Pelo Dia Nacional da Poesia, um grande poeta (Parte 2)



Desde 1h da manhã do dia 14 março de 2010, iniciamos no Orkut uma brincadeira leve e doce. É Dia Nacional da Poesia, e pela data seguimos o que falamos em nota aqui, seguimos enviando poemas de Paulo Leminski; ele o poeta que nos guia nesse brincar. A cada instante temos espalhado como torpedos virtuais com os versos breves do grande poeta.

1h33: "noite alta lua baixa/ pergunte ao sapo/ o que ele coaxa"

12h55: "pelos caminhos que ando/ uma dia vai ser/ só não sei quando"

14h35: "isso de querer/ ser exatamente/ aquilo que a/ gente é ainda/ vai nos levar/ além"

15h33: "não fosse isso/e era menos/não fosse tanto/e era quase"

16h18: "- que tudo se foda, /disse ela,/ e se fodeu toda"

16h35: "vazio agudo/ ando meio/ cheio de tudo"

16h37: "você está tão longe/ que às vezes penso/que nem existo//nem fale em amor/que amor é isto"

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E a brincadeira continuou até o fim do dia:

18h36: "Merda é veneno/ No entanto, não há nada/ que seja mais bonito/ que uma bela cagada/ Cagam ricos, cagam padres/ cagam reis e cagam fadas// mas nada é mais belo/ do que a cagada da pessoa amada"

18h46: "para mim, só existem duas coisas nesta vida: guerra e festa./a poesia é a terra de ninguém entre guerra e festa"

20h26: "Pesa dentro de mim/o idioma que não fiz,/aquela língua sem fim/feita de ais e de aquis"

20h38: "viver é super difícil/o mais fundo/está sempre na superfície"

20h46: "lembrem de mim/como de um/que ouvia a chuva/como quem assiste missa/como quem hesita, mestiça,/entre a pressa e a preguiça"

20h52: "já me matei faz muito tempo/m matei quando o tempo era escasso/e o q havia entre o tempo e o espaço/era o de sempre/nunca mesmo o sempre passo"

21h07: "morrer faz bem à vista e ao baço/melhora o ritmo do pulso/e clareia a alma//morrer de vez em quando/é a única coisa que me acalma"

21h28: "um homem com uma dor/é muito mais elegante/caminha assim de lado/como se chegando atrasado/andasse mais adiante"

21h43: "nada que o sol/não explique//tudo que a lua/mais chique//não tem chuva/que desbote essa flor (Paulo Leminski)"

21h54: "cansei da frase polida/por anjos da cara pálida/ palmeiras batendo palmas/ao passarem paradas / agora eu quero a pedrada/chuva de pedras palavras/distribuindo pauladas"

22h29: "apagar-me/diluir-me/desmanchar-me/até que depois/de mim/de nós/de tudo/não reste mais/que o charme."

23h45: "as coisas estão pretas//uma chuva de estrelas/deixa no papel/esta poça de letras"

23h50: "eu/quando olho nos olhos/sei quando uma pessoa/está por dentro/ou está por fora//quem está por fora/não segura/um olhar que demora"


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