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Mostrando postagens de 2010

Feliz Ano Novo

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Pintura: Gabriele Munter Carlos Drummond de Andrade tem um poema cujo o título é “Receita de Ano Novo”. Trata-se de um poema publicado em 1977 no livro Discurso de Primavera e algumas sombras  que se utiliza, podemos assim dizer, das corriqueirices culturais que é muito em voga por esses dias 31 de dezembro e 1.º de janeiro. O poema, no entanto, recorre a todo desejo de transformações proferido ano a ano, mas em modo de lição não repete o tom sentimentalista.  Enquanto se alardeia aos quatro cantos determinadas convenções para que tudo seja perfeito na virada de ano, o poeta mineiro injeta uma voz contrária que tem por finalidade recuperar um sentido, diríamos, mais autêntico dessa data. Um ano novo há que ser feito a cada dia. Não apenas num dia só. Também não é o fato de que tudo passará a ser o oposto daquilo de ruim que vivemos no ano que finda. Se assim fosse, cada ano que entra seria mais perfeito do que todos os outros que o antecederam. No entanto, sabemos que, muitas vez

Biblioteca Mindlin - Um mundo em páginas

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José Mindlin. Apaixonado pelos livros, o jornalista, advogado e empresário reuniu, em mais de 80 anos de garimpagem, quase 40 mil títulos e raridades de valor inestimável, além de uma rara e rica coleção de gravuras, a única que se tem notícia no Brasil. O filme-documentário já teve em cartaz na TV Brasil e na TV Escola. Trata-se de um filme que antes de servir ao registro de uma das personalidades mais significativas para a cultura do livro no Brasil é um gesto de homenagem ao bibliófilo José Mindlin e que depois de ser homenagem é um gesto de beleza artística em que dialogam num mesmo território mundos diversos, vozes diversas. E exala e pulsa, sobretudo, literatura. Sob direção de Cristina Fonseca, o filme conta a história de José Mindlin e de sua fantástica biblioteca de livros raros, uma das maiores e mais importantes bibliotecas particulares do Brasil e da América Latina, dando foco a preciosidades inestimáveis que dão conta da formação histórica e literária no pa

Ricardo Domeneck

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Por Pedro Fernandes Ricardo Domeneck. Foto de Amós Fricke. Disponível no blog de Sylvia Beirute A primeira vez que li esse nome - Ricardo Domeneck - foi quando em conversa com o poeta Leontino Filho, antes de sua palestra sobre Raduan Nassar, em agosto de 2008. Leontino Filho me apresentava uma coleção chamada "Ás de colete" lançada pelas editoras 7Letras e Cosac Naify em 2007 e entre os títulos estava a cadela sem Logos . Nascido em Bebedouro, São Paulo, 1977, Domeneck vive há sete anos em Berlim, onde dá aulas de inglês e organiza perfomances multimídia, entre outras atividades. Descobriu a poesia na adolescência, quando estudava nos Estados Unidos, lendo Poe, Walt Whitman, Emily Dickinson e Salinger. Entre seus poetas favoritos, costuma citar autores franceses, estadunidenses, argentinos e portugueses e, com certo desdém, diz não está interessado nas "intrigas de boteco" da poesia brasileira, ainda que alguns nomes lhe chamem atenção, como Paulo Lemin

Do novo livro de Iracema Macedo, dois poemas

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Iracema Macedo. Foto: Alex Régis / Tribuna do Norte 1. Na segunda-feira, dia 27 de dezembro, chega às livrarias um novo livro da poeta Iracema Macedo. Poemas inéditos e outros escolhidos são publicados pelo Sebo Vermelho. A sessão de apresentação da obra acontece a partir das 19h na Livraria Siciliano do Shopping Midway Mall. 2. Iracema Macedo nasceu em Natal em 1970. Formada em Filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Mestra na mesma área pela Universidade Federal da Paraíba e Doutora pela Universidade de Campinas. Sua estreia na literatura se deu com a publicação de Lance de dardos  (Estúdio 53, 2000). Depois vieram Invenção de Eurídice  (Editora da Palavra, 2004) e o livro que agora se publica; este, como sugere o título, uma reunião de poemas inéditos e outros escolhidos dos livros anteriores.  3. O caderno de cultura Viver , do jornal Tribuna do Norte , por ocasião da apresentação do novo livro da poeta, publicou uma entrevista com Iracema Macedo, opo

Feliz Natal

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Já desde o dia 20 que o blog tem dado uma de Papai Noel virtual, não distribuindo presentes como gostaria, mas deixando um cartão de Natal para esta época ano. Tradição começada ainda em 2009, seguimos ainda e enquanto existirmos, insistindo na ideia de que a tão simbólica e importante data dentro do calendário cristão não deve servir apenas para ser uma euforia que morre depois de findar o mês de dezembro. O texto de Carlos Drummond de Andrade que ilustra o cartão de Natal deste ano se associa ao texto de José Saramago do cartão do ano passado e traduz muito desse sentimento. Para baixar o cartão, clica aqui   (é preciso dar um zoom para ler o texto).

Rachel de Queiroz

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Primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras. O ano que finda marcou o centenário de nascimento da escritora nascida em Fortaleza (CE). Quando Rachel de Queiroz se estreia na literatura com o seu romance O quinze , em 1930, já a seca do sertão nordestino figurava enquanto elemento na ficção. O fato é Rachel não apenas ambienta a seca, mas faz dela tema e persona na sua obra. Além do que ela inaugura, como faz todo grande escritor, um estilo próprio. Dona de uma prosa árida, despojada, o avesso completo das possibilidades que se vinham sendo experimentadas nos territórios de escrita de sua época, Rachel de Queiroz está situada no início de um dos movimentos mais ricos de nossa literatura - o movimento regionalista. Além romancista, Rachel foi cronista e dramaturga, sendo desta última profissão textos como Lampião (1953) e  A beata Maria do Egito (1958). Depois de poemas esparsos publicados em livros diversos, recente descobre-se que também compôs livros do g

A pedra do reino, de Ariano Suassuna

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Por Pedro Fernandes Li este romance ainda no período de minha Graduação em Letras. Ainda não estava contaminado por essa coisa que vai infestando a quem se debanda para a vivência acadêmica. A coisa que digo é a teoria. A necessidade de apelo ao jogo teórico que corrói e adoece as mentes acadêmicas. Era o período em que o tempo ainda me sorria. Encarar um catatau de mais de 600 páginas foi proeza rara só vencida quando tive diante de mim a leitura do Dom Quixote . Por falar nesse clássico da literatura universal, enxergo, guardando, é óbvio, as devidas proporções, muito do romance-epopeia de Cervantes. Já veremos o porquê. A pedra do reino foi publicado em 1970, e é até o presente, um romance cuja completude não é firme. Isso porque, o próprio escritor, ao comentar do projeto de escrita desse romance, assinala a existência de duas outras partes, compondo, assim, uma trilogia. Entretanto, nenhuma das duas vieram a público; fato justificado pelo esmero da dedicação que

Alguma poesia: o livro em seu tempo

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Alguma poesia foi o livro de estreia de Carlos Drummond de Andrade. Sem a possibilidade de publicar a obra por alguma editora, o poeta não hesitou em pagar do próprio bolso a primeira tiragem de quinhentos exemplares. Quando publicado, logo se destacou no âmbito da cena literária modernista no Brasil. É nele que o leitor encontra peças como "Poema de sete faces", "No meio do caminho", "Cidadezinha qualquer", "Quadrilha" - poemas reconhecidos dos  leitores pela presença em jornais e revistas da época.  Mas, os louros não foram unanimidade. O livro e o poeta encontraram pelo caminho algumas pedras. E as contradições da recepção de Alguma poesia  foram catalogadas atenciosamente por Drummond. Agora, parte desses registros mais outros acumulados aquando da publicação em 1930 estão documentados nessa primorosa edição publicada pelo Instituto Moreira Salles (IMS), instituição que guarda no seu acervo um rico espólio do poeta. A edição de Alguma poe

A 18, encontro com José Saramago (VI)

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Pintura de José Santa-Bárbara para Memorial do convento . ...tudo quanto é nome de homem vai aqui, tudo quando é vida também, sobretudo se atribulada, principalmente se miserável, já que não podemos falar-lhes das vidas, por tantas serem, ao menos deixemos os nomes escritos, é essa a nossa obrigação, só para isso escrevemos, torná-los imortais, pois aí ficam, se de nós depende, Alcino, Brás, Cristóvão, Daniel, Egas, Firmino, Geraldo, Horácio, Isidro, Juvino, Luís, Marcolino, Nicanor, Onofre, Paulo, Quitério, Rufino, Sebastião, Tadeu, Ubaldo, Valério, Xavier, Zacarias, uma letra de cada um para ficarem todos representados, porventura nem todos estes nomes serão os próprios do tempo e do lugar, menos ainda da gente, mas, enquanto não se acabar quem trabalhe, não se acabarão os trabalhos, e alguns destes estarão no futuro de alguns daqueles, à espera de quem vier a ter o nome e a profissão. [José Saramago, Memorial do convento , p. 233] * Iniciativa posta na rede desde o dia 18 julho; to

Novamente, a escrita

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Por Pedro Fernandes "Mulher escrevendo uma carta". Frans van Mieris Já dizia o saudoso poeta Carlos Drummond de Andrade que a luta com palavras é coisa vã. E é. Surgida com o pretexto de traduzir e organizar a fala, o processo da escrita configura-se como um processo doloroso, dramático, infinito, solitário. Doloroso e dramático porque sempre que nos deparamos com um tema para desenvolvermos um texto qualquer, oscilamos e, não são poucas as vezes que até desistimos pelo simples fato de não conseguirmos colocar/expor no papel aquilo que poderia ser nossa fala, nossa opinião. E não apenas isso. Articular ideias e signos é mais complicado do que possa parecer ao mais entendido de fluxos verbais e gramaticais. Agora, infinito é tal processo porque, quando retomamos um texto nosso qualquer subtraímos ou adicionamos ideias. Encontramos absurdos. Coisas que supostamente não diríamos ontem se tivéssemos os olhos de hoje. E solitário porque para produzir temos, na maio

Junichiro Tanizaki

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Por Ednodio Quintero Se tivéssemos que eleger um autor emblemático e representativo do romance moderno japonês, aquele que melhor expressa mediante o uso estético da linguagem as diversas transformações que aconteceram no século XX em seu país e no mundo, muitas delas induzidas por razões históricas, econômicas, políticas e culturais, este seria, sem nenhuma dúvida, Junichiro Tanizaki (1886-1965). Embora no Japão se considere que o escritor clássico por excelência é Natsume Soseki (1867-1916), quem soube dar à língua falada um lugar próprio na literatura e que segue sendo lido com fervor e interesse, Tanizaki leva ainda algumas vantagens em razão da amplitude e variedade de sua obra, além dos atributos decididamente modernos, audazes, vanguardistas e em ocasiões geniais. Tanizaki, um escritor multifacetado e dotado de um talento excepcional, se manteve ativo durante quase seis décadas, realizando uma viagem vital – expressada numa obra vasta e inesgotável – em paralelo c

Sobre prêmios, sobre valores

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Por Pedro Fernandes Escreve-se para preencher vazios, para fazer separações contra a realidade, contra as circunstâncias Mario Vargas Llosa É verdade que muito se tem falado acerca do poder da Literatura. Até hoje, entretanto, e isso eu já disse outras vezes, até hoje, repito, nunca ouvi dizer que algum texto literário, por mais importante que seja, tenha salvado a humanidade de algum rumo grotesco dos muitos que já passamos: das ditaduras, das guerras, da fome, da miséria... E digo isso porque entendo que a função da literatura reside noutra esfera. Se não tem um sentido de salvação daquilo que, enquanto humanos, forjamos, a literatura tem sim a capacidade de introduzir na humanidade o real sentido da comunidade a qual ela se diz fazer parte. Entendo a literatura com o poder de, ao fazermo-nos humanos, levar essa comunidade a um espaço mais habitável, ainda que por força da imaginação. E se assim faz, pela força da imaginação, já temos meio caminho andado, não? Afinal, aqui

Rever Zila, sempre

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Por Pedro Fernandes No último dia 13 de dezembro, ontem, fez-se lembranças pela morte de Zila Mamede. Poeta potiguar, dona de uma obra literária singular. 25 anos de quando foi ao encontro do mar para mergulhar eternamente noutro mar - o da literatura. Sobre ela, a também poeta Marize Castro disse, com muita propriedade: “deixou uma obra para nortear, para servir de guia para quem escreve e lê.  Em Zila nada é excesso. Tudo é garimpo, concisão. Além, claro, sensibilidade”. Por ocasião da data, devo lembrar agora que, entre setembro e outubro de 2009, copiei um texto do poeta Paulo de Tarso Correia de Melo publicado como uma espécie de introdução à poética de Zila Mamede neste que foi a última edição do seu Navegos   (Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte); o título é uma antologia organizada e publicada ainda em vida pela poeta. O texto perfaz todo o conjunto da obra de Zila, livro a livro. Chamei a publicação, alimentada por fotos suas e poemas dos livros

Uma página para Ana C.

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Poeta normalmente associada à Geração Marginal, movimento dos anos 1970, Ana Cristina Cesar ou como se assinava Ana C. nasceu em 1952, no Rio de Janeiro. Filha de Waldo Aranha Lenz Cesar e de Maria Luiza Cezar, a poeta desenvolveu cedo o gosto pela leitura: aos quatro anos, segundo relato paterno incluído na cronologia de sua Correspondência Incompleta , publicada em 1999, já ditava versos para a mãe e, em 1959, então com sete anos, publicava poemas no Suplemento Literário , do Jornal Tribuna da Imprensa . Com o lançamento de edições dedicadas a escritora pelo Instituto Moreira Salles, a instituição dedicou-lhe uma página na internet, onde é possível acessar uma leva de informações sobre Ana C., desde sua vida e obra, a fotos (como a que ilustra esta post) e informações sobre a fortuna crítica da autora. Aqui . 

A literatura faz sentido

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Por Pedro Fernandes A literatura, enquanto expressão verdadeiramente artística que é, é deságue para um conjunto de elementos sócio-histórico-culturais, isto é, possui a capacidade expressiva de reunir em si materialidades ideológicas e expectativas coletivas que dão tom de dada época. Isso a que Goethe vai chamar de Zeitgeist , ou espécie de fio comum, de mesma cor, que perpassa uma colcha de ponta a outra produzindo uma interdependência mútua entre os diversos fios que compõem a sua tessitura. Tanto parece ser assim que os atuais quadros de dissolução apresentados com toda a veemência possível desde o advento daquilo que consideramos por modernismo vão sendo, de modos diversos, impressos no corpo da literatura sob o signo das vanguardas, consideradas estas como a revolução que nunca antes existiu no campo das manifestações artísticas. Haveremos, entretanto, de exibir certa ponderação, com afirmações como estas. A literatura teve sempre um caráter não de abolir a mesmice

O discurso de Vargas Llosa ao receber o Prêmio Nobel

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"Para lo único que sirves es para escribir" A frase é da companheira de Vargas Llosa, Patricia, e vem citada no seu discurso de recebimento do Prêmio Nobel de Literatura, na cerimônia realizada ontem, 08 de dezembro. Segundo a imprensa espanhola, o escritor chorou e fez todos chorarem. Não que tenha feito um discurso-drama mexicano, mas Llosa soube articular questões literárias, pessoais e políticas, num modo caudaloso e sobretudo de denúncia social. E qualquer um que tenha alguma sensibilidade, ante as palavras do autor de Conversa no catedral estará à beira do choro, sobretudo quando com as passagens em que o peruano fala da literatura, de sua importância para a história da humanidade, para a nossa existência e a sua existência. A evocação do sentido para a literatura, a denúncia forte aos imperialismos da política e da religião, e mais que tudo um sonho ainda vivo de uma América e um mundo no exercício pleno da palavra liberdade. É este um discurso histórico, realm

Novamente, Ferreira Gullar

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Por Pedro Fernandes O poeta Ferreira Gullar em seu escritório em Copacabana. Foto de Tomás Rangel/ Portal Saraiva Segundo nota publicada no mês de setembro deste ano na coluna Gente Boa, e de que se agora tomei conhecimento, enquanto fazia uma ronda pela internet para uma post sobre o poeta maranhense, Ferreira Gullar entregou, por esta época, a Maria Amélia Mello, da editora José Olympio, os originais de  O homem como invenção de si mesmo . Provavelmente este será o seu próximo livro; trata-se de um monólogo em um ato. Em julho, o poeta, em seu apartamento em Copacabana, Rio de Janeiro, deu uma entrevista para Bruno Dorigatti e Ramon Mello, do Portal Saraiva. Na entrevista, Ferreira Gullar volta a São Luís, sua terra natal e relembra sua infância; fala do contato com a poesia, da busca pela subversão linguística, do Poema enterrado , dos anos de exílio e do momento atual, aos 80 anos, ganhador do Prêmio Camões e em ainda em pleno vapor nas suas atividades.  Os vídeos a seguir são

Uma pedra no meio do caminho: biografia de um poema

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Para marcar os 40 anos do poema "No meio do caminho", Carlos Drummond de Andrade publicou, em 1967, o livro Uma pedra no meio do caminho: biografia de um poema , no qual reuniu uma ampla seleção com o que foi dito sobre os famosos versos. No último dia 24 de novembro chegou às livrarias, por através do Instituto Moreira Salles uma nova edição do livro. A edição é ampliada pelo poeta Eucanaã Ferraz. Uma pedra no meio do caminho: biografia de um poema traz todo o conteúdo de sua versão original: texto de apresentação de Arnaldo Saraiva e fortuna crítica do poema mais discutido do modernismo literário brasileiro, publicado pela primeira vez na Revista de Antropofagia , em 1928. A publicação traz também duas seções inéditas: "Ainda a pedra", que complementa a seleção feita por Drummond com textos, charges e ilustrações sobre o poema posteriores a 1967; e "Biografia da biografia", que reúne resenhas e comentários sobre o livro desde seu lançamento.

Comer, rezar, amar, de Ryan Murphy

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Por Pedro Fernandes A beleza e o talento de Julia Roberts não são suficientes para decolar o filme O filme é uma releitura do Best-Seller duvidoso Eat, Pray, Love: One Woman’s Search for Everything Across Italy, India and Indonésia de Elizabeth Gilbert. No filme, o centro dos holofotes para a protagonista vivida por Julia Roberts. O estrelismo de Julia entretanto não fez o filme decolar. Comer, rezar, amar finda sendo um filme clichê mais parecido com um catálogo de auto-ajuda do que um drama, no sentido do termo. Após uma separação, a protagonista lança-se numa aventura em busca de outros prazeres que venham (por que não pensar assim) substituir os prazeres da carne. Apenas o voto de luxúria não é apresentado, assim, desse modo, tão escrachado que falo. Mas a verdade é que o prazer pela comida vem como elemento, ou verbo primeiro que, além de substituir o outro verbo, amar, vem para se não, amenizar tal o verbo, já que o que prevalece, no meio de tanta comilança e reza,

Pelos 90 anos de Clarice Lispector, inéditos

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Difícil é imaginar Clarice Lispector aos 90. Foi o aniversário que a escritora completou no último dia 10 de dezembro. Seria que, até essa idade, a nossa escritora produziria obras de tamanha magnitude como as que criou no seu estágio de maturidade literária? Nunca teremos uma resposta para a pergunta. Mas peças daquela Clarice ainda há muitas por revelar. E sabendo disso e, claro, pelo simbolismo da natividade clariciana é que o Instituto Moreira Salles (IMS), começou, pelo referido dia 10 de dezembro, a publicar alguns inéditos da escritora de A hora da estrela . E permanecerá publicando ao longo do mês de dezembro. Os inéditos tratam-se de documentos selecionados dos arquivos literários de Clarice, onde se encontram manuscritos e datiloscritos. A primeira peça publicada foi uma entrevista concedida pela escritora ao Jornal do Brasil na figura de Nevinha Pinheiro em 15 de dezembro de 1977 - seis dias depois da morte da escritora. É sabido também que o nome de Clarice Lisp

Clarice, conversas sobre uma paixão

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Clarice Lispector é uma das escritoras mais celebradas, discutidas e difundidas da contemporaneidade. Sua extensa obra tem como tema principal a vida. Ela com sutileza, fala da existência, do ato de ser. Em 2010 comemora-se os 90 anos de nascimento dessa importante escritora brasileira e os 50 anos do lançamento de seu livro de contos Laços de Família . Foi para marcar essa data, divulgar sua obra e estimular a reflexão sobre a mesma que nasceu a ideia da realização do Seminário Clarice, conversas sobre uma paixão . O Seminário terá lugar, entre os dias 08 e 10 de dezembro de 2010, no Centro Cultural Banco do Nordeste, Fortaleza/CE. A proposta é reunir estudiosos, estudantes e apreciadores na realização de três dias de imersão na vida e obra da autora. Os convidados para o evento são, antes de tudo, amantes do tema e provenientes de diferentes áreas de atuação (cinema, literatura, direito entre outros) assumindo, por isso, pontos-de-vista distintos sobre o mesmo objeto. D