Ricardo Domeneck
Por Pedro Fernandes
Ricardo Domeneck. Foto de Amós Fricke. Disponível no blog de Sylvia Beirute |
A primeira vez que li esse nome - Ricardo Domeneck - foi quando em conversa com o poeta Leontino Filho, antes de sua palestra sobre Raduan Nassar, em agosto de 2008. Leontino Filho me apresentava uma coleção chamada "Ás de colete" lançada pelas editoras 7Letras e Cosac Naify em 2007 e entre os títulos estava a cadela sem Logos.
Nascido em Bebedouro, São Paulo, 1977, Domeneck vive há sete anos em Berlim, onde dá aulas de inglês e organiza perfomances multimídia, entre outras atividades. Descobriu a poesia na adolescência, quando estudava nos Estados Unidos, lendo Poe, Walt Whitman, Emily Dickinson e Salinger. Entre seus poetas favoritos, costuma citar autores franceses, estadunidenses, argentinos e portugueses e, com certo desdém, diz não está interessado nas "intrigas de boteco" da poesia brasileira, ainda que alguns nomes lhe chamem atenção, como Paulo Leminski, Hilda Hilst, Murilo Mendes, Orides Fontela.
A ele não lhe interessa filiações a determinadas correntes literárias que por aqui se formaram. "Com efeito, é difícil filiar seu trabalho poético às grifes de que dispomos: modernismo, cabralismo, concretismo, o lirismo marginal da década de 1970 ou a poesia pós-utópica e 'refinada' dos anos de 1980 e 90. Trata-se realmente de um poeta desterrado, rompido com a tradição nacional, embebido de poesia estrangeira, da filosofia de Wittgenstein, das perfomances de John Cage, da arte de Lygia Clark e Nan Goldin, da música de Björk e Yoko Ono, do cinema de Kieslowski e Lars Von Trier." (cf. Ivan Marques em A vertigem do arbitrário).
A ele não lhe interessa filiações a determinadas correntes literárias que por aqui se formaram. "Com efeito, é difícil filiar seu trabalho poético às grifes de que dispomos: modernismo, cabralismo, concretismo, o lirismo marginal da década de 1970 ou a poesia pós-utópica e 'refinada' dos anos de 1980 e 90. Trata-se realmente de um poeta desterrado, rompido com a tradição nacional, embebido de poesia estrangeira, da filosofia de Wittgenstein, das perfomances de John Cage, da arte de Lygia Clark e Nan Goldin, da música de Björk e Yoko Ono, do cinema de Kieslowski e Lars Von Trier." (cf. Ivan Marques em A vertigem do arbitrário).
Ao comentar sobre sua poesia em a cadela sem Logos, Sylvia Beirute assim o define: "Os poemas, de leitura rápida, e com um sentido de ritmo assinalável, são um olhar sobre (e sob) um quotidiano em fuga, um quotidiano de impessoalidades, revelações parciais, máscaras de alheamento feroz. Há nesta poesia um sentido de deslumbramento, como se a visualização do movimento urbano, com os seus personagens, pudesse alterar a clarividência com que se toma o ser biografado, puxando-o para uma realidade diversa. A meu ver, os seus sujeitos poéticos começam sempre com uma massa de carne e alma, tomando forma à medida que o poema se desenrola, até pela deambulação constante de quem canta no interior de sua voz. Esta deambulação é, contudo, equilibrada e temperada por um sentido de reflexão que brilha no fundo de cada emoção electrificada." O que vem definir sua poética como uma rede sígnica em constante movimento, feita numa procura sobretudo de chegar a um ponto que ao pretender-se fixo não se fixa, é todo trânsito.
Além de a cadela sem Logos o poeta também publicou Carta aos anfíbios, seu livro de estréia, em 2005; When they spoke I / confused cortex / for context, em Londres, 2006; Corpos e palanques , 2009; e Sons: Arranjo: Garganta, 2009. Ultimamente vem realizando experimentos em que mistura poesia, vídeo e performance. Abaixo, segue um vídeo-performance Garganta com texto exibido no Entrelinhas, programa da TV Cultura, em 2006.
* Texto composto com notas de Ivan Marques em "A vertigem do arbitrário", texto publicado na edição 25 da Revista Aletria e notas de Sylvia Beirute.
Ligações a esta post:
>>> O poeta também mantém um blog, Rocirda Demencok
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