Milton Hatoum



Poucos são os escritores brasileiros contemporâneos que dão novo fôlego à Literatura Brasileira. É fato que os grandes escritores hoje se contam nos dedos das mãos e ainda ficam dedos órfãos. Não é que não seja conhecedor da própria literatura. Tenho minhas limitações. Isso é fato. Mas quando faço essa constatação faço pensando no que define um escritor como grande. 

E é verdade que não é necessário ser nenhum mago - perdoem-me o trocadilho aos leitores de Paulo Coelho - ou nenhum bruxo de vendas - novamente perdoem-me - mas o fato é que ser um escritor que reinvente a linguagem e-ou o ato de narrar constitui, na minha ingenuidade, num dos fatores para ser-se grande. Assim vejo Guimarães Rosa, Clarice Lispector, João Cabral de Melo Neto, Carlos Drummond de Andrade, para ficar nesses quatro nomes... E é aí que dou com um que não é tão desconhecido, mas que ainda necessita dos leitores brasileiros uma leitura mais acurada de sua obra. Falo de Milton Hatoum. 

Verdade é que não fui, ainda, iniciado na literatura desse escritor. Dele tenho bom conhecimento apenas dos ensaios publicados na extinta Revista Entrelivros. Mas é fato que Hatoum é, sim, um grande romancista. Nascido em 1952, em Manaus, onde passou sua infância e parte de sua juventude, Hatoum morou em Brasília, São Paulo (aqui formou-se em Arquitetura pela Universidade de São Paulo), Madri e Barcelona (foi bolsista nessas duas cidades espanholas), Paris (aqui estudou Literatura Comparada na Sorbonne), Califórnia... 

Hatoum é, por que não, um passageiro do mundo, mas o mundo de seus livros nunca deixou a atmosfera e o ambiente manaura. Os seus grandes romances tem na capital do Amazonas seu porto de ancoragem: um deles, é o seu primeiro romance, que veio a lume em 1989, Relato de um certo Oriente, vencedor do Prêmio Jabuti de melhor romance; depois, Dois irmãos, publicado em 2000; Cinzas do norte, de 2005, este vencedor de cinco diferentes e importante prêmios - Portugal Telecom, Grande Prêmio da Crítica APCA, Prêmio Jabuti, Prêmio Livro do Ano da CBL e o Prêmio BRAVO! de Literatura; nesse ínterim, publicou ainda Órfãos de Eldorado.

Além da produção romanesca, Hatoum tem ainda publicações no gênero conto - A cidade ilhada - crônicas - Crônicas de duas cidades: Belém e Manaus, publicado em parceria com Benedito Nunes - poesia - Amazonas, palavras e imagens de um rio entre ruínas - ensaios, críticas e literatura infanto-juvenil.

Ligações a esta post:
>>> Notas sobre Dois irmãos
>>> Milton Hatoum escreve sobre a obra de Clarice Lispector


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