Retrato de um desconhecido, de Nathalie Sarraute
Por Javier Aparicio Maydeu Nathalie Sarraute, 1983. Foto: Thierry Martinot. Do tédio considerado como uma das belas artes. Do tédio como diversão (ou da quadratura do círculo). De intriga considerada um incômodo. Do narrador onisciente considerado como uma falácia e do personagem considerado um estorvo para a escrita desenfreada, para a única ficção verdadeira segundo os pressupostos neovanguardistas do nouveau roman forjado por Alain Robbe-Grillet contra a tradição narrativa, cujo surgimento aconteceu em 1955, com a publicação do romance de referência, A espreita , e mais tarde, em 1961, com a primeira edição de Por um novo romance , seu polêmico manifesto. Sem enredo, morto o herói, sem configuração de personagens, nem psicologia, nem narrador onisciente, nem referências históricas ou sociais, nem sentido figurativo ― nem metáforas, nem símbolos, nem alegorias ― nem nada que não possa ser apreendido pelos sentidos, o nouveau roman ― ou o romance objetivista ou l'école du rég