Sherlock Holmes, de Guy Ritchie

Por Pedro Fernandes



Ele é a personagem mais famosa das mais famosas da literatura britânica; criada pelo médico e escritor Arthur Conan Doyle, Sherlock Holmes é um investigador do final do século XIX e início do século XX que aparece pela primeira vez no romance A Study in Scarlet (Um estudo em vermelho) editado e publicado originalmente pela revista Beeton's Christmas Annual, em novembro de 1887. 

Pois, tantos anos mais tarde a personagem deixa novamente as páginas dos livros para ganhar cor e forma nas telas. Em 1922, isso já acontecera em filme; depois em 1970, no filme The private life of Sherlock Holmes; e depois, em 1985, Young Sherlock Holmes.

O Sherlock Holmes de 2010, do diretor Guy Ritchie, é leve, sem aquele peso sisudo e macilento ou sem aquele humor bestial e desleixado de outros filmes do gênero. Tudo isso preservando o perfil (até onde pude ler sobre, afinal nunca li a obra de Doyle) da personagem literária: o da dedução para o desfecho dos casos que investiga. 

O apelo, pelo que observei na crítica ao filme de Ritchie, está na extensa quantidade de cenas de ação. Mas, estamos diante de uma releitura, não de uma mera transposição da obra para as telas, mérito que não vale a pena discorrer agora. Além do que, o cinema do nosso tempo, infelizmente, é o cinema de ação. Estamos à mercê da indústria de Hollywood.

E Holmes não está só, mas ao lado do honorável Sir. Watson. Detalhe: aquele humor bestial que geralmente pertence a esses escudeiros, é transformado aqui no bom tom de adocicada ironia. E é isso o que, particularmente, torna o texto no visual leve e não cansativo.

O caso que dessa vez os une - já numa Inglaterra que nada de interessante no mundo do crime acontece - envolve o tal de um Lorde Blackwood e seus rituais macabros, misto de charlatanismo a fim de ganhar o poder do país para si. O desmantelamento do plano povoado por altas cenas de tirar o fôlego é o que marca toda a trama. 

De resto o toque do filme está no plano visual: a fotografia de uma limpidez sem tamanho e parece reproduzir com certa fidedignidade a Inglaterra do século XIX. É um elemento de destaque, claro está.

É esperar pelos próximos títulos para ver se os acertos desse primeiro filme valerão a pena dizer estarmos ante uma boa releitura do clássico de Doyle.

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