A alegria de Saramago
Por Inês Pedrosa José Saramago em Lanzarote. Foto: Ulf Andersen/Getty Images. Fonte: Revista BRAVO! Uma das grandes qualidades de José Saramago — morto aos 87 anos em 18 de junho passado - era o de nunca ter sofrido daquela doença que o crítico americano Harold Bloom definia como "a angústia da influência". Vivia as obras alheias — de há quinhentos anos ou de hoje - com o genuíno orgulho de quem, acima de tudo, se identifica com a grandeza das coisas belas. Se sofria de alguma coisa, era da alegria da influência. Como diria o professor e escritor português Eduardo Prado Coelho, não tinha medo de gostar. Começo esta memória projetiva de Saramago sob o signo da alegria, porque estou cansada das recorrentes acusações de pessimismo que lhe foram sendo feitas. Muitas e muitas vezes lhe perguntavam porque se indignava tanto, porque fazia questão de futurar em negativo, quando a vida se mostrava tão afável com ele. Saramago respondia desabridamente a estas provocações,