M. A. S. H., de Robert Altman
M. A. S. H. é um filme de guerra que nem o combate nem os inimigos aparecem. Um único tiro é ouvido e tem como consequência a interrupção de uma partida de futebol. Tudo se passa no Hospital Cirúrgico Móvel do Exército (Mobile Army Surgical Hospital). Médicos se debatem entre os soldados feridos e a burocracia do exército, conversam e reclamam em tom de deboche, construindo sequências cômicas que, em princípio, fazem rir, mas que visa, sobretudo, a denunciar os absurdos da guerra (o filme é ambientado nos anos 1950, durante o conflito norte-americano com a Coréia, mas foi feito em tempos da Guerra do Vietnã).
Como em muitos filmes de Robert Altman, o roteiro original acaba, na prática, dando origem a uma grande quantidade de improvisos que se organizam sem ordem aparente, fora de uma cronologia linear. Rompem-se desse modo as relações de causa e efeito habituais. As expectativas quanto a mudanças significativas nas situações apresentadas diminuem. Os dias se sucedem, há mais feridos, e sempre há mais dias. As ações e os diálogos se aproximam muitas vezes do inútil, do inconsequente e parecem não levar a nada.
Altman, que teve relações conflituosas com a indústria cinematográfica hollywoodiana, ganhou o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado pelo filme, além de indicações em outras quatro categorias, e a Palma de Ouro em Cannes. Com o enorme sucesso de público obtido por M. A. S. H., o longa-metragem deu origem a uma série de TV homônima.
* Revista Bravo!, 2007, p.111
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