A viagem do elefante, de José Saramago
Por Pedro Fernandes O caráter fabulador das viagens, reais ou imaginárias, já foi posto à prova pelo escritor português. Cito para efeito as rotas alteradas de Blimunda a vagar nove anos por territórios da Ibéria à busca de seu amado Baltasar em Memorial do convento , as rotas sem rumos de uma barcaça gigante de pedra a vazar o Atlântico e de seus habitantes em A jangada de pedra , as rotas de uma viagem marítima em torno de si em O conto da ilha desconhecida , as rotas condenadas e coordenadas por deus a Caim, no seu recente romance homônimo, ou ainda, a viagem real empreitada por um guia turístico por Portugal em Viagem a Portugal . Como todo grande escritor, em Saramago a viagem é tema recorrente em sua escrita, até o aflorar na doce frase que epigrafa esse seu mais recente livro, "Sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam". A viagem do elefante vem mostrar que tudo na vida, inclusive ela própria é peremptória, é território movediço, placa em movimento, rota ca