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Mostrando postagens de fevereiro, 2011

Benedito Nunes

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Benedito Nunes. Foto de Luiz Braga. Fonte: Revista Brasileiros Nota:  Defini-lo como autodidata como tenho lido nos poucos espaços que se sensibilizaram com a morte do professor Benedito Nunes é insuficiente, afinal todo intelectual tem em sua natureza o autodidatismo; já não é, portanto, um elemento que o isole em diferença dos demais. Não fosse isso não seriam intelectuais. Mas hoje li um texto na Revista Brasileiros , edição 25, de 2009 , cujo link encontrei no mural do Facebook disposto pelo meu companheiro de rede social Cristhiano Aguiar,   que rende a justa homenagem a este homem que partiu ontem de mãos dadas com Moacyr Scliar; reproduzo parte a seguir: Benedito Nunes, o iluminista dos trópicos Por Adriana Klautau Leite Em um de seus encontros com Benedito José Viana da Costa Nunes, em Belém do Pará, Clarice Lispector lhe disse: “Você não é um crítico, mas algo diferente, que não sei o que é”. A escritora tinha razão ao demonstrar a dificuldade em rotular a o

A arte de fazer livros

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Por Pedro Fernandes Sem propagandas, mas nós leitores sabemos que os livros produzidos pela Cosac Naify têm algo além dos preços assombrosos: o esmerado zelo na composição das publicações que nos entregam. Em alguns casos, são quase livros-arte. É talvez a primeira vez que algo assim sofisticado, continuamente, se pratica no nosso pequeno e maltrapilho mercado editorial. Até quando durará? Isso não sabemos, mas devemos aproveitar.  A nova publicação da casa é um exemplo do que dissemos e um convite ao deleite. Editaram simplesmente um livro-chave para a literatura moderna e de vanguarda na Argentina e na América Latina:  Museu do romance da eterna , do escritor argentino Macedonio Fernández. E para um desses livros inclassificáveis, a editora propôs um projeto editorial semelhante. Antes, alguns detalhes do romance e depois olhamos a sua primeira edição brasileira. Macedonio Fernández nasceu no dia 1.º de junho de 1874, em Buenos Aires, cidade onde viveu até 10 de fevereiro de 1954

A descida – Variações em torno do tema

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 Como afirma Ronaldo Lins, em  Violência e literatura , a partir do século XIX, período em que o romance atinge seu apogeu, a viagem recriada na literatura parecerá sempre uma descida aos infernos, tanto interior como exterior, indicando uma crescente incerteza nos homens ou talvez indiciando que um mundo tão cheio de certezas até aquele século, estava agora recheado de insegurança e perigos ou teria se transformado no grande espaço-incógnita de que fala Ricardo Gullón. O tema da descida na ficção, um aspecto que envolve diretamente a maneira como determinado autor utiliza o espaço em suas obras, sob a forma de variações ou figurações da viagem aos infernos, aparece frequentemente na literatura de todos os tempos. ... O tema da descida ora assume a forma do mito de Orfeu, usando de suas habilidades musicais para comover os deuses infernais e conseguir recuperar Eurídice no império subterrâneo – e fracassando por ceder à curiosidade e quebrar a proibição, olhando para trás

Macondo, o nascimento de uma cidade literária

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Quem leu Cem anos de solidão , de Gabriel García Márquez sabe que   Macondo é "uma aldeia de vinte casas de barro e taquara, construídas à margem de um rio de águas diáfanas que se precipitavam por um leito de pedras polidas, brancas e enormes como ovos pré-históricos". Dizem que Macondo foi baseada na cidade da Aracataca, onde García Márquez viveu parte da sua infância. Macondo era o nome de um bananal que se localizava nas imediações da cidade. Dizem também que Macondo foi inspirada por Yoknapatawpha Country de William Faulkner, embora muitos digam ainda que o escritor não havia lido nenhuma peça de Faulkner enquanto escrevia o romance. A cidade aparece pela primeira vez no livro A revoada  para depois ser protagonista em Cem anos de solidão . Em péssima hora , outro romance de García, Macondo é retomada fazendo uma ligação evidente entre os dois romances. Em Cem anos de solidão , a cidade cresce a partir de um pequeno assentamento com quase nenhum contato

O discurso do rei, de Tom Hooper

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Por Pedro Fernandes Comentando informalmente este O discurso do rei disse que esperava mais do filme. E reitero minha expectativa. É um bom filme, mas daí chegar a ser grande, não. Tomando do escopo histórico de transição de reinados na Grã Bretanha de meados da década de 1940, a narrativa do filme se constitui em torno de um problema de gagueira do Princípe Albert - problema aparentemente simples mas que ganha uma dimensão sem fronteiras quando se trata de quem o padece. Diria que esse filme tem uma pitada de Cisne negro . Ambos são filmes que tem   a busca pelo autocontrole, a exigência, o julgamento e a dedicação, como elementos modeladores de seus protagonistas. No mais, firma-se aqui outro ponto de semelhança com o filme de Aronofsky, ganha destaque o modo como somos conduzidos aos bastidores da família real. Em Cisne negro adentramos aos bastidores da cena artística da dança. Acho que o Hooper foi feliz com o modo como pensou esses bastidores - sem vanglorismos e coloc

A história de uma foto

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Por Pedro Fernandes José Saramago por Helena Gonçalves. Fonte: Site da Fundação José Saramago Ao compor o vídeo para divulgação do Caderno-revista 7faces - edição especial sobre a poesia de José Saramago fiz uma pesquisa significativa dentre os arquivos de imagem que disponho no meu computador. Não pestanejei em usar uma foto do escritor feita pela fotógrafa Helena Gonçalves. A foto foi inédita até setembro de 2010, quando apareceu numa exposição organizada pela neta do escritor, Ana Saramago Matos e logo foi publicada na página da Fundação José Saramago. Agora, dou com um texto publicado no jornal português  Diário de Notícias acerca da imagem.  A exposição inaugurada tomando como escopo o fatídico dia 11 de setembro traz várias personalidades colocadas em situações um tanto quanto claustrofóbicas. Na imagem de José Saramago, por exemplo, vê-se o escritor em trajes de homem-bomba armado com livros.  "Fiz esta foto em 2007, ele [José Saramago] estava em boa forma, subi

A 18, encontro com José Saramago (VIII)

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Inciativa posta na rede desde o dia 18 de julho de 2010; todo 18 de cada mês durante nove meses leitores saramaguianos do mundo inteiro reúnem-se para ler um fragmento de sua obra e brindá-lo com uma taça de vinho. Este blog segue a iniciativa. Aproveitando os últimos acontecimentos no Egito e em outros países para o fim das ditaduras, a Fundação José Saramago, mentora dessa iniciativa de leituras da obra saramaguiana propõe a leitura de o  Ensaio sobre a lucidez . Uma série de episódios desse romance são de uma precisão e riqueza simbólica muito forte - desde o voto branco, passando pelos episódios de retirada dos políticos, as luzes acesas da cidade... O fragmento que cito hoje, é esse: Manifestantes antigoverno seguram velas durante vigília na praça Tahrir, Cairo, Egito. Foto: AP. O plano de retirada a que finalmente se chegou era uma obra-prima de acção táctica, consistindo basicamente numa bem estudada dispersão dos itinerários com vista a dificultar ao máximo con-centrações

Quando cada detalhe vale a pena

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Por Pedro Fernandes Numa das muitas pesquisas por imagens de José Saramago para composição das galerias do Caderno, além das horas básicas em frente ao computador coletando informações, nada deve passar aos olhos. É às vezes um pequeno ícone - à primeira vista - para ficar diante de uma grande descoberta. Alguma imagem rara que, dificilmente, conseguiria, dada as limitações, tão facilmente. Assim foi para uma foto dos avós do escritor, que segundo informações da página de onde coletei, data de 1960, e não é aquela foto já clássica exposta em vários sites. Essa imagem, creio, deva ser a mais rara que eu já pude coletar nos confins da web . Ela ainda não integra as galerias de imagens do Caderno, mas dentro em breve será anexada à Galeria Memorial a José. Por enquanto, a raridade permanece nos meus arquivos. *** Hoje, foram feitas outras atualizações no espaço, que agora conta com um hotblog para postagem de todas as atividades de atualização. O hotblog é a coluna do meu

Dois fragmentos para poema

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e porque sou tua puta posso te servir  ―  torto ou direito frente e verso, verso que é melhor * Sou de amores. Não do famigerado amor lírico, profilático e imaculado dos românticos de primeira hora. Sou do amor vivido. Do amor obsessivo dos maníacos assassinos. Sou do amor furtivo dos quartos de hotel de categoria desconfiável. Do amor depravado de masoquistas inconsequentes. Do amor de líquidos, engates, dores e desenlaces. Sou de amor corpo-e-carne. * Acesse  o e-book  Palavras de pedra e cal  e leia outros poemas de Pedro Fernandes.

Cisne Negro, de Darren Aronofsky

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Por Pedro Fernandes Os entendedores da dança dizem ser o  Lago dos cisnes uma das peças mais difíceis de representá-las. Escrito sob encomenda do Teatro Bolshoi, em 1876 por Tchaikovsky e  libreto de Begitchev, a peça - que na sua estreia, em 1877, foi um fracasso pelas limitações dos dançarinos em não conseguirem captar o real drama do texto - e sua fama de dificuldade são como que intertextos para o filme de Darren Aronofsky. Está aí um nome da nova safra de diretores que ainda põe o cinema no seu  status de arte. O exercício bem rabiscado em O lutador - outro filme importante na carreira do diretor - é levado à sua quase perfeição nesse Cisne Negro que, ironicamente ou não, é também um filme sobre os limites para se alcançar a perfeição. Parece-me que Aronofsky vem lendo a cartilha de Carl Theodor Dreyer, diretor famoso por explorar ao extremo seus atores na incorporação de seus papeis - famoso dele é o caso de O martírio de Joana D'Arc . A afirmação para esta com

Tron - o legado, de Joseph Kosinski / Tron – Uma odisséia eletrônica, de Steven Lisberger

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Por Pedro Fernandes Não foi ontem que eu assisti Tron . Já tem é tempo que o filme saiu das grandes telas, ocupadas agora pelas produções para o Oscar 2011. Mas tive de esperar encontrar a versão anterior e vê-la para acabar de trazer para cá as notas escritas para o filme de 2010. Para quem não conhece, esse Tron é uma versão "avançada" de uma edição de 1982, ou uma versão "continuada" desta. É verdade que nesse intervalo de tempo (1982-2010) as coisas pelo mundo cibernético avançaram e muito. Chamado por aqui de Tron – Uma odisséia eletrônica , o filme de 1982 é de um período em que o mundo dos programas de computadores estava ainda em embrionagem se compararmos com o que temos hoje.  A narrativa desse primeiro Tron  resume-se à história de Kevin Flynn, um engenheiro de softwares  e criador dos melhores projetos para a empresa onde trabalha; Ed Dillinger rouba-lhes as ideias e ganha o cargo principal, demitindo Flynn. Flynn, não tendo mais oportun

As dificuldades de editor

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Por Pedro Fernandes É sim a nova id de Um caderno para Saramago . Isso daria um artigo - quem sabe dessas notas não saia um; também daria um muro de lamentações. Mas, não vou escrever nem uma coisa e nem outra nesta curta postagem. Vou apenas dizer do trabalho que é compor espaços virtuais. Como alguns já sabem, organizo, desde junho de 2010 um espaço onde reúno meus materiais de pesquisa sobre a obra de José Saramago e outra leva de informações e notas que coleto na web  de língua portuguesa. Desde que foi colocado online, em setembro, o espaço passa por ajustes. Dia desses escrevi aqui sobre as novidades postadas no espaço e as reformulações feitas aí longo desses poucos meses de web . Pois bem, esta post já ficou obsoleta, porque andei, a partir das mudanças de imagens no corpo do espaço, fazendo, pela milésima vez, alterações na sua identidade visual. Isso tudo são manias de perfeição e sobretudo encantamento com a possibilidade de manipulação dos espaços virtuais. De

Entrevista com Ariano Suassuna

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Ariano Suassuna. Foto: Júnior Santos. Fonte: Tribuna do Norte O caderno Viver do jornal Tribuna do Norte aproveitou a estadia do escritor Ariano Suassuna no Rio Grande do Norte - o escritor veio para ministrar uma palestra na Semana Pedagógica em Canguaretama - e fez-lhe uma entrevista. À repórter Maria Betânia Monteiro, Ariano falou da infância, da paixão pelos livros, da internet como ferramenta de leitura e da cultura de massa. Parece que vejo o tom do escritor ao contar o fato que se segue: Não admito a massificação. Ela nivela pelo meio, o que é a pior coisa que pode acontecer. Pegam por exemplo, uma figura como Michael Jackson ou Madonna e apresentam como modelo de arte, ao mundo. Dei uma aula em Recife e estava presente um professor francês, ao final ele veio me dizer: “gostei muito de sua aula, mas tem uma coisa que eu discordo. O senhor falou de Michael Jackson e eu acho ele um grande bailarino”. Eu disse: “olhe, grande bailarino é Nureyev, aquilo ali é um débil me

Fernando Bonassi

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Olhei-a. Ela puxou minha mão para o meio de suas pernas, erguendo seu vestido, me pondo num lugar aconchegante, quente, úmido, macio, o melhor lugar dentre todos, o primeiro lugar. Dedilhei-a. Ela gemeu. Eu quis sair. Ela retesou as pernas ... Sem soltar minha mão daquele lugar, ela girou e desceu tirando minhas roupas. Engoliu meu pau com força e dignidade, num serviço vigoroso. Antes de explodir na boca dela, tirei-o dali. Sem deixar que arrancasse o vestido, imobilizei seu quadril na beira da almofada e bebi o que pude. Fernando Bonassi, em  Crimes conjugais É nesse tom colhido das histórias de um cotidiano completamente invadido pela violência e pelo erotismo que Fernando Bonassi constrói a maioria de suas narrativas. Não é que o escritor tenha como foco de sua produção literária apenas esses dois veios temáticos; esses dois são apenas os mais preponderantes. Integrante de um movimento literário a que crítica brasileira vem chamando de realismo suburbano a tôn

O que chamo 'hotblog'

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Por Pedro Fernandes Pintura: David Van Der Linden A partir do Letras in.verso e re.verso , eu criei outros dois projetos que seguem firmes na web : um periódico para publicação de poesia que batizei com o sugestivo título em homenagem ao poeta de minha estima Carlos Drummond de Andrade, o Caderno-revista 7faces ; e um espaço para guardar meus materiais de pesquisa (e de outros pesquisadores, assim desejem) sobre a obra de outro escritor, agora mais um romancista embora tenha produzido poesia, José Saramago. O nascimento desses projetos gerou uma série de notas publicadas neste blog sobre sua construção, andamento e outros assuntos relacionados de maneira enviesada  ao tema principal do Letras . Por isso, criei duas seções que chamo de hotblog  - elas deverão existir sempre ou até eu enxergue a necessidade de construir outros rumos para este blog e estes projetos. Trabalho com a possibilidade, por exemplo, de que estas seções sejam desmembradas em outros blogs, o que seria mais adequ

Um caderno para Saramago

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Por Pedro Fernandes página de abertura para Um caderno para Saramago O meu arquivo online de pesquisas sobre o escritor português José Saramago tem uma leva de novidades. Com um design definitivo, assim eu espero, que trabalha os tons mais sérios, aos poucos esse trabalho vai sendo posto de pé. Recentemente todas as sessões passaram por atualizações e ajustes necessários. A descrição e os objetivos do espaço que pode ser lido no menu Sobre o espaço  foram refeitos e creio ter encontrado o caminho ideal da proposta: a de ser um espaço para postagem de meus materiais de pesquisa que coletei ao longo dos seis anos de pesquisa na obra do escritor e, logo, outros materiais que eu vá encontrando na rede. Todo o material fotográfico, a título de acompanhar as reformulações do design também tem sido refeito. No menu Obras foram acrescentados novos livros do escritor, como o caso da edição de crônicas Moby Dick em Lisboa e As palavras de Saramago . Nessa sessão alguns livros, que

As cidades invisíveis

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Por Pedro Fernandes “Sem pedras o arco não existe” Ítalo Calvino, As cidades invisíveis Escritores como Jorge Luis Borges e Italo Calvino elegeram como “ideal” o romance complexo, labiríntico, capaz de enredar-se por vias múltiplas, capaz de dar conta da diversidade de sujeitos, suas vozes e posições. Um romance como uma extensa rede aberta e infinita, capaz de abarcar na sua estrutura uma diversidade de saberes e códigos. O que ambos escritores perceberam é que todos somos sujeitos situados numa extensa rede e o romance, enquanto “materialização” do real sensível, haveria de se comportar, nesse meio, como um inventário enciclopédico. Isto é, haveria o romance de abarcar em suas fronteiras a complexidade dessa extensa rede que estamos inseridos; o romance como um suporte para a atuação de diversos universos. Essa idéia de um hiper-romance, bem como a idéia de rede parece ser incorporada por Calvino, só para citar um exemplo, em “As cidades invisíveis”. A obra é

Cafés, bondes e carnavais

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Por Pedro Fernandes Antes do bonde elétrico, eram os burros que faziam os transportes urbanos. Numa crônica de março de 1877, Machado de Assis com seu olhar flâneur põe os animais em diálogo a refletirem sobre a substituição de sua força de trabalho pelo bonde elétrico. Na foto bonde de burros na Av. Rio Branco, em Curitiba, em 1901. No Rio de Janeiro, por essa época já circulavam os elétricos. O título é da professora Elisa Amorim Vieira, texto que faz um registro marcante da cidade literária construída por Machado de Assis. Não só sobre a cidade machadiana, mas sobre o olhar do escritor acerca da efervescência urbana em seu tempo. Retomando a ideia do flâneur Vieira lê Machado de Assis, por através de suas crônicas, como legítima figura do tipo, interligando o dia-a-dia do Rio de Janeiro do século XIX ao espaço mais amplo da tradição literárias ocidental. Nas crônicas, Machado comenta das inovações tecnológicas, das mudanças de costumes, das transformações da cidade. Apesa