Graciliano Ramos




Já não cairá no esquecimento; é o que agora dizem quando alguém ganha as páginas da web. A editora responsável pela reedição de sua obra é a autora do feito. O autor do já clássico da literatura brasileira Vidas secas, obra que ano passado celebrou seus setenta anos, Graciliano Ramos, está bem. O escritor é de 27 de outubro de 1892; nascido na cidade de Quebrângulo, sertão de Alagoas, o primogênito de uma família de dezesseis filhos.

Teve sua infância vivida em Viçosa, Palmeira dos Índios (Alagoas) e Buíque (Pernambuco); em Palmeira dos Índios foi prefeito. O pouco tempo que esteve na função revelaram-no um sujeito dedicado a querer fazer o que é certo quando se está à serviço do povo num cargo público. É desse período os famosos relatórios que, nas palavras do próprio escritor, o tornaram mais reconhecido do que mesmo o seu trabalho como romancista.

Nascido e criado no sertão nordestino, é sobre essas suas raízes que desenvolverá as principais temáticas de sua literatura e também seu estilo literário. A sisudez, por vezes, da escrita e a economia verbal são procedimentos que muito se aproximam da aridez e da oralidade do sertão do Nordeste. Pode-se dizer que aí está o gênio criativo de Graciliano: fazer da paisagem não apenas cor mas tom, dicção para composição de sua obra, que a crítica literária coloca como sendo pertencente ao que no Modernismo brasileiro ficou conhecido por Regionalismo.

O estilo preciso e cortante de Graciliano Ramos constituirá ao lado da prosa de Guimarães Rosa e de Clarice Lispector três dos pilares da nossa ficção, desde sempre emulados e imitados, sem sucesso por muitos dos escritores que vieram depois.

O seu primeiro romance, Caetés, foi publicado em 1933. Depois se seguiram São Bernardo, Angústia, Vidas secas (três dos seus melhores livros), Infância e Memórias do cárcere; este último uma espécie de autobiografia que assinala a passem do escritor pelos porões da sangrenta ditadura militar no Brasil. 

Memórias do cárcere não foi concluído, mas traduz o negro período de sua vida pessoal que se confunde com a vida do país. Graciliano foi detido em 1936 quando vivia em Maceió acusado de integrar os quadros do Partido Comunista e foi nesse período que passou pelo Pavilhão dos Primários da Casa de Detenção, pela Colônia Correcional de Dois Rios (Ilha Grande) e Sala da Capela de Correção (no Rio de Janeiro). Angústia, por exemplo, foi publicado sem que o escritor estivesse presente.

O escritor morreu em 1953.


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