Ariano Suassuna





Auto da compadecida e O romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-volta, mais conhecido apenas por  A pedra do reino são duas obras que representam significativamente as duas faces desse escritor: a de dramaturgo e a de ficcionista, respectivamente. É verdade que Ariano também escreveu e/ou publicou uma leva poemas e ensaios, dos quais, pela bibliografia do escritor na página da Academia Brasileira de Letras, podemos citar ao menos dois – O pasto incendiado, livro inédito de poemas, e O Movimento Armorial, este conhecido de todos, porque ser as bases de um dos movimentos, no interior das artes, que o escritor foi fundador e tem dedicou boa parte de seu projeto literário.

Ariano Suassuna é da Paraíba. Nasceu em Nossa Senhora das Neves, hoje João Pessoa. Com o assassinato de seu pai durante Revolução de 1930, sua família muda-se para Taperoá – cidade que fica famosa quando da ambientação da adaptação de sua peça Auto da compadecida para o cinema em 2000, por Guel Arraes. Mas, em Taperoá Ariano só morou até 1942, quando foi viver no Recife, onde terminou os estudos secundários, o curso de Direito e onde também conheceu Hermilo Borba Filho; parceria que levou a escrever suas primeiras peças para o Teatro do Estudante de Pernambuco; aí foi onde nasceu peças como Uma mulher vestida de sol e Os homens de barro. Também no Recife, Ariano criou o grupo itinerante Barraca, nome inspirado no grupo La Barraca do espanhol Federico García Lorca; já se marca aí um dos traços que perseguiu em toda sua obra, inclusive na formação do Movimento Armorial, a admiração pela cultura ibérica. 

Na década de 1960, fundou o Teatro Popular do Nordeste onde encenou duas de suas novas produções, A farsa da boa preguiça A Caseira e a Catarina. Depois destes dois trabalhos, o autor começou a dedicar-se à prosa e à poesia. É quando escreve A pedra do reino História d’o rei degolado nas caatingas do sertão/Ao sol da onça caetana, marcos fundadores do que denominou romance armorial-popular brasileiro. 

Depois do curso de Direito, Ariano, dado a problemas pulmonares, volta, por recomendações médicas, a morar em Taperoá. No período que esteve no interior paraibano, o escritor produz a peça Torturas de um coração. Já curado, volta ao Recife, onde passa a exercer a profissão de advogado e continua sua produção literária.  São desta época O castigo da soberbaO rico avarento e o já referido Auto da compadecida. Por essa época,  larga a advocacia para ocupar a cadeira de professor de Estética na Universidade Federal de Pernambuco, profissão que vai desempenhar até se aposentar, em 1994.

Ariano Suassuna escreveu ainda para o teatro O desertor de princesa (reescritura de Cantam as harpas de Sião), peça inédita, O casamento suspeitosoO santo e a porcaO homem da vaca e o poder da fortunaA pena e a lei, Farsa da boa preguiçaA caseira e a CatarinaAs conchambranças de Quaderna, estas duas últimas, peças também inéditas; e ficção A história do amor de Fernando e Isaura, romance inédito, História d’O Rei Degolado nas Caatingas do Sertão / Ao Sol da Onça Caetana, romance publicado pela José Olympio.

O professor e as aulas espetáculos
> Pedro Fernandes, o editor do Letras, redigiu notas de uma das aulas do mestre
> No canal do Letras no Youtube indexamos uma das aulas magnas de Ariano

Depois da aposentadoria, Ariano criou o ficou conhecido como aulas-espetáculo, apresentação meio aula, meu teatro em que ele aproveitava para contar histórias, defender a cultura popular, fazer críticas ou tecer elogios e sempre a partir de um determinado tema das artes. Com esse formato percorreu os quatro cantos do Brasil; primeiro com uma trupe de músicas, depois sozinho. 

Ariano Suassuna no cinema e na TV

Todo esse extenso universo literário de Ariano Suassuna também ganhou forma no cinema e na televisão. Na TV, suas obras ganharam adaptações pelas mãos de diretores como Luiz Fernando Carvalho e Guel Arraes:  em 1994, a atriz Tereza Seiblitz deu vida à protagonista Rosa Maranhão na versão da peça Uma mulher vestida de sol, dirigida por Carvalho e exibida como “Caso especial”, na Globo.

Em 1999, o Nordeste de Suassuna foi transposto para a tela por Guel Arraes no clássico O auto da Compadecida, microssérie de quatro capítulos com Selton Mello e Matheus Nachtergaele, que viraria filme em 2000. Em 2007, em comemoração aos 80 anos de Suassuna, Carvalho prestou homenagem ao autor na microssérie A Pedra do Reino. Em cinco capítulos, a obra, escrita pelo diretor com Luís Alberto de Abreu e Braulio Tavares, teve no elenco Irandhir Santos, Nill de Pádua e Mayana Neiva e foi gravada em Taperoá.


Até breve, Ariano

A notícia da morte do dramaturgo, poeta, romancista chegou no início da noite de 23 de julho, cinco dias depois de quando perdemos o escritor João Ubaldo Ribeiro.  

Ligações a este post:
> Pedro Fernandes e dez notas sobre a dor de uma perda
> Pedro Fernandes, o editor do Letras, redigiu notas de uma das aulas do mestre
> Em 2013, redigimos um texto sobre a obra poética Ariano + catálogo com sua poesia
> No Tumblr Dez momentos raros sobre Ariano
> No Tumblr quatro iluminuras com poemas de Ariano
> Obras indispensáveis para conhecer a literatura de Ariano Suassuna
> No canal do Letras no Youtube indexamos uma das aulas magnas de Ariano


Este texto foi atualizado em 23 de julho de 2014.

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