Avatar, de James Cameron

Por Pedro Fernandes



Um filme de riqueza visual sem precedentes. O cenário fictício de Pandora, onde se processam as cenas de Avatar, do diretor de Titanic, James Cameron, é a marca central do filme. Não há um enredo muito elaborado; do contrário, é leve, simples e comum - típico de roteiros hollywoodianos para pequenos filmes: a rivalidade entre bem e mal, sem lugares delimitados; um romance que desabrocha do meio para o fim da película; e só.

Mas o que chama atenção no filme além da avalanche visual e também sonora está fora dos efeitos especiais e do caudal de cenas de aventura. Reside no que muitos chamarão de mensagem pedagógica e que eu prefiro chamar de alerta que este filme transmite: num eventual fim de nossa civilização, como cada vez mais se confirma, o grande responsável de tudo é o próprio homem.

Avatar é uma narrativa sobre a descrença na capacidade humana de reversão de seu estágio atual. Num momento em que parte da ciência não acredita mais em salvação para o planeta em que vivemos em busca mesmo outras possibilidades de vida além-Terra, James Cameron, vem mostrar que, na hipótese de que consigamos isso, não deixaríamos, certamente, de repetir os erros que cometemos ao longo dos outros processos de colonização empreitados.

No mais o que este filme vem nos alertar é para o respeito às diferenças, querela tão em voga nos discursos contemporâneos, mas ainda sem chances de concretização; o respeito para com o meio ambiente, outra das querelices em voga; o mal entranhado nessa sociedade capitalista, de um consumismo sem precedentes. Vê-lo é um pequeno passo para ver a crueldade que somos e talvez um pequeno passo para se pensar diferente sobre nossa condição.

O desastre é que o sucesso do filme já motivou o diretor a transformar Avatar numa franquia e, logo, deve pipocar outros enredos mais rocambulescos para dar continuidade ao que não tem fôlego para se sustentar como um longa-metragem, não fosse esse exagero de efeitos visuais e sonoros, apresentados como uma forma de reciclagem do cinema contemporâneo. Sobre a ideia de reciclagem ainda é preferível dizer a verdade: uma estratégia de pegar o público pelo bolso.


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