Lídia Jorge, o mundo isolado
Por Marlise Vaz Bridi Lídia Jorge (1946) quando surge para a literatura portuguesa, em 1980, é com uma obra que marcará toda sua carreira: O dia dos prodígios . O romance, ainda que de estreia, apresenta em si os elementos de uma obra madura e em perfeita sintonia com as características das grandes obras contemporâneas. De construção fragmentária e com variação gráfica no corpo do texto, volta-se para a discussão de valores que perpassam uma comunidade aldeã do Algarve. Na obra, todos os acontecimentos da vida cotidiana da aldeia são mostrados pelo olhar de uma comunidade inteiramente fechada em si mesma e isolada do mundo. Nela, o padrão de comunicação é a oralidade, pois o letramento dos aldeãos é rudimentar e todos os acontecimentos são vazados por uma linguagem peculiar que, representa a oralidade regional do Algarve. No plano temporal, os acontecimentos que compõem o enredo estão concentrados em um intervalo relativamente curto de tempo, que inclui o momento da Revol