A memória no museu

Fachada do Museu Câmara Cascudo

A direção do Museu Câmara Cascudo, Sônia Othon, critica a falta de interesse dos que trabalham o turismo na cidade para incluir os patrimônios culturais e históricos nos roteiros dos visitantes.“O que se fala é que eles só levam aos locais que pagam comissão”. As palavras da diretora fazem referência ao roteiro montando pelos guias turísticos de Natal.

A falta de “acordo” entre o museu e os guias estaria afastando o público de fora da cidade. A procura que há na instituição por parte dos turistas é apenas espontânea, portanto tímida, e não existe incentivo das agências de turismo ou do poder público para incluir o patrimônio nos roteiros dos visitantes.

Na opinião da diretora, falta vontade política para que o acesso aos museus aconteça, já que a maioria deles é do Governo do Estado. Segundo Sônia Othon, outras instituições também sofrem com a situação. É o caso do Museu de Cultura Popular, a Casa de Câmara Cascudo e até mesmo o Forte dos Reis Magos. “Chegar em Natal e não visitar o Forte é uma falha. Ele foi o primeiro museu do estado”, destacou a diretora.

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A notícia-denúncia apresentada no Portal No Minuto só vem reforçar o descaso do Rio Grande do Norte para com a própria memória. Na verdade, parece que somos o único país no mundo que só interessa mostrar aos de fora as belezas naturais e os luxos de bons hotéis e Resorts enquanto o patrimônio histórico-cultural é posto à margem e às escondidas, dado ao conhecimento apenas daqueles que se aventuram em procurar novidades do tipo quando para vem cá.

Esse descaso eu já havia percebido quando de uma visita a cidade antiga de Natal e tive minha câmera levada por assaltantes, justificando, desde já, que o descaso para com o patrimônio histórico não se resume apenas a não inclusão deste no roteiro turístico, mas é o total abandono para com a segurança e preservação do patrimônio.

Mais certeza a gente tem disso quando visita o Instituto Geográfico ou arquivos como os do Jornal A república ou quando visita corredores de instituições que devem cuidar do patrimônio histórico-cultural do estado. Há por todo lado gente desqualificada na gestão e atendimento do público; há por todo lado uma extensa quantidade de material que se perde à sorte do tempo porque não são acomodadas de forma adequada.

Aliás, grande parte das instituições desse tipo no Brasil serve apenas para abrigar conluios políticos, dado o gritante despreparo das pessoas que lá trabalham em lidar com essas questões. São pessoas totalmente desprovidas de sensibilidade para com a questão. O problema do Museu Câmara Cascudo denunciado é apenas uma gota do grande copo de água que é a questão do descaso para com a memória, a história e a cultura neste estado e neste país.


Comentários

Yuno Silva disse…
fala Pedro, muito bacana seu blog... acabei topando por aqui quando estava procurando novidades sobre os museus.

Deixo meu comentário neste post (com o justificativa da direção do MCC) por acreditar que não se pode aplicar o efeito 'tostines': o museu não tem atrativo pq não tem visitantes ou será que não tem visitante pq o museu não tem atrativos.

Infelizmente a falta de interesse do poder público (inclui aí a própria UFRN) em construir e solidificar a identidade cultural do potiguar é gritante.
Pedro Fernandes disse…
Pois é, Yuno me parece que todos padecem de uma esclerose múltipla para com o caso.

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