Zila Mamede para as telas
Por Pedro Fernandes
Fotografia de Aurora Leão. Em cena a atriz Rosamaria Murtinho como uma mulher tomada pela poesia de Zila Mamede |
A novidade vem numa matéria assinada pelo repórter Yuno Silva para o caderno Viver, do jornal Tribuna do norte. Trata-se do
curta Pegadas de Zila, rodado entre Natal e Rio de Janeiro pelo diretor
potiguar Valério Fonseca. O filme de 11min tem sua estreia nacional no Teatro
José de Alencar, em Fortaleza, durante do Festival Cine Ceará. O filme
tece colcha poética de retalhos tendo como protagonista a atriz Rosamaria
Murtinho, na pele de uma mulher que revive e passeia pelas memórias da
poeta potiguar que muito sonhava em conhecer o mar.
O projeto do curta surgiu em junho de 2010, quando, segundo Valério, voltava de um festival de cinema em Jericoacoara. Na época o diretor fora participar com o curta Maria Ninguém e passava por Natal para rever a cidade. Foi quando ele começou a filmar lugares onde passou sua infância. Valério é radicado no Rio há quase vinte anos. Quando chegou à Praia do Meio, Valério conta que ficou encantado com as imagens captadas e, apesar de conhecer pouco a poesia de Zila Mamede, o nome da poeta não lhe saía da cabeça – sabia da relação que ela tinha com o mar e de sua morte trágica, em 1985, quando nadava no Rio Potengi. É daí que surge o Pegadas de Zila.
O filme foi realizado sem o amparo de leis de incentivo ou editais públicos e levou cerca de 10 meses para ficar pronto. O filme marca-se pelo tom onírico advindo da experimentação do diretor em não se prender a formatos; seu interesse, segundo comenta ao repórter Yuno Silva, é o de não produzir um documentário e nem uma obra de ficção. Como na vida da poeta, o mar é a grande personagem no filme. Rosamaria Murtinho também não interpreta Zila, seu personagem se confunde com a figura da poeta. O filme é fechado com o poema “A Ponte”, musicado por Dudé Viana, o músico que compôs a trilha sonora para o curta.
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Sobre Zila Mamede, este blog já publicou um série de posts especiais incluídos numa sessão chamada de Itinerários da poesia de Zila Mamede. Também como editor do Caderno-revista 7faces organizei a sua 1a. edição em homenagem a poeta potiguar. Zila Mamede é, para a literatura no Rio Grande do Norte, uma ilha, como foram Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo Neto para a literatura brasileira e mundial. Sobre este último poeta, inclusive, Zila chegou a organizar uma edição publicada como Civil Geometria. Sua mais famosa obra é O arado. Além de poeta, Zila tem importância como a primeira bibliotecária do estado.
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