda muito mais danos do que sonda nossa ingênua visão superficial das coisas. Retirá-lo da TV, pois, é, sim, uma atitude mais que sensata. 

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